A Bélgica está nos oitavos-de-final do Europeu 2020 e teve de suar bastante para conseguir o apuramento. Diante de uma notável Dinamarca, os diabos vermelhos viram-se em apuros na primeira parte e melhoraram significativamente com a entrada de Kevin de Bruyne e companhia nos segundos 45 minutos, numa exibição que valeu pela eficácia. De pé caíram os nórdicos, que se encheram de forças para contrariar o poderio do adversário e tentar levar um triunfo em nome de Christian Eriksen, ovacionado no minuto 10.
Para o 10, o minuto 10, para a equipa, 45 minutos de luxo. A Dinamarca entrou com três defesas (linha de cinco no momento defensivo) e duas alterações - Vestergaard por Wind e Damsgaard por Eriksen - e engoliu por completo o adversário - Roberto Martínez colocou Denayer no lugar de Boyata - na primeira parte.
Jogadores da 🇧🇪Bélgica que marcaram em Mundiais e Europeus:
➡Lambert
➡Vanderbergh
➡Vercauteren
➡Grun
➡Ceulemans
➡Eden Hazard
➡Lukaku
➡Batshuayi
➡Meunier
➡De Bruyne pic.twitter.com/vs8QFbxPVS
— playmakerstats (@playmaker_PT) June 17, 2021
Mal Björn Kuipers deu o apito inicial, os dinamarqueses entraram com a corda toda. Uma pressão asfixiante dos avançados e dos médios a condicionar a saída de bola belga que surtiu efeito logo... Aos dois minutos.
Denayer, a única cara nova no onze, errou um passe em zona proibida, Hojberg recebeu e assistiu Poulsen para o 0x1, provocando a explosão de alegria dos muitos dinamarqueses no Parken Stadium.
A forma impressionante como a seleção da casa se superiorizou manteve-se até ao fim. A Bélgica não criou um único lance de perigo e a intensidade imposta pela Dinamarca provocou estragos constantes: perdas de bola, jogadas sem nexo e uma falta gritante de rasgo criativo, faltando, de forma evidente, um jogador para fazer a ligação entre meio-campo e ataque. Suspirava-se por De Bruyne...
Em suma, a formação nórdica encontrou as forças que faltaram no jogo anterior (por motivos óbvios) e esteve sempre perto de ampliar a vantagem. Por sua vez, o futebol também mostrou o seu lado mais bonito quando, ao minuto 10, o estádio aplaudiu de pé Christian Eriksen, vítima de um problema cardíaco na jornada inaugural e que ficou certamente orgulhoso do comportamento dos seus colegas no primeiro tempo.
Completamente atónita e sem reação, a Bélgica nunca conseguiu construir jogo e encontrar-se em campo muito por culpa da postura exemplar do adversário (tanto a atacar como a defender) e voltou aos balneários de mãos a abanar.
A previsível entrada de De Bruyne confirmou-se e o cenário mudou por completo, mesmo que as primeiras sensações - Damsgaard continuava diabólico - fossem semelhantes às da primeira parte.
De Bruyne estreia-se neste Europeu e já fez um 🅰assistência: foi a sua 4.ª em Campeonatos da Europa - fez 3 no Euro 2016
⚠De Bruyne iguala Eden Hazard como jogador da 🇧🇪 com + assistências na competição pic.twitter.com/q8k64xsCNS
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O médio do Manchester City deu, precisamente, o que a Bélgica precisava fruto das suas enormíssimas qualidades. Para além disso, a intensidade demonstrada no período anterior começou a pesar nas pernas dos dinamarqueses, que foram baixando linhas.
Com os diabos vermelhos a crescerem e a encontrarem espaços antes fechados, Kasper Hjulmand optou por fortalecer o meio-campo, retirando poder de fogo e frescura ao ataque... E o rival agradeceu.
Witsel e Eden Hazard também saltaram para dentro de campo e o caos instalou-se, com a Bélgica, a poucos toques, a chegar com frequência à baliza de Schmeichel. Num dos poucos lances que Lukaku bateu os marcadores diretos na profundidade, nasceu o empate magistralmente orquestrado por De Bruyne, que assistiu Thorgan Hazard na cara do golo.
O jogo mais caótico e partido era do agrado dos belgas que a cada ataque provocavam calafrios à desgastada defesa nórdica. Aos 70 minutos, e em mais um ótimo entrosamento coletivo, De Bruyne fez o 1x2 através de um potente remate, confirmando a reviravolta no marcador.
Ainda assim, e mesmo passando por momentos de maior aperto, a Dinamarca não baixou os braços e voltou a criar imensos lances clamorosos de golo antes do apito final - Braithwaite à cabeça -, mas faltou a pontinha de sorte que, ao mesmo tempo, carimbou o apuramento da Bélgica para os oitavos-de-final.
Entrou na segunda parte e foi mais do que a tempo de virar o resultado. Era a peça que faltava numa Bélgica completamente perdida e bem encaminhada para perder o jogo diante de um adversário duro de roer. De Bruyne fez das suas e deu o triunfo à sua equipa, com um golo e uma assistência.
Se durante a primeira parte a Dinamarca banalizou por completo a Bélgica, na segunda, com as cartadas de Roberto Martínez, o desgaste começou a pesar nas pernas. Mas nem por isso a formação nórdica baixou os braços, até porque esteve perto de fazer o 2x2 mais do que uma vez. Prestação sublime!