Mexidas no sistema, perda de rotinas, entrada de novos elementos e perda de pontos. O Sporting já liderou o campeonato com uma margem de conforto assinalável, mas os resultados da última jornada deixaram o FC Porto a apenas quatro pontos dos leões e fizeram soar os alarmes em Alvalade.
Embora Rúben Amorim e os seus jogadores não queiram falar da questão do título, o facto é que esse é o grande objetivo do clube nesta fase da época, até tendo em conta todo o trajeto feito até aqui no campeonato. Em tempos esta parecia uma questão quase resolvida, mas com seis jornadas para o fim e com deslocações ao terreno do Sporting de Braga e do Benfica percebe-se que mais uma vez o campeão será decidido na reta final.
Na segunda metade da época, a equipa de Rúben Amorim já perdeu mais pontos do que em toda a primeira volta. Neste artigo apontamos alguns aspetos do Sporting atual, que podem ter influência para a recente quebra da formação leonina e a reabertura da luta pelo título.
A rigidez tática de Rúben Amorim foi muitas vezes apontada como um dos seus defeitos, mas nas últimas jornadas o treinador leonino fez mudanças para encaixar peças que antes não faziam parte do onze inicial. Falaremos delas adiante, mas comecemos por olhar para a tática.
O 3x4x3 passou a ser um 3x1x4x2, alterando as dinâmicas da equipa leonina, especialmente no aspeto ofensivo. Com esta mudança, o Sporting passou a ter mais um jogador no meio-campo e a dar ainda mais foco ao corredor central, que já era bastante procurado antes da alteração.
Isso levou a que João Mário fizesse alguns jogos como falso extremo do lado esquerdo e Nuno Mendes passou a assumir um papel ainda mais importante. Com isto, Rúben Amorim procurou ter um maior controlo da partida com bola, permitindo menos oportunidades ao adversário.
Apesar da mudança, importa ressalvar a insistência de Rúben Amorim em manter os três centrais, algo que sempre fez, mesmo em situações de desvantagem no marcador.
A nova tática não surgiu por acaso. Rúben Amorim percebeu que os adversário do Sporting estavam a encontrar uma forma de contrariar a equipa e por isso sentiu necessidade de mudar, até porque em janeiro chegou o avançado que o técnico tanto desejava.
Com a nova tática surgiram também novas figuras e consequentemente outras desapareceram. O nome de Paulinho salta imediatamente à vista. O avançado contratado ao Sporting de Braga tem características únicas no plantel leonino e por isso não foi de estranhar que depois de recuperar dos problemas físicos passasse a assumir a titularidade, mas não foi caso único.
Se Pedro Gonçalves, embora com outras funções, continuou no onze (natural tendo em conta o estatuto de melhor marcador do plantel e segundo melhor da Liga), o mesmo não se pode dizer de Nuno Santos. O ex-Rio Ave perdeu espaço e no último mês e meio só foi uma vez titular. Por outro lado, Daniel Bragança tem vindo a ganhar espaço e no mesmo período foi titular em três ocasiões. A partir do banco, destaque para Matheus Nunes, que continua a sair do banco, mas tem vindo a somar menos minutos, deixando de ser uma primeira escolha na hora de mexer.
A todos estes nomes podemos ainda acrescentar o de Matheus Reis. O brasileiro, reforço de verão do Sporting, estreou-se a titular em Faro e manteve esse estatuto, embora neste caso não seja uma questão tática, mas sim pelo facto de Feddal estar a cumprir o período de Ramadão. Ainda assim, destaque para a presença consecutiva em oito encontros, seis deles desde o banco de suplentes.
Uma conjugação de fatores fazem com que este Sporting seja forçosamente diferente do da primeira metade da época. A nível pontual já concluímos que a equipa de Rúben Amorim regrediu, mas tendo em conta a primeira volta do campeonato isso acaba por nem surpreender. A questão que deve ser feita é: E a nível futebolístico?
Se este é um melhor Sporting ou não isso caberá a cada um decidir, até porque os gostos e estilos variam de pessoa para pessoa, mas os números não enganam. A equipa de Rúben Amorim está a criar mais oportunidades e situações de golo, tendo mesmo atingido o máximo de remates na primeira parte de um jogo na última partida com o Belenenses SAD.
A eficácia que tantas vezes foi apelidada de «estrelinha» está a faltar. Nesta fase, a equipa de Rúben Amorim precisa de criar mais para marcar... menos. Se olharmos para os últimos seis jogos dos leões, só no empate (2x2) com o Belenenses SAD é que a formação verde e branca marcou mais do que um golo. Paulinho tem sido apontado como um dos culpados pela quebra goleadora da equipa, mas também tem mérito nas soluções ofensivas que deu a este Sporting, claramente mais perto da baliza do que noutra fase da época. Falta o acerto ou serão outros fatores?
Este talvez seja o tema do momento no que toca ao Sporting. A questão tática e a influência, positiva ou negativa, de Paulinho, também são destaque, mas adeptos e adversários têm vindo a destacar a pressão nesta reta final do campeonato como fator para a equipa leonina estar a perder pontos e a permitir a aproximação do FC Porto, que, por outro lado, não está a vacilar.
Se os leões de Amorim estão a acusar a pressão é difícil saber. Lembrando o que escrevemos atrás, talvez essa pressão possa ser associada à dificuldade para finalizar, mas este não é um fator relacionado diretamente com a juventude do plantel. Se elementos como Coates ou Adán (esquecendo o erro no jogo com o Belenenses SAD) têm vindo a destacar-se, o mesmo pode ser dito dos jovens Gonçalo Inácio e Nuno Mendes, que mantêm um rendimento alto. Por outro lado, há jogadores num momento de menor fulgor - João Mário, o próprio Pedro Gonçalves e sobretudo Pedro Porro têm tido exibições menos conseguidas nos últimos tempos.
Para finalizar, que Sporting iremos ver em Braga? Os sinais dados na reta final do jogo com o Belenenses SAD podem fazer Rúben Amorim voltar um pouco atrás e regressar ao 3x4x3, com Nuno Santos no flanco para dar mais velocidade e verticalidade ao futebol leonino. Com mais quatro pontos do que o FC Porto, o Sporting sabe que ainda pode escorregar e este é, na teoria, um dos jogos mais complicados até ao final da época, mas nova perda de pontos deixaria a equipa de Rúben Amorim numa situação complicada depois de a distância ter estado na casa das dezenas.
0-1 | ||
Matheus Nunes 81' |