O futebol nem sempre é justo e basta olhar de relance para a estatística do encontro para perceber que o Marítimo foi a equipa mais perigosa, principalmente na segunda parte, mas o Belenenses SAD soube sofrer e fez-se valer da sua vantagem conseguida na primeira metade para arrancar um dos triunfos mais importantes de toda a temporada. No fundo, foi preciso estar aflito para, no fim, deixar de o ser.
O dia era de sol no Estádio do Jamor e até o relvado parecia finalmente em bom estado, pelo que estavam reunidas todas as condições para um belo espetáculo de futebol, mas a primeira parte deixou muito a desejar, com muita luta a meio-campo, ritmo nem sempre muito elevado e duas equipas que se iam anulando.
O Marítimo foi a equipa a começar melhor, apesar das várias alterações forçadas no onze em relação à última partida, com Karo e Irmer a ficarem perto do golo. Ainda assim, os insulares nem por isso impressionavam, com as oportunidades a surgirem sempre através de bolas paradas ou da meia distância.
Num desses lances que mostravam as melhorias azuis, Cassierra recebeu com espaço em profundidade, bateu Renê Santos e foi derrubado em falta por Lucas Áfrico, já no interior da grande área. Da linha dos 11 metros, Miguel Cardoso não tremeu e deu vantagem ao Belenenses SAD, que até ficou perto do segundo pouco depois, na melhor jogada de toda a primeira parte, mas o resultado manter-se-ia até ao intervalo.
Claramente insatisfeito com a primeira metade, Júlio Velásquez mudou o esquema para uma espécie de 3x4x3, com Rodrigo Pinho a juntar-se ao ataque formado por Joel Tagueu e Ali Alipour e com Rafik a juntar-se ao meio-campo para oferecer outra criatividade e capacidade de decisão no último terço. E as mudanças surtiram efeito.
O Belenenses SAD já tinha recuado ligeiramente com a entrada de Cafu para o lugar do lesionado Cassierra, no final da primeira metade, mas ainda recuou mais na segunda parte, ficando praticamente limitado ao seu meio-campo. Mesmo assim, já quando nada o fazia prever, muito pelo contrário, numa das únicas saídas dos azuis para o ataque, Francisco Teixeira apareceu em boa posição e sentenciou a partida com um bom golo.
No fim das contas, o Marítimo foi quem mais criou ao longo de todo o jogo, mas acaba derrotado por 2x0 e bem mais aflito do que o Belenenses SAD, que pode ter conseguido uma das vitórias mais importantes da temporada.
O Belenenses SAD é uma das melhores defesas da Primeira Liga. É factual e comprovado pelos números, mas esta tarde essa defesa foi posta à prova lance atrás de lance numa segunda parte sufocante do Marítimo e voltou a passar no teste, muito graças a Kritsyuk. O guardião russo agigantou-se em inúmeras ocasiões e manteve a baliza inviolável, segurando o triunfo azul com uma grande exibição.
É verdade que Kritsyuk esteve em grande forma e que o Marítimo fez por marcar com uma segunda parte de grande nível, mas é igualmente verdade que não se podem desperdiçar tantas oportunidades a este nível - o lance de Rafik é talvez o mais escandaloso. Com outra pontaria, os insulares podiam ter saída do Jamor com os três pontos.
Arbitragem competente de António Nobre que acaba por não ter qualquer influência no resultado final.