Arco do triunfo para salvar monotonia merengue

Muitas baixas devido a lesão, de um lado, uma expulsão que deixou a equipa reduzida a dez por mais de 70 minutos, do outro, e um grande golo para dar a vitória. Foi esta a receita do jogo entre o Real Madrid e a Atalanta, que acabou por cair para o lado espanhol, com um grande golo do lateral Ferland Mendy a dar a vitória aos merengues na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

A atravessar um momento da temporada no que a lesões diz respeito, a turma de Zinedine Zidane viajou até Itália com apenas 13 jogadores da equipa principal disponíveis - Sergio Ramos, Dani Carvajal, Eden Hazard, Valverde e Benzema são alguns dos nomes ausentes -, recorrendo a seis jogadores que jogam, normalmente, pela sua equipa secundária, o Castilla.

Face a essas limitações, foi notória a falta de inspiração ofensiva dos espanhóis, que mesmo com um a mais por mais de 70 minutos tiveram muitas dificuldades para ultrapassar a Atalanta. Isco a falso 9 ainda mexeu na equipa cerca de uma hora, mas no final foi um arco perfeito de Mendy a dar o triundo.

Vermelho encostou italianos

Apenas com Mariano Díaz disponível - assim como o jovem Hugo Duro, que apenas jogou uma vez pela equipa principal - para jogar na frente de ataque, o técnico francês acabou por surpreender os italianos a nível tático e optou por começar a partida sem um ponta-de-lança puro. O jogador escolhido para ocupar esse lugar foi Isco, mas a função do médio espanhol em campo acabou por ser a de arrastar consigo a marcação dos centrais para o miolo, criando espaço nas costas para os extremos - Vinícius e Asensio - cortarem para o meio e criarem desequilíbrios.

O jogo começou muito partido e com a Atalanta mais próxima da baliza merengue, mas esse tal movimento de Isco acabou por ser fundamental à passagem do primeiro quarto de hora. O espanhol baixou para ter bola e permitiu a Mendy cortar para o meio e receber um passe a rasgar. O lateral francês foi travado em falta por Freuler à entrada da área e o árbitro Tobias Stieler expulsou o suíço por considerar que Mendy ia isolado para a baliza.

A expulsão obrigou a Atalanta a baixar as suas linhas e a abdicar de um homem do meio-campo nos processos ofensivos, o que até acabou por retirar espaço de construção ao Real, uma vez que havia mais jogadores da Atalanta atrás da linha da bola e junto à sua grande área quando não tinham bola. Os espanhóis, um pouco à sua imagem, tiveram dificuldades em desbloquear esse aglomerado de jogadores e criaram perigo real apenas um par de vezes (embora tenham dominado por completo a posse de bola face às características do jogo).

A primeira grande ocasião surgiu já nos dez minutos finais da 1ª parte, com Isco a baixar no terreno para ter bola e a arrastar novamente Romero para terrenos mais adiantados. O internacional espanhol fez um túnel à sua «sombra» dos primeiros 45 minutos e encontrou Vinícius Júnior, que acabou a rematar a rasar o poste de Gollini. Depois, já em período de compensação, foi Varane a obrigar o guardião italiano a mostrar os seus reflexos após um cabeceamento à boca da baliza.

Desinspiração e a salvação

Com o regresso dos balneários, a tendência da primeira parte intensificou-se, especialmente no primeiro quarto de hora, com os madrilenos a encostarem por completo os italianos à sua grande área, mas a terem dificuldades a furar a longa muralha de jogadores. Naquela que foi a primeira grande oportunidade dos segundos 45 minutos, Vinícius Júnior falhou uma chance clamorosa a escassos metros da baliza da Atalanta.

Zidane começa a desesperar com a dificuldade em ultrapassar a defesa italiana e antes da hora de jogo desistiu do plano de Isco a Falso 9, retirou Vinícius Júnior de campo e colocou Mariano Díaz. O internacional pela República Domicana trouxe características diferentes ao jogo, com o Real a procurar mais o passe em rotura, mas a deslocação de Isco para a ala retirou imprevisibilidade no meio e facilitou a vida da Atalanta.

O jogo foi avançando e o Real Madrid demonstrava cada vez mais dificuldades em construir jogadas pensadas no último terço, limitando-se a circular entre setores, mas a menos de cinco minutos do tempo regulamentar o golo acabaria mesmo por chegar à «lei do arco». Na sequência de um canto curto batido na esquerda, Mendy recebeu o esférico na zona central, ainda longe da fora da área, e com o seu pior pé, o direito, rematou num arco perfeito para bater por fim Gollini e dar a vitória importante ao Real Madrid. A segunda mão está marcada para 16 de março.