Já tínhamos saudades! A Liga dos Campeões regressou com um grande jogo de futebol, entre Barcelona e PSG. Os parisienses não tiveram Neymar ou Di Maria, mas Mbappé brilhou de tal forma que ofuscou qualquer outra estrela e liderou um triunfo impressionante dos comandados de Pochetino com um hat-trick e constantes desequilíbrios através da sua velocidade e qualidade técnica.
Até foi o Barcelona a marcar primeiro, mas foi uma questão de tempo até ao PSG - mais agressivo, forte na recuperação e rápido a chegar a zonas de finalização - responder e, a partir daí, não houve nada a fazer, com os parisienses a conseguirem uma vantagem confortável para a próxima eliminatória. Veremos se será suficiente...
Um autêntico jogo de xadrez. Foram assim os primeiros minutos em Camp Nou, com a duas equipas a pressionar muito alto à procura de um erro na saída de bola ou de recuperar em zonas subidas para ferir o adversário. A primeira peça movida em falso foi do Barcelona, com uma perda de bola a meio-campo, mas Gana atirou ao lado, na primeira de muitas oportunidades para os dois lados.
Uma das formas de contornar a pressão alta passava por explorar a profundidade com lançamentos longos e foi num desses lances que De Jong acabou derrubado na grande área, permitindo depois a Messi abrir a contagem da linha dos onze metros, numa altura em que o domínio estava muito repartido.
O golo sofrido fez bem ao PSG, que respondeu com tudo e, depois de um susto que Dembele não aproveitou, demorou apenas três minutos a restabelecer a igualdade, com o génio de Mbappé a finalizar um lance coletivo espetacular que começou em Marquinhos e passou ainda por Kurzawa e Verratti. Os parisienses, mais agressivos, continuaram por cima até ao final da primeira parte, com Kurzawa, Kean e Icardi a ameaçarem o golo, mas o marcador não voltaria a mexer até ao final de uma primeira parte de grande nível.
A primeira parte terminou com o PSG por cima e assim começou também a segunda metade, agora com Herrera no lugar do amarelado Gana. O endiabrado Mbappé assustou Ter Stegen logo a abrir e, pouco depois, foi Moise Kean, uma das surpresas no onze, a obrigar o alemão a (mais) uma grande intervenção.
Do outro lado, o Barcelona ia revelando dificuldades perante as linhas muito juntas dos franceses, que raramente permitiam o jogo entre linhas que os pupilos de Koeman tanto gostam, e, com isso, não deixavam que os blaugrana crescessem no jogo. Já depois de uma fase mais calma (não foram muitas), Paredes despertou o jogo com um grande passe para Florenzi, que cruzou rasteiro para o bis de Mbappé. Estava consumada a reviravolta!
Já com Trincão e Danilo Pereira em campo, o Barcelona procurava agora pressionar mais alto para tentar reduzir a desvantagem, mas o melhor que conseguiram foi um remate de Navas que acertou em Griezmann e saiu a rasar o poste. Mas pior do que as cada vez mais habituais dificuldades do Barcelona em organização ofensiva, foi o espaço que ficou em aberto na defesa e que Draxler aproveitou na perfeição, conduzindo um contragolpe que Mbappé (quem mais?) finalizou da melhor forma e sentenciou a partida.
Foi a cereja no topo do bolo, tanto para o PSG, que conseguiu um triunfo categórico em Camp Nou, como para Mbappé, que chegou ao hat-trick e, aos 22 anos, vai brilhando como poucos nos principais palcos do futebol mundial.
Podíamos destacar o grande jogo de futebol, a bela exibição do PSG ou a estratégia de Pochettino, mas é impossível fugir aos 90 minutos de pura magia de Kylian Mbappé. É impressionante pensar que tem apenas 22 anos! Sendo certo que terá muitas grandes exibições daqui para a frente, é também certo que dificilmente se vai esquecer do dia em que tomou de assalto Camp Nou com um hat-trick.
O equilíbrio que se fez sentir na primeira parte esbateu-se com o passar do relógio e depois do PSG «arrancar», o Barcelona nunca mais o conseguiu apanhar. E se Koeman dificilmente pode controlar os erros de Dest ou Lenglet, tem certamente mais culpas nas dificuldades que os blaugrana demonstraram em ataque organizado na tentativa de reduzir a desvantagem, acabando mesmo por sofrer o 1x4.
Boa arbitragem de Björn Kuipers, que não foi protagonista e soube liderar a partida. Nos dois lances capitais do encontro - o penálti sobre De Jong e uma eventual mão na grande área parisiense - decidiu bem.