«O mais importante é tentar inspirar pessoas para que elas possam ser grandes, no que quer que queiram fazer», Kobe Bryant sobre o seu trabalho após a retirada da NBA.
Há poucos jogadores que podem ser colocados no mesmo patamar de Michael Jordan, no que diz respeito a ser o melhor jogador de basquetebol de sempre. Mas, um deles, sem qualquer sombra de dúvida, é Kobe Bryant. O falecido base tornou-se, ao longo de 20 anos de carreira, uma lenda por direito próprio e isso é visível no facto de ser dos poucos que é conhecido apenas pelo primeiro nome, Kobe.
Voltou aos EUA aos 13 anos e rapidamente se começou a afirmar na cena do basquetebol do secundário. Nos seus anos de liceu, apresentou médias de 31,1 pontos, batendo recordes que pertenciam a jogadores como Wilt Chamberlain ou Michael Jordan. Por isso, não foi uma grande surpresa quando, em 1996, aos 17 anos, Kobe anunciou que não ia seguir o tradicional rumo universitário e que ia passar diretamente para a NBA, seguindo as pisadas de Kevin Garnett, que tinha feito o mesmo em 1995.
Bryant estava então pronto para o draft e, como adepto que era dos Lakers, decidiu que queria fazer tudo para tentar jogar na equipa de Los Angeles. Reza a lenda que Kobe foi fazer um treino pré-draft aos Lakers e Jerry West, então GM da equipa e um dos maiores jogadores de sempre (é o jogador que está no logo da NBA) ficou tão impressionado com a facilidade com que este jovem destruiu jogadores profissionais que decidiu naquele momento que a equipa tinha de o escolher no draft.
Assim aconteceu e, depois de algumas manobras de Kobe e dos Lakers, acabou mesmo por chegar a LA, apesar de ter sido escolhido na 13ª posição do draft pelos Hornets. E chegava à equipa dourada numa altura em que também Shaquille O'Neal, um dos melhores jogadores da altura, assinava. Foi o início da fase Kobe-Shaq.
Os primeiros anos da dupla não foram brilhantes. Kobe era apenas um jovem e na primeira presença nos playoff acabou por ser ele a fazer três airballs na eliminação perante os Utah Jazz.
Seguiram-se mais duas épocas de afirmação, até que, em 99/00, já estabelecido como uma superestrela, chegou o primeiro de três títulos de campeão. Juntamente com a melhor fase de Shaquille O'Neal, os LA Lakers fizeram o que mais nenhuma equipa conseguiu fazer até ao momento: conquistar o título de campeão da NBA por três vezes seguidas, batendo os Indiana Pacers, os Philadelphia 76ers e os New Jersey Nets. Nesses três anos, Kobe apresentou médias pontuais de 22,5, 28,5 e 25,2.
Pelo meio, começaram as «guerras» com Shaq sobre quem era o líder da equipa. Pequenos comentários feitos nos media e algumas discussões em treinos foram fazendo escalar «a luta» entre os dois.
Por isso, quando a equipa foi eliminada pelos Spurs nos playoff de 2003, a época 03/04 era uma espécie de derradeira tentativa para voltar a colocar os Lakers no topo, mas tudo correu mal. A Kobe e a Shaq juntaram-se Karl Malone e Gary Payton e estava formada uma «SuperTeam». O problema foi que a época começou de forma atribulada para Kobe, que, no verão de 2003, foi acusado de violar uma jovem de 19 anos.
Ora, juntando caso judicial à derrota pesada dos Lakers na final da temporada contra os Pistons, estava montado o cenário para o fim da era Kobe/Shaq. Os Lakers optaram por manter o base e trocaram o poste para Miami.
Apesar das marcas individuais, percebia-se que os Lakers estavam ainda à procura de mais uma peça para juntar a Kobe. Essa peça acabou por se chamar Pau Gasol. O poste espanhol juntou-se aos Lakers em fevereiro de 2008 e imediatamente colocou Kobe Bryant e companhia na corrida para serem campeões.
Seguiram-se mais três finais seguidas (2008, 2009 e 2010) com títulos nas duas últimas. Antes disso, a temporada 2007/2008 valeu também o único título de MVP da carreira de Kobe Bryant, depois de, por vários anos anteriores, se ter dito que ao base lhe fora «roubado» o prémio. As vitórias nas finais contra os Magic e contra os Celtics foram as últimas presenças de Kobe Bryant em finais da NBA.
Seguiram-se dois anos de eliminações precoces nos playoff, antes de uma última tentativa em 2012/2013. Os Lakers juntaram o poste Dwight Howard e o veterano Steve Nash à equipa, formando uma nova «SuperTeam». Vários problemas de lesões afetaram a equipa e, já perto do fim, o próprio Kobe sofreu uma rotura no tendão de aquiles do tornozelo direito, terminando a época antes dos playoff e, especialmente, a sua carreira ao mais alto nível.
Após essa lesão, seguiram-se mais três temporadas fustigadas por problemas, por derrotas e apenas com fogachos daquilo que era o base. Pelo meio, ainda ultrapassou o ídolo Michael Jordan, tornando-se, por alguns anos o 3º melhor marcador da história da NBA, entretanto ultrapassado por Lebron James. Esses últimos anos foram uma espécie de torné de despedida, com os colegas, adversários e adeptos a homenagearem constantemente o base.
A retirada veio no final da temporada 2015/2016 e, no último jogo, uma última página de ouro. Contra os Utah Jazz, Kobe marcou 60 pontos e despediu-se dos pavilhões com uma das exibições mais marcantes da carreira.
Após se ter despedido da NBA, Kobe embarcou em várias atividades extra-basquetebol, mas também ligadas à modalidade. Criou uma empresa de produção de conteúdos infantis, com livros, histórias, podcasts e ainda fundou a Mamba Academy, onde vários jovens e até jogadores da NBA iam treinar. Pelo meio, ainda ganhou um Óscar, com a curta-metragem Dear Basketball, ao transportar o poema que escreveu para anunciar a sua retirada do basquetebol, numa curta de animação.
No pico da vida extra basquetebol, no dia 28 de janeiro de 2020, com 41 anos, uma trágico acidente de helicóptero retirou a vida ao antigo desportista, à filha de 13 anos, e ainda a mais sete pessoas. Os meses seguintes à sua morte foram de constantes homenagens a Kobe Bryant, com um dos grandes destaques a ser feita pela própria NBA. O prémio de MVP dos jogos All-Star foi renomeado e passou a chamar-se All-Star Kobe Bryant Game Most Valuable Player.
Kobe Bryant foi o Michael Jordan da posterior geração da NBA e vai para sempre ser recordado como um dos basquetebolistas e desportistas mais carismáticos e influentes da história.
Rest in Peace Mamba!