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    Kobe Bryant: O Black Mamba

    Texto por Igor Gonçalves
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    «O mais  importante é tentar inspirar pessoas para que elas possam ser grandes, no que quer que queiram fazer», Kobe Bryant sobre o seu trabalho após a retirada da NBA. 

    Há poucos jogadores que podem ser colocados no mesmo patamar de Michael Jordan, no que diz respeito a ser o melhor jogador de basquetebol de sempre. Mas, um deles, sem qualquer sombra de dúvida, é Kobe Bryant. O falecido base tornou-se, ao longo de 20 anos de carreira, uma lenda por direito próprio e isso é visível no facto de ser dos poucos que é conhecido apenas pelo primeiro nome, Kobe. 

    Chegar à NBA vindo do liceu e fazer um three peat

     

    @Getty /
    Kobe Bean Bryant nasceu a 23 de agosto de 1978 em Philadelphia, nos EUA. Filho de Joe Bryant, também ele antigo jogador da NBA, aos seis anos foi viver para Itália, quando o pai foi contratado para jogar no basquetebol italiano. Foi naquele país que começou a aperfeiçoar as suas qualidades no desporto. 

    Voltou aos EUA aos 13 anos e rapidamente se começou a afirmar na cena do basquetebol do secundário. Nos seus anos de liceu, apresentou médias de 31,1 pontos, batendo recordes que pertenciam a jogadores como Wilt Chamberlain ou Michael Jordan. Por isso, não foi uma grande surpresa quando, em 1996, aos 17 anos, Kobe anunciou que não ia seguir o tradicional rumo universitário e que ia passar diretamente para a NBA, seguindo as pisadas de Kevin Garnett, que tinha feito o mesmo em 1995.

    Bryant estava então pronto para o draft e, como adepto que era dos Lakers, decidiu que queria fazer tudo para tentar jogar na equipa de Los Angeles. Reza a lenda que Kobe foi fazer um treino pré-draft aos Lakers e Jerry West, então GM da equipa e um dos maiores jogadores de sempre (é o jogador que está no logo da NBA) ficou tão impressionado com a facilidade com que este jovem destruiu jogadores profissionais que decidiu naquele momento que a equipa tinha de o escolher no draft. 

    Assim aconteceu e, depois de algumas manobras de Kobe e dos Lakers, acabou mesmo por chegar a LA, apesar de ter sido escolhido na 13ª posição do draft pelos Hornets. E chegava à equipa dourada numa altura em que também Shaquille O'Neal, um dos melhores jogadores da altura, assinava. Foi o início da fase Kobe-Shaq. 

    Os primeiros anos da dupla não foram brilhantes. Kobe era apenas um jovem e na primeira presença nos playoff acabou por ser ele a fazer três airballs na eliminação perante os Utah Jazz. 

    Seguiram-se mais duas épocas de afirmação, até que, em 99/00, já estabelecido como uma superestrela, chegou o primeiro de três títulos de campeão. Juntamente com a melhor fase de Shaquille O'Neal, os LA Lakers fizeram o que mais nenhuma equipa conseguiu fazer até ao momento: conquistar o título de campeão da NBA por três vezes seguidas, batendo os Indiana Pacers, os Philadelphia 76ers e os New Jersey Nets. Nesses três anos, Kobe apresentou médias pontuais de 22,5, 28,5 e 25,2. 

    Pelo meio, começaram as «guerras» com Shaq sobre quem era o líder da equipa. Pequenos comentários feitos nos media e algumas discussões em treinos foram fazendo escalar «a luta» entre os dois. 

    Por isso, quando a equipa foi eliminada pelos Spurs nos playoff de 2003, a época 03/04 era uma espécie de derradeira tentativa para voltar a colocar os Lakers no topo, mas tudo correu mal. A Kobe e a Shaq juntaram-se Karl Malone e Gary Payton e estava formada uma «SuperTeam». O problema foi que a época começou de forma atribulada para Kobe, que, no verão de 2003, foi acusado de violar uma jovem de 19 anos.

    O caso judicial e o adeus da dupla Kobe-Shaq

     

    @Getty /
    O envolvimento entre os dois aconteceu a 1 de julho e, pouco dias depois, Bryant estava a ser detido para interrogatório. O jogador acabou por confirmar o envolvimento com a jovem, mas negou sempre a violação. O certo é que o caso pesou na época dos Lakers. O julgamento obrigou o base a viajar constantemente para o Colorado, voltando depois a LA para os jogos dos Lakers. Já perto do fim, as duas partes chegaram a acordo fora dos tribunais, sendo que Bryant pagou uma indemnização à jovem e ambos assinaram um acordo de confidencialidade.

    Ora, juntando caso judicial à derrota pesada dos Lakers na final da temporada contra os Pistons, estava montado o cenário para o fim da era Kobe/Shaq. Os Lakers optaram por manter o base e trocaram o poste para Miami.

    @Getty /
    Seguiram-se depois os anos de maior domínio individual de Kobe Bryant, ainda que sem equipa para lutar pelo título. Foi entre 2004 e 2008 que apareceram as melhores marcas individuais do Black Mamba. Aos títulos de melhor marcador da Liga em 2006 e 2007 juntavam-se jogos loucos. Um deles aconteceu em dezembro de 2005, quando o base marcou 62 pontos em três períodos, contra os 61 de toda a equipa de Dallas. Porém, o grande momento individual da carreira de Kobe veio no dia 22 de janeiro de 2006:contra os Toronto Raptors, o base fez 81 pontos, ajudando a sua equipa a ganhar uma partida equilibrada. Essa marca é, ainda hoje, a segunda maior da história da Liga, apenas ultrapassada pelos 100 pontos de Wilt Chamberlain.

    Novo ataque aos títulos antes da lesão

     

    Apesar das marcas individuais, percebia-se que os Lakers estavam ainda à procura de mais uma peça para juntar a Kobe. Essa peça acabou por se chamar Pau Gasol. O poste espanhol juntou-se aos Lakers em fevereiro de 2008 e imediatamente colocou Kobe Bryant e companhia na corrida para serem campeões. 

    Seguiram-se mais três finais seguidas (2008, 2009 e 2010) com títulos nas duas últimas. Antes disso, a temporada 2007/2008 valeu também o único título de MVP da carreira de Kobe Bryant, depois de, por vários anos anteriores, se ter dito que ao base lhe fora «roubado» o prémio. As vitórias nas finais contra os Magic e contra os Celtics foram as últimas presenças de Kobe Bryant em finais da NBA. 

    Seguiram-se dois anos de eliminações precoces nos playoff, antes de uma última tentativa em 2012/2013. Os Lakers juntaram o poste Dwight Howard e o veterano Steve Nash à equipa, formando uma nova «SuperTeam». Vários problemas de lesões afetaram a equipa e, já perto do fim, o próprio Kobe sofreu uma rotura no tendão de aquiles do tornozelo direito, terminando a época antes dos playoff e, especialmente, a sua carreira ao mais alto nível.

    Após essa lesão, seguiram-se mais três temporadas fustigadas por problemas, por derrotas e apenas com fogachos daquilo que era o base. Pelo meio, ainda ultrapassou o ídolo Michael Jordan, tornando-se, por alguns anos o 3º melhor marcador da história da NBA, entretanto ultrapassado por Lebron James. Esses últimos anos foram uma espécie de torné de despedida, com os colegas, adversários e adeptos a homenagearem constantemente o base. 

    A retirada veio no final da temporada 2015/2016 e, no último jogo, uma última página de ouro. Contra os Utah Jazz, Kobe marcou 60 pontos e despediu-se dos pavilhões com uma das exibições mais marcantes da carreira.

    @Getty /
    Nota também para o plano internacional. Kobe fez parte de duas Dream Teams dos EUA que venceram duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 2008 e 2012. Capitaneando equipas com jogadores como Lebron James, Wade, Carmelo Anthony ou Kevin Durant, Kobe tornou-se também uma lenda ao serviço dos EUA.

    Pós-NBA com um Óscar antes da tragédia

     

    Após se ter despedido da NBA, Kobe embarcou em várias atividades extra-basquetebol, mas também ligadas à modalidade. Criou uma empresa de produção de conteúdos infantis, com livros, histórias, podcasts e ainda fundou a Mamba Academy, onde vários jovens e até jogadores da NBA iam treinar. Pelo meio, ainda ganhou um Óscar, com a curta-metragem Dear Basketball, ao transportar o poema que escreveu para anunciar a sua retirada do basquetebol, numa curta de animação. 

    No pico da vida extra basquetebol, no dia 28 de janeiro de 2020, com 41 anos, uma trágico acidente de helicóptero retirou a vida ao antigo desportista, à filha de 13 anos, e ainda a mais sete pessoas. Os meses seguintes à sua morte foram de constantes homenagens a Kobe Bryant, com um dos grandes destaques a ser feita pela própria NBA. O prémio de MVP dos jogos All-Star foi renomeado e passou a chamar-se All-Star Kobe Bryant Game Most Valuable Player.

    Kobe Bryant foi o Michael Jordan da posterior geração da NBA e vai para sempre ser recordado como um dos basquetebolistas e desportistas mais carismáticos e influentes da história. 

    Rest in Peace Mamba!

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    Comentários

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    motivo:
    Black Mamba
    2020-08-26 01h44m por CrookSoul
    Conheci a NBA através deste senhor, o resto é história. . :')

    Kobe
    2020-08-24 08h22m por hugo_5
    Grande, para mim o melhor!!
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