Está fechado o lote de equipas apuradas para os quartos de final da Taça de Portugal, com muito sofrimento à mistura. Num jogo onde faltou inspiração coletiva, o Gil Vicente esteve por duas vezes em desvantagem, mas, no prolongamento, acabou por conseguir bater o Académico de Viseu (3x2) e marcar encontro com o FC Porto na próxima fase da prova.
A missão foi cumprida pelo conjunto de Barcelos, num jogo onde a equipa teve de lutar muito para bater um organizado adversário, que lutou bastante apesar das limitações nas opções. Desta forma, os Viriatos não conseguiram repetir a chegada às meias-finais da última época, mas saem do Minho com uma sólida exibição, olhando para as diferenças de valores entre as equipas.
Para desalento de Ricardo Soares, o Gil Vicente não teve uma boa entrada no jogo, apesar do técnico não promover grande rotação para a partida. O Académico de Viseu era a equipa mais agressiva em campo e acumulava duelos ganhos. No primeiro lance bem trabalhado pelos visitantes, o experiente Diogo Santos segurou a bola em zona perigosa e, perante alguma apatia adversária, serviu o lateral Tiago Mesquita, que atirou - a bola ainda desviou em Rodrigão - para o 0x1.
Parece certo que os Galos não queriam sofrer, mas este lance serviu para acordar a turma Gilista, que começou a ganhar o meio-campo e ter mais presença em áreas atacantes. Já depois de alguns lances perigosos de Lourency, o iraquiano Alaa Abbas deu o primeiro ar da sua graça desde a chegada a Portugal: trabalhou bem e atirou para o empate, num belo gesto técnico na resposta a um cruzamento de Joel Pereira.
Apesar da maior toada atacante do Gil Vicente, a definição continuava a ser um problema para o emblema da Liga NOS. Quando a equipa conseguia derrubar a sólida dupla Diogo Santos e Kelvin Medina no centro do terreno, falhava passes para os seus avançados. O Académico de Viseu, solidário em todos os aspetos do jogo, conseguiu levar a eliminatória em aberto para o descanso.
Ao contrário do primeiro tempo, os homens de Barcelos apareceram agressivos no reatamento do duelo e controlaram a bola. Porém, a hesitação continuou a afetar o seu jogo, com vários lances prometedores a terminarem em passes falhados. Atento ao domínio adversário, Pedro Duarte procurou reforçar a sua equipa do banco, enquanto Ricardo Soares lançou Lucas Mineiro e Fujimoto na procura de mais inspiração ofensiva.
Numa altura em que começavam a pairar os primeiros sinais de prolongamento, o Académico de Viseu voltou a revelar instinto matador. Após lance rápido e um cruzamento atrasado, a bola sobrou para Paná, que, num remate colocado, voltou a colocar os Viriatos em vantagem. Um tento contra a corrente do encontro, mas que não abalou a vontade gilista de seguir em frente na prova.
Momentos mais tarde, Ygor Nogueira cabeceou à barra depois de um canto e, o improvável Talocha, aproveitou a recarga para empatar novamente as contas, algo justo para o que estava a acontecer em Barcelos. Este tento animou a armada gilista, com Nogueira - grande defesa de Ricardo Janota - e Talocha a estarem perto da reviravolta, mas a resistência de Viseu levou a decisão para o tempo extra.
No prolongamento, notou-se uma grande quebra física dos visitantes, que foi aproveitada pelo Gil Vicente para selar o apuramento. Claude Gonçalves recebeu um passe no espaço e fez um chapéu a Ricardo Janota, com Samuel Lino, na sequência, a ganhar o duelo aéreo ao jovem Filipe Soares e a cabecear para o golo, num duro golpe nas aspirações do Académico Viseu.
Samuel Lino teve mesmo a oportunidade de fechar o apuramento, no entanto, atirou para fora após ultrapassar o guardião adversário.
Num jogo com poucas oportunidades, ambos os conjuntos revelaram grande eficácia e os golos acabaram por animar a partida, que nem foi muito bem disputada. A maior força gilista acabou por fazer a diferença na reta final.
Os homens de Viseu fizeram o mais difícil e estiveram por duas vezes em vantagem, mas não conseguiram segurar o resultado e revelaram pouca capacidade para controlar o duelo com bola. Após o 2x2, em especial, sentiu-se uma grande quebra na equipa de Pedro Duarte.
Ficam dúvidas sobre uma saída de Ricardo Janota no primeiro tempo e uma eventual expulsão de Tiago Mesquita. Apresentou critério largo e o jogo foi intenso graças a isso.