Após o apuramento na Liga dos Campeões e antes da visita à Grécia a fechar a fase de grupos, o FC Porto somou os exigidos três pontos contra o Tondela, mas teve vida bem difícil contra uma equipa que marcou três golos pela primeira vez na época, logo em pleno Dragão. Os azuis-e-brancos tiveram diversos avisos ao longo do jogo, tanto em forma de golos como de uma expulsão, mas a custo conseguiram reduzir distâncias para o líder Sporting.
Dois jogadores bisaram - Moussa Marega e Mario González -, houve também o terceiro golo de Taremi na época e os segundos de Zaidu e Rafael Barbosa. Houve ainda expulsão de Uribe e, no fim, ganhou quem teve um pouco mais de poder de fogo no meio de uma valente batalha.
O Tondela volta para casa sem pontos, mesmo tendo conseguido estar em vantagem no jogo e depois de ter sido uma das equipas que mais golos marcaram ao FC Porto nesta temporada.
Com Jesús Corona condicionado - entraria só para os últimos minutos -, Sérgio Conceição apostou em algo de novo, que até tinha sido discutido na conferência de imprensa de antevisão: a dupla Taremi-Marega no onze. Um «mais refinado», um «capaz de abrir espaços», como o treinador dissera, e nesse aspeto este novo ataque cumpriu.
Os problemas foram lá atrás, também por mérito de um super-eficaz Tondela no futebol direto, com notáveis três golos marcados em apenas cinco remates em todo o jogo. Os beirões podiam ter uma linha de cinco na defesa, mas sabiam bem o que fazer para apanhar os dragões em contrapé, mesmo sem uma das referências ofensivas, o castigado Salvador Agra.
Os dragões arrancaram bem no primeiro tempo, como fariam também no segundo, até com mais eficácia. Zaidu, um dos portistas que mais têm dado nas vistas na Europa, mostrou-se em casa e mostrou de novo que sabe quando pode e deve aparecer na grande área adversária, respondendo ao arranque de Taremi e à assistência de Otávio.
Tudo ficava difícil bem cedo para a equipa de Pako Ayestarán, podia ter ficado mais difícil ainda se Marega não tivesse falhado um golo cantado (a redenção chegaria), mas os beirões não se deixaram abater por um golo tão precoce, mantiveram o plano de jogo e espreitou as falhas que surgiram.
Na primeira de várias transições venenosas, a aproveitar uma perda de bola de Sérgio Oliveira, Mario González combinou com Rafael Barbosa e isolou-se perante um impotente Marchesín, desta vez sem conseguir replicar o brilho que trazia da Champions. Beneficiando de um dragão que se deixou afetar pelo golo do empate, o Tondela conseguiu até a reviravolta num lance com iniciativa determinante do defesa Enzo Martínez, que foi até ao fundo e cruzou largo até para lá do segundo poste onde, sem ângulo de remate, Rafael Barbosa atirou uma bola que Marchesín não soube afastar da baliza.
O FC Porto estava mais do que avisado, corria até atrás do resultado, e respondeu de imediato com uma bola picada por Marega perante o guardião, na sequência de um pontapé de canto, deixando tudo em aberto para a segunda parte e podendo procurar o clique ao intervalo.
Depois dessa primeira parte com quatro golos no total, dois deles do Tondela, o FC Porto voltou a entrar com tudo para evitar surpresas, e esse arranque foi mesmo a todo o gás. Moussa Marega marcou de novo, bisando como tinha feito contra o Boavista em setembro (a última vez que tinha marcado na Liga) e com Otávio a somar a sua segunda assistência na partida.
Mehdi Taremi também entrou na lista de marcadores respondendo a um grande trabalho de Uribe e o FC Porto só não foi da desvantagem à goleada nessa fase porque Sérgio Oliveira falhou uma série de ocasiões de ouro perante Niasse.
Ainda assim, os dois golos pareciam dar algum conforto, o FC Porto parecia ter encontrado a estabilidade no jogo... mas nada disso. O Tondela ainda reduziu no segundo do espanhol Mario González, numa grande incursão para cabeceamento, e chegou a andar muito perto do empate a quatro depois de Uribe ter sido expulso, já perto do final. Uma bola de Khacef deixou a baliza de Marchesín (e talvez o próprio Marchesín) a tremer.
Foi duro, muito duro, mas os dragões de Conceição aguentaram essa investida final de um bravo Tondela e reduziram para quatro os pontos de desvantagem em relação ao atual líder Sporting.
Foram sete no total e para isso muito contribuiu um super-eficaz Tondela, que fez deste encontro parecer o melhor dos clássicos no futebol português. Moussa Marega e Mario González foram as grandes figuras neste aspeto, ambos com dois golos apontados.
Marchesín não esteve nos seus melhores dias, mas toda a defesa portista (em particular a zona central) esteve abaixo das capacidades na resposta aos ataques diretos do Tondela.