Um pedaço de Magia Tricolor: 30 anos depois, o Estrela está vivo e recomenda-se

Não tem sido um reerguer fácil, mas o Estrela da Amadora ainda não se cansou de lutar por um regresso à Primeira Liga, palcos que pisou durante vários anos e que espera pisar dentro de poucos. Antes desse momento tão aguardado, o Estádio José Gomes viveu um vislumbre de outros tempos e foi com o acompanhamento de fogo de artifício que se festejou o triunfo (2x0) sobre o Farense e a inesperada qualificação para a fase seguinte da Taça de Portugal.

Os tempos são outros, mas curiosamente repetiu-se o resultado que permitiu ao Estrela a grande conquista da sua história, a Taça de Portugal, precisamente diante do adversário que na passada quinta-feira caiu na Amadora. O Farense voltou a sucumbir aos pés tricolores, perante um plantel jovem, que ainda não perdeu esta época e que em certa parte desconhia os feitos vividos pelo emblema da Reboleira.

Na Amadora, o dia era de sol e antes do início da partida, a uma hora a fazer lembrar também outros tempos de futebol, os jogadores concentraram-se no balneário para a palestra de Rui Santos. O nome do técnico pode passar despercebido ao comum do adepto, mas se lhe falarmos da história eliminação do Vitória SC, ainda na época passada, diante do Sintra Football, provavelmente consegue lembrar-se. Rui Santos era o treinador da formação do Campeonato de Portugal.

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O técnico que chegou a trabalhar com Fernando Santos na seleção nacional estava obviamente satisfeito por mais um feito, mas no final da partida admitiu o sabor especial por ter ajudado o Estrela a dar mais um passo na direção certa. Quanto à tal palestra que mencionámos no parágrafo anterior, Rui Santos reconheceu que parte foi feita com recurso a vídeo. Não um vídeo do adversário, não um vídeo deste Estrela, mas sim o vídeo do Estrela que em 1990 conquistou a Taça de Portugal.

No plantel, apenas Filipe Leão e Diego Zaporo eram nascidos quando o Estrela de João Alves derrotou o Farense com os golos de Paulo Bento e Ricardo Lopes. Era provável que todo o plantel soubesse o resultado e a conquista da Taça de Portugal, provavelmente até os autores do golo, mas poucos sabiam o que era o Estrela nessa altura.

Sem tirar o foco da exigência do duelo contra uma equipa da Primeira Liga, Rui Santos fez o Estrela regressar ao passado (curiosamente o título da nossa crónica) e mostrou aos seus jogadores a festa vivida nesse dia no trajeto entre o Jamor e a Amadora e a multidão que rondou o Estádio José Gomes para festejar um título histórico.

Um momento que o Estrela não voltou a viver, mas que mostrou aos jogadores deste Estrela, o Club Football, que o Estrela da Amadora é um dos grandes do futebol português e que por isso consegue bater outro grande. O histórico do Farense é de respeito, mas quem conhece este clube sabe que não é fácil passar na Reboleira. Uma vez mais, os algarvios voltaram a cair e no fim foi o próprio Rui Santos a ficar «em despesas» depois de ter prometido uma jantarada à equipa técnica. 

Ainda se falou no Jamor - Rui Santos termina a carreira caso conquiste a Taça de Portugal -, mas por agora aquele fogo de artifício é suficiente para fazer lembrar a todos que o Estrela está vivo e recomenda-se.