Resultado incontestável, apuramento claro, mas um jogo... de sensações mistas. O SC Braga foi a Atenas carimbar a passagem aos 16-avos-de-final da Liga Europa com um triunfo por 2x4, onde conseguiu produzir momentos de bom futebol e outros tantos preocupantes, acima de tudo na primeira parte. O AEK, com uma segunda linha, importunou os arsenalistas na primeira parte e acusou em demasia o 1x3 sofrido em cima do intervalo, perdendo toda a esperança de seguir em frente na competição.
Falar de um jogo atípico é falar e olhar para a primeira parte em Atenas. Uma entrada de gverreiros, brilhantes sensações iniciais e desilusão logo de seguida, quando nada o faria prever. Tudo estranhíssimo. Inicialmente, o SC Braga nem precisou de fazer muito. Aliás, bastou imprimir mais velocidade e chocar o adversário com dois golos de rajada, que fizeram sorrir Carvalhal e o mundo arsenalista. Mas depois...
Pela 2.ª época consecutiva, o SC Braga está na fase a eliminar da Liga Europa
SC Braga a ultrapassar a fase de grupos da Taça UEFA/Liga Europa:
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— playmakerstats (@playmaker_PT) December 3, 2020
É fácil de perceber o porquê de tanta estranheza: Tormena apareceu sozinho na sequência de um canto para inaugurar o marcador, Esgaio finalizou uma notável jogada individual de Galeno - o guardião contrário também tem culpa - e, aos 10 minutos, parte da sentença parecia dada. Afinal, mais parecia um atestado de superioridade às muitas poupanças efetuadas por um AEK mais preocupado com o seu campeonato.
O problema é que os problemas surgiram com uma facilidade incrível, tal como os golos marcados. Bastou, por isso, à turma grega subir linhas, pressionar mais e acelerar o ritmo para conseguir criar três oportunidades flagrantes, tendo o português Nélson Oliveira, de forma escandalosa, desperdiçado a principal.
O Braga caiu e mudou o chip por completo. Passou a ser uma equipa apática, sonolenta e permeável na defesa, tanto que o avançado formado no Benfica acabou por se redimir na sequência de um erro clamoroso de Tormena. E essa insegurança durou largos minutos porque a pressão deixou de ser bem feita, a intensidade dos duelos começou a ser demasiado baixa e o AEK aproveitou para ameaçar e insistir no empate.
A qualidade foi baixando e, já numa altura de menor aflição, Horta deu a serenidade e a tranquilidade desejadas, desferindo, com muita felicidade, um remate enrolado que traiu Tsintotas antes do intervalo. Aí, Galeno voltou a fazer gato sapato de Bakakis...
Ainda que menos chocante e com dose muito menor de adrenalina, o segundo tempo não deixou de ser esquisito. Se o Braga fez o que lhe competia e aproveitou para gerir, o AEK pouco ou nada fez (ou conseguiu) para mudar o rumo, acusando em demasia o 1x3.
Já com a artilharia pesada (Tankovic e Ansarifar) em campo, o AEK só a espaços apareceu para importunar o Braga que, também pontualmente, ia ameaçando a baliza de Tsitotas.
Perto do fim, Horta esteve perto do bis, Vasilantonopoulos reduziu, mas a noite acabou por ser de Galeno que, às duas assistências assinaláveis, juntou um golaço formidável para carimbar o apuramento e dar uma bonita memória do jogo 100 bracarense na Liga Europa.
Com a cabeça no sítio, Galeno é capaz de decidir qualquer jogo. Esta quinta-feira voltou a ser preponderante com duas assistências excelentes e um golo sublime. Craque e uma das principais figuras deste Braga.
A queda abrupta de produção na primeira parte merece especial atenção de Carlos Carvalhal, até porque foram cometidos erros que não podem acontecer a este nível. Algo para perceber e retificar, obviamente.