A época 2015/16 ficou marcada por um dos contos de fadas mais bonitos na história do futebol. Provavelmente na liga mais competitiva do mundo, uma mistura entre atletas pouco conhecidos e alguns subestimados veteranos levou o modesto Leicester City ao topo do futebol inglês, numa história que apaixonou milhões de fãs pelo mundo e catapultou o clube para outros patamares.
Após um final conturbado da era Ranieri e alguma instabilidade, os Foxes estão num momento forte de forma desde a chegada de Brendan Rodgers ao clube, um técnico que voltou a valorizar o seu nome depois de algumas temporadas no Celtic. O SC Braga volta a encontrar pela frente uma equipa com ainda algum ADN da gloriosa campanha que resultou na conquista da Premier League, mas recheada de caras novas e um plantel até mais dotado tecnicamente.
O 5x2x2x1 é o sistema mais utilizado por Brendan Rodgers. Os Foxes são uma equipa que não se preocupa em ter muita bola, focada nas transições rápidas e em servir a velocidade das suas unidades mais adiantadas, com destaque para Jamie Vardy, goleador sempre a apresentar bons números.
As unidades atrás do avançado são responsáveis pela criação e os momentos de maior talento ofensivo. James Madisson, Harvey Barnes, Dennis Praet e Cengiz Under dividem os minutos nestas posições e chegam por várias vezes à área adversária para finalizar jogadas, quase sempre em movimentos com partida no centro do terreno.
A dupla de médios Youri Tielemans e Nampalys Mendy destaca-se pela capacidade de condução de bola, sendo também responsável pelos equilíbrios da equipa. Por norma, o Leicester City tem tendência para impulsionar mais o seu jogo pelo flanco direito, mas não vai poder contar para esta partida com o lateral/ala Timothy Castagne, um reforço de qualidade contratado à Atalanta.
Defensivamente, os ingleses não pressionam muito alto as saídas de bola e preferem atuar de forma mais compacta, algo que permite aos adversários mais espaços para atacar pelos flancos - aspeto a aproveitar pelo SC Braga -. A linha recuada é forte no jogo aéreo e tem boa mobilidade, com o já experiente Kasper Schmeichel a continuar a ser garantia de qualidade.
Este Leicester City não foge ao que tem sido a carreira de Brendan Rodgers e é uma equipa com constante foco na baliza adversária. Os Foxes não precisam de muito tempo para chegar a zonas de finalização, tendo unidades ofensivas bastante dinâmicas. Os níveis de eficácia são altos e o contragolpe é uma arma temível!
Os ingleses têm poucos pontos fracos, mas o controlo dos flancos é algo explorar pelo SC Braga. Em vários momentos, o Leicester City permite espaços nestas zonas, algo que resulta em cruzamentos e movimentações com liberdade dos adversários. Curiosamente, o conjunto de Brendan Rodgers vai ter pela frente uma equipa que canaliza muito do seu jogo desta forma.
Com raízes no século XIX, o Leicester City foi durante a sua história um clube com presenças sólidas no principal escalão do futebol inglês. Após um período de grande quebra no rendimento, o investimento no clube do milionário tailandês Vichai Srivaddhanaprabha revitalizou o emblema que, na época 2015/16, chocou o mundo ao conquistar a Premier League. As raposas não conseguiram voltar ainda a lutar pelo título e sofreram a morte trágica do seu dono - acidente fatal de helicóptero junto ao estádio -, mas deram um claro passo em frente nas suas ambições e passaram a ter como objetivo constante a presença nas competições europeias.
Recrutado em 2012 na quinta divisão inglesa, o avançado teve uma campanha em crescendo até à fantástica época de 2015/16, onde conduziu o Leicester City ao título e venceu o prémio de melhor jogador da Premier League. Nos últimos anos, resistiu ao assédio de vários clubes e continua a apresentar um fantástico apetite pelo golo, sendo já uma lenda do clube.
Um discípulo de José Mourinho na primeira passagem do português pelo Chelsea, o técnico fez um caminho de sucesso até chegar ao Liverpool, onde dinamizou o jogo dos Reds e esteve muito perto de vencer a Premier League em 2013/14, com um futebol atrativo e de muito golo. Após uma passagem de fortes conquistas internas pelo Celtic, tem conseguido organizar e voltar a fortalecer o Leicester City, que vivia alguma instabilidade após o fim da era Ranieri.