Ana Catarina Ferreira foi a grande figura do dérbi feminino da passada sexta-feira. A capitã dos leões fez os quatro golos do triunfo da equipa de Nuno Pinto sobre o Benfica.
O zerozero conversou com a jogadora depois da noite de sonho, mas Ana Catarina Ferreira destacou o trabalho da equipa e a forma como as comandadas de Nuno Pinto têm trabalhado.
zerozero: Esta foi uma vitória muito importante, até para vocês internamente e toda a gente sentir que as ideias do Nuno Pinto estão bem desenhadas. No entanto ganhar em casa do grande rival é sempre outro sentimento?
Ana Catarina Ferreira: «O nosso principal o objetivo é ganhar jogo a jogo, independente da equipa, mas é óbvio que sabíamos a importância do jogo. Tínhamos feito um bom jogo em nossa casa, mas que infelizmente não correu bem para o nosso lado, mas estávamos a encaixar bem as ideias do Nuno (Pinto), estamos a melhor cada vez mais e acho que isso ficou bem presente neste último jogo».
zz: Quatro golos. Isto nem nos melhores sonhos?
ACF: «Eu não ligo muito a essa parte».
zz: Mas é inevitável, as pessoas olham para a ficha de jogo e veem ali que os quatro golos foram da Ana Catarina Ferreira...
ACF: «Sim, mas para mim o mais importante foram os três pontos, saímos dali com uma vitória e com a sensação que tínhamos feito um bom jogo, independentemente dos golos que marquei. Eu podia não ter marcado nenhum, mas se continuasse a sair de lá com os três pontos era o que me sabia melhor».
zz: Nós percebemos que o hóquei em patins sendo um desporto coletivo a importância da vitória seja sempre maior, mas jogar contra o Benfica e saber que o Benfica estava invicto para o campeonato há imensos jogos, ganharem na Luz, um adversário direto e a Ana Catarina Ferreira marcar os quatro golos da vitória, pelo menos o fim-de-semana deve ter sido muito feliz e é um jogo que vai estar sempre na cabeça?
ACF: «Claro que vai estar sempre na nossa cabeça, pois o Benfica não perdia há imensos anos e nós quebramos um ciclo, em que trabalhamos imenso para isso, mas claro que é algo que não vamos esquecer. Foi uma vitória muito importante, mas nesta altura já estamos a pensar no jogo seguinte. Já tínhamos nos qualificado para a 2ª fase, ali disputávamos apenas o primeiro ou segundo lugar. Foi um objetivo conseguido, chegar ao primeiro lugar, mas para ficarmos nesse lugar temos de ganhar o próximo jogo».
zz: Esta vitória que era precisa, principalmente, para as pessoas de fora saberem que o Benfica não era invicto e que vocês são candidatas ao título?
ACF: «As pessoas que estão mais perto de nós, os nossos adeptos, sabem que nós entramos em todos os jogos para ganhar, mas sim, serviu para provarmos a algumas pessoas que não nos acompanham tão de perto que estamos cá para ganhar e o Benfica, se calhar, não é assim tão invencível como muitas pessoas diriam. O Sporting pode vir a fazer história, como é o nosso objetivo, ser campeãs e quebrar essa série do Benfica de ganhar há tantos anos. No ano passado por causa daquilo que estamos a passar não conseguimos acabar o campeonato, mas este ano continuamos cá para isso».
zz: É o teu segundo ano de Sporting. A nível de projeto é tudo aquilo que estavas a pensar que ias ter?
ACF: «Sem dúvida é um grande projeto, principalmente para o hóquei feminino. Na minha opinião o hóquei feminino estava a cair um pouco, na minha opinião, e a entrada do Benfica e do Sporting dão outra visibilidade. É um projeto que me está a agradar imenso, não nos podemos queixar, temos muito boas condições, pessoas que nos ajudam imenso, diariamente, e os nossos adeptos, que apesar de agora não estarem connosco são eles que nos dão aquela força extra».
zz: Ao longo destes anos o hóquei feminino tem vindo a crescer, até no capítulo mediático, mas o que falta para nos aproximarmos do nível competitivo de outros campeonatos e países?
ACF: «Neste momento não nos podemos queixar muito, pois já evoluímos bastante. Temos a sorte de no campeonato masculino termos o melhor campeonato do mundo, o que inevitavelmente nos dá visibilidade. Temos a sorte de haver Sporting e Benfica e dá logo outro impacto lá fora. Felizmente na seleção temos trabalhado bem e conseguido bons resultados, mas essencialmente temos muita miúda a trabalhar. Felizmente temos muitas raparigas a querer jogar hóquei. Este ano, ano de pandemia, se calhar tudo apontava que muitas equipas iam acabar, pois estamos num ano atípico, mas foi ao contrário. Temos muitas equipas novas, no norte principalmente, e isso é muito bom. Independentemente dos resultados são equipas que continuam a trabalhar e que daqui a uns anos vão dar muitos frutos».
zz: O facto de termos o melhor campeonato do mundo masculino seduz as raparigas a querer jogar?
ACF: «É claro que sim. O facto do campeonato dar na televisão dá outra visibilidade e as meninas, apesar de não terem tanto hóquei feminino na televisão, se calhar o acompanhar o masculino, onde eles jogam a um nível fantástico e é um jogo super interessante, dá aquele gostinho e elas ao quererem participar e experimentar vão acompanhar mais o feminino por culpa do masculino».
2-4 | ||
Flor Felamini Macarena Ramos | Ana Catarina Ferreira |