Graças a um arranque fulgurante na partida, o SC Braga somou esta quinta-feira a segunda vitória em dois jogos de Liga Europa, com Paulinho e o estreante Nico Gaitán a assegurarem o triunfo com dois grandes golos. O Zorya teve muita bola e ainda marcou nos momentos finais, mas já foi tarde demais.
Foi a primeira vitória do clube bracarense contra equipas ucranianas (depois de dez jogos sem vitórias) e logo contra um adversário que era de má memória, por ter afastado os minhotos da rota europeia há dois anos.
A equipa de Carvalhal teve menos bola do que o adversário ao longo de todo o jogo, mas esses dois bons lances no primeiro quarto de hora, com gestos técnicos de alto nível na execução, acabariam por ser decisivos. Valeu o fraco índice de finalização do adversário, que não foi tímido a apontar à baliza de Matheus mas só marcou por uma vez.
Amanhecer é a tradução literal do nome do adversário, o Zorya, mas quem amanheceu melhor no encontro foi a equipa portuguesa. Com Gaitán em estreia num flanco (Galeno não esteve na ficha de jogo), com três centrais no onze e com o jovem Francisco Moura na ala esquerda, a equipa do Braga apostou em ataques rápidos desde cedo e teve direito a duas recompensas.
Logo aos quatro minutos, a primeira. Tudo começou num lançamento longo de Matheus que Paulinho amparou com o peito na direção de Ricardo Horta, Esgaio fez um cruzamento exímio e o mesmo Paulinho apareceu para finalizar na perfeição com o pé esquerdo, apontando o 11º golo europeu da carreira, fazendo o gosto ao pé tal como tinha feito frente ao AEK.
Meros sete minutos depois, Gaitán fez questão de festejar da melhor forma a estreia com a camisola dos guerreiros. Desta fez foi o central Raúl Silva quem recuperou uma bola e foi por ali fora para entregar ao argentino. O resto fez-se com a magia de Nico, de pé esquerdo e de primeira, ainda fora da grande área, a colocar a bola de forma exemplar no ângulo oposto da baliza.
Com muitos homens em zona central, como era previsto, o Zorya queria e conseguia ter bola, mas não dava a melhor sequência. Ivanisenya, Nazaryna, Kochergin... todos os médios iam avistando forme de atirar à baliza do Matheus, mas sempre sem a melhor execução. Os detalhes faziam toda a diferença no resultado, e nesses detalhes o Braga era claramente melhor.
Tantas vezes em superioridade numérica na zona em frente à linha defensiva do Braga, a equipa ucraniana conseguia chegar com muita frequência às imediações da grande área comandada por Matheus. Aliada a essa fraca execução do adversário no último momento, o Braga beneficiava também do facto de ter muitos homens em frente à bola, limitando a equipa de Viktor Skrypnyk a remates de meia distância.
A reta final do primeiro tempo já tinha sido difícil para os homens de Carvalhal e o segundo tempo, depois de um lance em que Paulinho não conseguiu dar a melhor sequência, foi também complicado de gerir. O Zorya manteve-se sempre subido no terreno, continuando a ter muita bola, mas os bracarenses lá conseguiam gerir a situação.
O ritmo baixou lá para meio dessa segunda parte, o que beneficiava a equipa em vantagem e que vinha de uma sequência de muitos jogos (juntando a isso a longa viagem até à Ucrânia) e as continuadas falhas na finalização da equipa ucraniana mantinham o Braga relativamente tranquilo.
Foi só nos últimos minutos do jogo que o Braga voltou a avistar oportunidades para aumentar a vantagem, podia ter conseguido chegar ao 0x3 (o que seria talvez demasiado penoso para o Zorya), mas tanto Schettine como André Horta não conseguiram bater o guardião Nikola Vasilj.
A equipa de Carvalhal ia gerindo o esforço e conseguiu, pelo menos, atrasar até ao último suspiro o golo do adversário, que surgiu mesmo: grande remate de Ivanisenya de fora da área, já demasiado tarde para evitar o triunfo da equipa portuguesa. Os homens de Carvalhal regressam a casa com o sentimento de missão cumprida e, juntamente com o Leicester, afastaram-se mais de AEK e Zorya.
Duas jogadas rápidas com execução exemplar deixaram o Braga com uma vantagem confortável desde muito cedo. Matheus e Raúl Silva foram determinantes ao lançar as jogadas, Paulinho e Gaitán foram excelentes na finalização. Esses onze minutos de classe permitiram gerir o resultado até ao fim, ainda que a equipa do Braga tenha sofrido a ameaça de um adversário determinado a ter bola.
Em aparente ritmo de gestão, no meio de uma sequência de vários jogos e no meio de longas viagens, a equipa do Braga poderá ter confiado demasiado nos dois golos marcados cedo. Se o adversário tivesse sido mais capaz no momento de definição, a equipa de Carvalhal podia ter ficado numa alhada. Correu bem e nada disso passou do domínio dos «ses», porque a equipa ucraniana não soube ser eficaz até perto do apito final.