Vic-54 26-04-2024, 08:15
O FC Porto anunciou esta quarta-feira um prejuízo de 116 milhões de euros na temporada de 2019/20, em nota enviada à CMVM, mas Pinto da Costa e Fernando Gomes, respetivamente presidente e administrador da SAD, fizeram questão de retirar dramatismo à situação, lembrando as condicionantes especiais em que ocorreu a temporada e que o valor de várias transferências só será contabilizado no próximo exercício.
«Se não houver nova paragem dos campeonatos, vamos sair do Fair Play financeiro no final desta época», indicou Fernando Gomes, vice-presidente do clube e administrador da SAD.
Por sua vez, e através de uma nota publicada no Relatório e Contas detalhado, Pinto da Costa lembrou os sucessos desportivos da temporada, realçando que «os acontecimentos dos últimos meses tiveram um impacto muito negativo» em outros domínios e admitindo que os resultados financeiros «não são positivos».
«Já depois do encerramento do exercício, no entanto, foram dados passos firmes para a reversão desta situação, com destaque para o balanço altamente lucrativo das transferências de jogadores no princípio da nova época sem enfraquecer a equipa», vincou o presidente do clube da Invicta.
Mensagem de Pinto da Costa na íntegra:
«Sou presidente do FC Porto há 38 anos e a maioria das pessoas é capaz de dizer, com razão, que já poucas coisas me podem surpreender enquanto dirigente desportivo. No entanto, tanto para mim como para toda a gente que está no mundo do futebol, 2019/2020 foi uma temporada diferente de todas as outras a que estamos habituados e muito mais desafiante do que o normal. Felizmente, como tantas vezes tem acontecido ao longo destes anos, o FC Porto saiu por cima.
No plano desportivo, esta época ficou marcada pela conquista de uma dobradinha que poucos julgavam possível em janeiro, quando estávamos no segundo lugar com um atraso considerável para o primeiro. A competência com que se trabalha neste clube, as grandes capacidades da equipa técnica liderada pelo Sérgio Conceição e o talento do nosso plantel, pelo menos para mim, nunca estiveram em causa, e por isso não fiquei surpreendido com os resultados alcançados. Mesmo assim, a forma serena e eficaz com que todos souberam enfrentar os constrangimentos gerados pela pandemia, ao ponto de termos voltado mais fortes de um período em que se geraram todas as condições para que as equipas ficassem mais fracas, não deixou de me impressionar.
Apesar do sucesso desportivo, não é possível mascarar que os acontecimentos dos últimos meses tiveram um impacto muito negativo noutros domínios. A paragem durante várias semanas de atividades geradoras de receitas, o regresso do futebol sem público nas bancadas, a impossibilidade de vender lugares anuais e camarotes para 2020/2021, a postura mais retraída de alguns patrocinadores e outros parceiros e a cautela com que as equipas que normalmente são nossas clientes abordaram o mercado de transferências – que só ficou verdadeiramente ativo vários meses depois do que é habitual –, tudo isto aliado ao completo desprezo a que o futebol e o desporto foram votados pelo poder político, refletem-se em resultados financeiros que não são positivos.
Já depois do encerramento do exercício, no entanto, foram dados passos firmes para a reversão desta situação, com destaque para o balanço altamente lucrativo das transferências de jogadores no princípio da nova época sem enfraquecer a equipa. Ficaram assim criadas as condições para que em breve possamos definitivamente aliar sucesso financeiro ao sucesso desportivo que não nos tem faltado».