Tarde de jogo grande em Barcelona, com o Real Madrid a sair de Camp Nou com uma vitória por 1x3, na 7.ª jornada da Liga espanhola. Sérgio Ramos acabou por ser decisivo, enquanto Lionel Messi está há praticamente mil minutos sem conseguir marcar ao conjunto blanco.
Este El Clasico já era histórico mesmo antes de ser jogado. A pandemia mundial tratou de roubar os adeptos ao jogo, algo que aconteceu pela primeira vez em 118 anos de duelos entre os dois maiores rivais do país vizinho. Sem o elemento público, culés e merengues precisavam de uma tarde de (re)afirmação depois das derrotas na jornada anterior e de afastar os sintomas negativos que ambas vinham a demonstrar.
Claramente desconfortáveis no jogo sem bola, Barça e Real mostraram aquilo que define as respetivas filosofias: o jogo de ataque. E assim, aos cinco minutos, Karim Benzema encontrou o espaço entre Piqué e Lenglet para lançar Fede Valverde, que no um contra um com Neto não deixou de aproveitar para colocar os da capital em vantagem.
O Real Madrid parecia melhor, mais seguro e mais confiante no próprio processo, mas num ápice foi castigado (7'). Jordi Alba assinou uma das suas subidas ao ataque, de onde serviu na perfeição o novo menino bonito do Camp Nou, Ansu Fati. O internacional espanhol ficou com a tarefa mais simples, a de encostar sem problemas para o fundo da baliza de Courtois.
Ainda assim, aos 24', outro momento de ataque e resposta. Primeiro foi Messi a tirar da cartola uma das suas fintas irresistíveis, Sérgio Ramos ficou pregado ao chão mas Courtois estava lá para travar a intenção do argentino; na resposta, Kroos escapou-se pela esquerda, assistiu Benzema, que no coração da área rematou para defesa junto à relva de Neto.
Decidido o castigo máximo, foi o próprio Ramos a assumir a responsabilidade. Remate rasteiro, ao canto inferior esquerdo, e nova vantagem para os visitantes. Tal como na primeira parte, quem estava mais sôfrego no jogo encontrou o momento para ripostar. E o Barça voltava a correr atrás do resultado na tarde quente (20º) de Barcelona.
E correu, mas quase sempre mal. A instabilidade que se vive no clube catalão refletiu-se na falta de capacidade para apertar decisivamente o Real Madrid na meia hora final. Pelo contrário, o Barça sofreu constantes golpes de contra-ataque; os merengues aproveitaram poucos, mas aos 89' acabariam mesmo por «fechar o saco», com Modric a «bailar» diante de Neto e a atirar de trivela para a baliza deserta.
Jogo à capitão! Sérgio Ramos foi a personificação da entrega e do empenho que um clássico como este exige. Foi sempre ele a liderar a nem sempre estável defensiva merengue (sobretudo na 1.ª parte) e ainda encontrou tempo (como tantas vezes) para resolver à frente, ganhando e convertendo a grande penalidade que deu a vitória ao Real Madrid.
Não foi, seguramente, uma tarde para mais tarde recordar para o defesa francês. Se no primeiro golo merengue não soube fechar a linha de passe que isolou Valverde, no lance da grande penalidade não há desculpa possível. O puxão a Sérgio Ramos é evidente e, nessa altura, devolveu o Real à «vida», numa altura em que o Barça estava por cima.