O SC Braga entra na quinta jornada da Liga Europa com favoritismo, mas com um aliciante desafio pela frente. Da Grécia chega um AEK já batido neste tipo de competições e que surpreendeu o Wolfsburgo no play-off, num plantel que mistura experiência e juventude, com toque luso. O técnico Carrera adapta a sua equipa aos adversários e promove alterações táticas de jogo para jogo, sendo difícil para Carlos Carvalhal prever o que vai encontrar pela frente.
A versatilidade de sistemas é provavelmente o ponto mais interessante desta equipa. O AEK varia entre esquemas de quatro ou cinco defesas, com atenção ao adversário que tem pela frente. Porém, apesar de todas estas mudanças, há comportamentos que se mantêm.
Os gregos, talvez por dificuldades na construção, são uma equipa prática com bola. O avançado é constantemente solicitado na profundidade ou para receber de costas - Nélson Oliveira e Karim Ansarifard têm estas capacidades - e, depois, dar sequência aos lances. Os cruzamentos também são uma arma bastante utilizada, mas a falta de atletas em zonas finalização e uma divisão clara entre setor defensivo e atacante complicam as hipóteses de sucesso neste tipo de definição.
O equilíbrio da equipa fica a cargo dos médios mais recuados, com Nenad Krstisic e André Simões a serem peças de bastante influência, sendo a lesão do português um golpe duro para este encontro. O capitão Petros Mantalos - bom executante de bolas paradas - é a unidade mais criativa da equipa e tem muita liberdade de movimentos, enquanto os extremos ficam responsáveis por dar largura, num destaque para a qualidade técnica de Marko Livaja.
Defensivamente, o AEK é por norma uma equipa muito agressiva e sem problemas a recorrer à falta, porém, esta intensidade acaba por vezes por deixar a equipa desequilibrada e com problemas na transição, além de falhas de concentração recorrentes. Ambos os centrais são fortes no jogo aéreo, mas lentos, uma área onde Chygrynskiy sofre bastante, algo que obriga a equipa a atuar num bloco baixo, sendo que os laterais não se aventuram muito no ataque.
É sem bola que o AEK está mais confortável no jogo e foi, permitindo o controlo da posse ao adversário, que bateu St. Gallen e Wolfsburgo na caminhada até à fase de grupos, além do empate cedido frente ao mais apetrechado PAOK. Nestes encontros, a equipa de Massimo Cassera precisou de poucas oportunidades para desferir os golpes fatais, num sinal de muita atenção para o SC Braga, com condições suficientes para levar de vencida este rival, que tem desiludido um pouco na campanha.
Confortável sem bola, o AEK parece por vezes desligado do jogo, mas consegue chegar ao ataque em movimentos rápidos e aproveitar as oportunidades. Foi com este ADN que a equipa grega eliminou St.Gallen e Wolfsburgo na caminhada atè à fase de grupos.
A defesa dura de rins é um aspeto a explorar pelo SC Braga. O AEK é muitas vezes apanhado fora de posição em momentos de contra-ataque, tendo os jogadores mais recuados dificuldades para recuperarem em velocidade. A concentração também não é o ponto mais forte.
Um dos três gigantes do futebol grego, o AEK conta com interessante histórico europeu, com destaque para os anos 90. Os problemas financeiros que atingiram o país também tiveram impacto no clube, que no início da passada década baixou até ao terceiro escalão e sofreu uma séria reformulação. Após o rápido regresso ao alto nível e uma surpreendente conquista do campeonato-nacional, o emblema de Atenas segue numa evolução constante para a recuperação do prestígio de outros tempos.
Um dos principais rostos no renascimento do clube, o internacional grego é uma peça muito importante no xadrez do AEK. Experiente e líder, destaca-se pela sua capacidade técnica e de passe, sendo a unidade mais criativa da equipa. Pode atuar atrás do avançado ou no flanco esquerdo, onde aposta nos movimentos interiores.
Após várias épocas na estrutura da Juventus e da seleção italiana, Carrera teve a primeira experiência como técnico principal no Spartak Moscovo, onde, apesar da saída atribulada 2018, conseguiu conquistar uma Liga Russa que escapava ao clube desde 2001. Vai para a sua segunda época no comando do AEK e é a aposta da direção para esta nova fase dos gregos.