Luís Filipe Vieira apresentou esta quarta-feira a sua candidatura à presidência do Benfica e assegurou que no caso de ser reeleito cumprirá o seu «último mandato» na liderança do clube da Luz.
«Tenho orgulho no trabalho realizado nestes 17 anos e estou aqui para anunciar a recandidatura ao meu último mandato como presidente do Sport Lisboa e Benfica», indicou Vieira, que lidera o Benfica desde 2003.
«Nos próximos quatro anos continuaremos a crescer, a inovar, a ser pioneiros em muitas áreas, mas serão quatro anos em que o principal foco será a vertente desportiva», explicou o dirigente.
Discurso na íntegra, citado pelo jornal A Bola:
«Tenho 71 anos, a 4.ª classe, não falo inglês, tenho orgulho no trabalho realizado nestes 17 anos e estou aqui para anunciar a recandidatura ao meu último mandato como presidente do Sport Lisboa e Benfica!
Sempre trabalhei para unir os benfiquistas, porque acho que só assim podemos continuar a crescer e a ter futuro.
Esta candidatura tem um passado, tem uma história, mas, acima de tudo, tem futuro, e é por isso que aqui estou!
Nos próximos quatro anos continuaremos a crescer, a inovar, a ser pioneiros em muitas áreas, mas serão quatro anos em que o principal foco será a vertente desportiva.
O próximo mandato será a base e ponto de partida para superarmos o que fizemos na última década.
E o que fizemos foi extraordinário!
Foi a segunda melhor década da nossa história no futebol, a melhor década da nossa história nas modalidades e a melhor década da nossa história no capítulo financeiro.
Uma década em que reforçámos o nosso prestígio internacional, a nossa credibilidade, em que nos afirmámos como um dos melhores clubes a nível mundial.
Uma década em que tivemos contas positivas em sete anos– repito – sete anos!
É isto que quero que o Benfica supere na próxima década, e é para isso que vou trabalhar no meu último mandato!
Pela primeira vez em muitos anos, há vários candidatos. É algo que deve ser saudado, porque mostra a vitalidade do Benfica e reforça as garantias em relação ao futuro do clube.
Gostaria, no entanto, de expressar o meu desejo para que a campanha decorra pela positiva, uma campanha de propostas, de ideias, uma campanha construtiva.
É esse o caminho que vou seguir, e espero que os restantes candidatos também o sigam!
Não esqueço as críticas, porque elas fazem parte do percurso, e porque, quando elas são sérias, devem ser ouvidas.
Quem está à frente de uma instituição com a grandeza do Benfica também erra em algumas decisões e eu não sou exceção.
Errei, porque sou humano. Errei, porque quem decide não acerta sempre. Só não erra quem não decide. Por isso, a primeira garantia que quero aqui deixar é a de que estou disponível para ouvir, para acolher as boas ideias, venham elas de onde vierem.
As boas propostas têm sempre a porta aberta e cabem nos próximos quatro anos do Benfica, como couberam nos últimos 17.
Já li e ouvi algumas das propostas das outras candidaturas. Há propostas que são boas, mas não são novas e já foram implementadas e há propostas novas que não são boas!
Não podemos passar os próximos 30 dias apenas a deitar abaixo, a desvalorizar o trabalho feito, a menorizar resultados, a criticar tudo e todos, porque aqueles que só criticam raramente conseguem construir.
Criticam as compras, criticam as vendas, criticam o equipamento, a falta de transparência das contas, a democracia do clube, o voto eletrónico, a Benfica TV, criticam...
Não pode ser, porque estas críticas não atingem apenas o presidente do Benfica, atingem o Benfica enquanto instituição e todo o trabalho realizado nos últimos 20 anos. E é isso que eu não posso admitir.
A nossa história é uma história de caráter, de superação, de querer. É uma história de resistência, de sucesso. É uma história que não admite nem fações, nem hipocrisia ou falsidades.
Somos o clube português mais saudável do ponto de vista financeiro e mais preparado para enfrentar os próximos anos.
Vão ser anos exigentes, mas já passei por situações bem mais complicadas e anos mais exigentes quando aqui cheguei.
As contas do Benfica são auditadas anualmente, com relatórios detalhados e públicos, pelo que não percebo a crítica recorrente de alguns candidatos da oposição, mas estou disponível a acolher na minha lista para o Conselho Fiscal um elemento de cada uma das candidaturas da oposição para que possam perceber a transparência e o rigor das nossas contas. A porta está aberta. Não estejam apenas permanentemente a criticar.
Já ouvi, também, falar em fim de ciclo. Mas como compreender que alguém possa falar em fim de ciclo quando o clube está hoje mais preparado, mais dinâmico, forte, estruturado, ambicioso e vencedor do que alguma vez foi?
Não. Não é o fim de um ciclo, é a continuação de um ciclo de sucesso. É essa a minha ambição e a minha promessa.
Já ouvi, igualmente, falar de que o Benfica não pode ser negócio. Pois bem, se o Benfica não for também negócio, não haverá nem sucesso desportivo, nem infraestruturas, nem formação, nem modalidades, nem medalhas olímpicas.
O Benfica é alma, é paixão, o Benfica são os sócios, mas também tem de ser negócio. Quem diz o contrário está apenas a usar uma frase vazia de sentido e de puro oportunismo eleitoral.
Quero partilhar agora algumas notas finais:
– O dono do clube são os sócios, e foi deles que recebi mandato e legitimidade para liderar o Benfica nos últimos 17 anos. Quando cheguei ao clube o dono do Benfica eram os credores. Foi comigo que se devolveu o Benfica aos sócios. Estou aqui, e conto continuar a estar, pelo voto dos benfiquistas;
– Não festejo nem vendas nem contratações de jogadores! Se hoje há um projeto de formação conhecido e reconhecido a nível internacional, é porque ele foi construído ao longo da última década, quando muitos não acreditavam nele! E esse projeto é para continuar!;
– Irei debater as minhas propostas com os sócios, e é assim que deve ser. São os sócios que devem ser esclarecidos, e todos os candidatos o podem e devem fazer. Irei nas próximas três semanas percorrer o país, falar com os sócios, debater com eles as minhas ideias para os próximos quatro anos;
– O Benfica tem o sistema mais inovador a nível de voto. Mas, para calar insinuações que roçam o insulto, e para reforçar a possibilidade de todos os sócios do Benfica participarem nestas eleições, não só haverá, a par do voto eletrónico, o voto em papel, como os sócios do Benfica vão poder votar em todas as capitais de distrito de Portugal continental. Espero que o ruído à volta do processo eleitoral termine de vez;
– O Benfica é hoje dos clubes com maior credibilidade a nível mundial. Cumpre com os compromissos assumidos, não tem ordenados em atraso, nem modalidades em risco de desaparecer. E quanto a mim, tenho a consciência tranquila, porque as insinuações não são um facto, e a justiça não se faz nos jornais ou nas televisões.
- O Benfica são as pessoas e essa sempre foi a minha prioridade. Por isso a minha aposta, desde que aqui cheguei, no crescimento e modernização das Casas do Benfica. Sempre foi claro para mim a importância destas na divulgação da nossa mística, dos nossos valores, da nossa história! A aposta é para continuar!
- Haverá nos próximos quatro anos um Conselho Estratégico que nos vai ajudar a pensar em novos desafios e a auxiliar nas dificuldades que possam surgir. Um Conselho Estratégico constituído por benfiquistas que representem uma inegável mais-valia para o clube.
O ato eleitoral é o momento em que se dá a palavra aos sócios, é fundamental que os sócios exerçam esse direito, porque representam a base fundadora e a essência deste clube!
Os próximos anos devem ser de união, por isso, depois das eleições, quem ganhar será presidente de todos os benfiquistas. O nosso futuro depende disso!
Depois das eleições, não haverá vencedores ou vencidos, mas apenas benfiquistas.
O Benfica de hoje é um clube vanguardista, moderno, inovador, mas é ao mesmo tempo um clube com espírito crítico, em que nos orgulhamos do trabalho feito e da nossa história, mas pensamos sempre no futuro e no que ainda podemos fazer.
Por isso “a história com futuro” que assumi como lema da minha campanha.
Tenho a certeza – e é assim que termino – de que o meu pai, esteja onde estiver, estará orgulhoso do filho.
Cumpri a promessa que lhe fiz quando assumi a liderança do Benfica. Recuperei a mística e a grandeza do Benfica e isso é a melhor recompensa que posso ter destes 17 anos!»