*com Zé Paulo Silva
O árbitro natural de Baião prepara-se para pendurar o apito, após uma carreira brilhante no futebol de praia, onde dirigiu algumas grandes finais, não indo mais além devido ao enorme sucesso da Seleção Nacional de Portugal e do Sporting Clube de Braga.
«Só me falta a final do campeonato do Mundo. Tenho no meu currículo as finais do campeonato da Europa, dos Jogos do Mediterrâneo, dos Jogos Olímpicos Europeus, da Euro Winners Cup e a final da Intercontinental», enaltecendo o ano de 2015 em que dirigiu três finais.
Quando confrontado sobre o final da carreira e como gostava de a encerrar, foi perentório na resposta: «Temos Almeida mais um ano. Adorava terminar a minha carreira internacional numa grande competição, que será o campeonato do Mundo na Rússia, não escondendo que será também a última época no futsal.
Contrariamente às equipas, a preparação de um árbitro muitas vezes é feita de forma solitária, tornando a mesma penosa e exigindo um esforço físico e mental muito grande.
Agente da Polícia de Segurança Pública de profissão, António Almeida depende ainda da “ginástica” que tem que fazer com os horários laborais, para poder manter uma excelente condição física que explana, tanto nos areais como nas quadras.
Árbitro internacional de futebol de praia desde 2013, António Almeida salienta a importância da família na sua carreira.
«O suporte familiar é a base de tudo! A minha esposa tem um grande sobrecarga, principalmente quando venho para competições internacionais. Para além de ter que cuidar dos nossos dois filhos, há muito mais para fazer. Felizmente a minha mãe e a minha sogra ajudam-na e em conjunto garantem-me tranquilidade, porque tenho garantido total suporte», disse.
«Em Março, quando dirigi o Eléctrico vs Portimonense para a Taça de Portugal de futsal pensei que tivesse sido um dos meus últimos jogos, mas a nível internacional, no que diz respeito ao futebol de praia, cheguei a pensar que a final da Intercontinental no Dubai tivesse sido mesmo o meu último jogo», afirmou António Almeida, que enalteceu o esforço efetuado pelo autarca da Nazaré, Walter Chicharro.
«Uma palavra de apreço ao Walter Chicharro, por ter conseguido congregar esforços e acolher estas duas competições internacionais (Superfinal Europeia e Euro Winners Cup), bem como todas as etapas da divisão de elite e fases finais da elite e do nacional. Sem ele, seria muito difícil haver competições de futebol de praia», lembrando ainda que «em termos de organização, a nível mundial somos dos melhores».
«Em diversas competições onde estive presente, nenhuma organização bate as portuguesas, bem pelo contrário… para além da nossa capacidade organizativa, a forma como nos entregamos ao trabalho é única em todo o Mundo», admitiu.
Polícia de profissão, António Almeida foi obrigado a enfrentar uma nova realidade e quando confrontado com o que ainda está para vir, foi perentório!
«Tenho fé que uma segunda vaga seja controlada e não haja um fecho do país como aconteceu em março e abril, que foi duro. Quero acreditar que as competições vão voltar, principalmente na formação, visto que as mesma são extremamente importantes para os nossos jovens. Com muito controle e cumprindo os protocolos, tudo se consegue e a prova está dada com estas competições na Nazaré, onde tudo é levado à risca. Se as pessoas cumprirem as regras e se respeitarem, certamente podemos voltar a uma relativa normalidade», afirmou.
«A amizade é o que melhor levo da arbitragem!»
Ser humano íntegro e de enorme coração, António Almeida não conseguiu esconder que as boas amizades feitas ao longo de tantos anos de arbitragem, foram o melhor que colheu na mesma!
«No futsal não temos a mesma abertura com treinadores e atletas como temos no futebol de praia. Aqui há uma sã convivência. Nem sempre acertamos nas decisões, infelizmente, mas eles também falham! O espírito do futebol de praia é o que eu mais amo, esta amizade, o intercâmbio e o respeito entre todos. Desde grandes árbitros a instrutores, passando por alguns dos melhores atletas e treinadores do Mundo que considero amigos, até ao fotógrafo, o trato é único! Há um respeito mútuo, que me enche de orgulho e me toca o coração, visto que todos eles o fazem sem segundas intenções», concluiu.
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