Antes do regresso às aulas, Benfica e Sporting de Braga fizeram a revisão da matéria num encontro que terminou com vitória encarnada (2x1), apesar de a equipa de Jorge Jesus ter jogado 20 minutos com 10 por expulsão de Taarabt. Num jogo em que o resultado de pouco conta, Carvalhal e Jorge Jesus terão aproveitado para perceber as dificuldades dos seus alunos, ainda que no final deste teste a equipa bracarense, que até saiu derrotada, tenha conseguido uma nota acima das águias.
Há arestas por afinar, pois claro, não fosse este início de setembro altura de pré-época (ou regresso às aulas, como preferir). Alguns reforços ainda procuram entrosamento com os colegas e do banco saem ideias diferentes daquelas da época passada. No banco do Benfica, Jorge Jesus quer as águias a jogar o triplo, mas esta noite foi possível perceber que isso ainda está longe de acontecer, mesmo que as ausências de jogadores nas seleções ajudem a explicar em parte o que faltou a este Benfica diante de um Sporting de Braga que também tem coisas a corrigir (mais na defesa do que no ataque), mas que também por ter um grupo mais habituado a jogar junto mostrou ter já alguns processos bem assimilados.
Ambas as equipas tentaram pressionar nos primeiros instantes, mas procuravam condicionar o adversário de formas distintas. O Sporting de Braga recuou mais e pressionou no seu meio-campo, procurando, com bola, jogar em campo grande, com os alas na largura e os extremos sempre por dentro. No Benfica, a pressão era mais intensa e imediata, mas com bola os laterais não alargavam tanto como os da equipa bracarense.
No que a oportunidades diz respeito, as primeiras pertenceram ao Benfica, com o mérito da pressão a resultar em combinações curtas perto da área bracarense. Rafa e Pizzi estiveram em evidência nesse capítulo, conseguindo, com os movimentos e trocas posicionais, ganhar superioridade no meio do terreno, onde Castro e Fransérgio estavam a sentir algumas dificuldades nos primeiros minutos. O resultado não se alterou porque Rafa rematou ao lado e Pizzi atirou ao poste da baliza de Matheus e com o passar dos minutos o jogo mudou de rumo.
O Sporting de Braga começou a ter mais tempo a bola e com isso provocou algum desposicionamento da defensiva encarnada. Em tempos, Jorge Jesus já reconheceu que o processo defensivo é o mais difícil de treinar e esta quarta-feira a equipa de Carlos Carvalhal explorou essa dificuldade da equipa encarnada, em particular no lado esquerdo, onde Nuno Tavares e Ferro foram passando por dificuldades - curiosamente, André Almeida, central esta noite, e Gilberto estiveram mais tranquilos na direita. Foi por esse corredor que surgiu o lance do golo de Paulinho, com André Horta a receber em terrenos interiores um passe de cabeça de Esgaio, bem colado à linha, e a ultrapassar Everton para oferecer o golo ao avançado bracarense. Um golo construído na forma de jogar da equipa arsenalista, que já tinha tentado movimentos semelhantes mais vezes, mas aí com a linha defensiva do Benfica bem a colocar os avançados minhotos fora de jogo.
Apesar de não ter tido tantas oportunidades quanto o Benfica, a vantagem bracarense ao toque para o intervela era justificada pelo bom trabalho da equipa de Carvalhal, em especial nos momentos com bola. No regresso à sala de aulas, quando o técnico fez entrar os novos alunos, Iuri e Nico Gaitán, de regresso à Luz, os bracarenses mostraram outro tipo de armas, ainda mais perigosas do que aquelas que tinham estado em campo no primeiro tempo. O açoriano, de volta a Portugal, fez dois passes açucarados, primeiro para Abel Ruiz e depois para Gaitán, numa altura em que o Benfica já tinha conseguido igualar o marcador.
Apesar de menos agitado do que o costume, Jorge Jesus não mostrava satisfação com o jogo da sua equipa. Às falhas defensivas, que o técnico certamente terá tomado nota, juntou-se uma inércia ofensiva sem grande explicação. Everton passou ao lado do jogo e Pizzi e Rafa deixaram de conseguir as combinações que haviam ensaiado no primeiro tempo. Ainda assim, pela força física, os encarnados aproveitaram aquele que, por agora, também parece ser um ponto fraco da equipa de Carvalhal, a defesa. No duelo físico, Carlos Vinícius ganhou a Rolando e enganou Matheus, dando alguma animação para o que faltava do segundo tempo.
Só que num jogo de pré-época pode surgir um teste inesperado e foi isso que aconteceu. Taarabt teve uma entrada mais dura sobre Francisco Moura e uma discussão acesa com Gaitán, acabando por ver o segundo amarelo. Num amigável não é muito normal, mas faz parte do teste. No final das contas, a equipa de Jorge Jesus pode ficar satisfeita, uma vez que não sofreu e que ainda conseguiu manter o pleno de vitórias para lá do toque da campainha, novamente com Vinícius a aproveitar as falhas defensivas da formação minhota.
De volta à sala de professores, Carvalhal e Jorge Jesus terão mais certezas do que antes da partida, mas também algumas dúvidas, uma vez que foi claro que ainda há muita matéria para ser dada. O técnico bracarense tem na recuperação de bola a meio-campo e na linha defensiva lições a dar, Jorge Jesus vai ter de explicar aos seus alunos como quer que a sua equipa defenda, mesmo que esta noite não tenha contado com o delegado e subdelegado da turma, Vertonghen e Rúben Dias.
2-1 | ||
Carlos Vinícius 56' 90' | Paulinho 31' |