Não há quem consiga parar este Sevilla. A equipa de Lopetegui bateu o Inter por 3x2 e conquistou pela sexta vez a Liga Europa, numa série cada vez mais lendária e histórica para o futebol espanhol e para o do Velho Continente.
Sem mudarem praticamente nada em relação aos onzes que carimbaram a presença na final, Antonio Conte e Lopetegui preferiam confiar naquilo que vinha bem feito desde trás, em detrimento de uma surpresa de última hora. Sim, porque a entrada de De Jong na frente já era mais ou menos esperada e não só pelo golo importante ao Manchester United.
À partida para a final de Colónia, um dos duelos mais esperados era aquele que ia colocar frente a frente a dupla de ataque do Inter com a dupla de centrais do Sevilla. A primeira amostra saiu furada aos espanhóis. Diego Carlos, pelo terceiro jogo consecutivo, fez grande penalidade, tentando enfrentar o gigante Lukaku pelo confronto físico. A falta começou fora da área e acabou dentro dela, com o próprio belga a inaugurar o marcador de grande penalidade.
A reação do Sevilla não precisou de ser brilhante. O espaço que as duas equipas deixaram nas suas respetivas zonas mais recuadas começaram a abrir uma série de possibilidade para os ataques adversários. Navas teve via aberta para o cruzamento e De Jong justificou a escolha de Lopetegui com um cabeceamento bem conseguido.
Se a finalização no empate foi boa, o que dizer do momento do segundo golo? Uma autêntica obra de arte do holandês, novamente de cabeça. O livre nem sequer ia tenso, muito perigoso, mas a impulsão ao segundo poste por parte do avançado foi perfeita e quando Handanovic tentou fazer alguma coisa já a bola beijava a rede.
Momento para assentar, finalmente, certo? Nada disso. Foram precisos apenas mais dois minutos para assistirmos a mais um momento de festejo. Diego Carlos - sim, um dos melhores centrais da Liga Espanhola não foi nada feliz nestas eliminatórias finais - fez falta, Brosovic bateu lá para o molho de jogadores e Godín carimbou o empate.
Perante isto, não sobraram assim tantos minutos para perceber o que é que cada uma das equipas queria do jogo. Foi, acima de tudo, um Sevilla mais pressionante e mais dono da bola e um Inter com um olho cínico dirigido para os seus dois avançados.
Não foi nada surpreendente que, perante 45 minutos iniciais de tanto caos, a segunda parte da final da Liga Europa tenha sido jogada num ritmo mais baixo e com outro tipo de cautelas. Também o esforço físico tinha de ser gerido que isto de se jogar de agosto a agosto tem o que se lhe diga.
O Sevilla foi, ainda assim, a equipa que arriscou mais, que quis mais o golo, que quis mais, acima de tudo, obrigar o adversário a errar. O Inter, com as conexões entre Brozovic-Gaggliardini-Bastoni, construiu bem algumas jogadas de ataque, mas foi o conjunto de Lopetegui a forçar mais a nota, apesar de um par de transições que deixaram Bono mais apreensivo.
Bem mais errático do que foi durante toda a época no futebol espanhol, Diego Carlos compensou os erros cometidos na Liga Europa com um momento de pura inspiração. A quinze minutos do final, o central, na grande área contrária, decidiu-se por uma bicicleta que desviou em Lukaku e que só parou no fundo das redes.
Conte lançou várias unidades a partir do banco e foram dois dos que entraram a criar o pânico. Moses, depois de um cruzamento de Bastoni, teve o golo nos pés, mas a bola só foi parar a um Alexis que, em esforço, permitiu um corte milagroso a Koundé. Também por isso o melhor central do Sevilla na final...
A partir desse momento, já todos imaginavam o final. Tem sido sempre assim. O adversário tenta, faz de tudo e o Sevilla vai para casa com a Taça. Já é a sexta em 14 anos, numa história que começou com aquele remate épico de Puerta. Lendários estes rapazes da Andaluzia.
O 🇪🇸Sevilla volta a vencer a Liga Europa!! 👏 6.º título da equipa espanhola na competição (2006, 2007, 2014, 2015, 2016 e 2020) pic.twitter.com/8ybxOWdFoG
— playmakerstats (@playmaker_PT) August 21, 2020
Esteve bem ao não expulsar Diego Carlos no lance da grande penalidade, mas ficam muitas dúvidas sobre se ajuizou bem logo a seguir, novamente num lance dentro da área de Bono e com o médio Fernando como protagonista. Caso tivesse assinalado o castigo máximo não seria, de todo, uma má decisão de Danny Makkelie. É que o braço do antigo jogador do FC Porto não está propriamente colado ao corpo...
O Sevilla voltou a não deslumbrar, voltou a ter alguma fortuna, mas há que dizer que a equipa, ao longo da época e ao longo desta Liga Europa, fez de tudo para merecer essa tal sorte. Lopetegui construiu uma identidade muito própria e a formação espanhola, com maior ou menor qualidade, respeitou essa forma de jogar ao limite. Num ano de muitas mudanças, com várias saídas importantes!
Depois de uma primeira parte em que o Sevilla foi ligeiramente melhor, esperava-se que Conte pudesse mexer mais cedo na partida. O facto de Eriksen, Alexis e Moses terem entrado ao minuto 78 já diz alguma coisa sobre a falta de iniciativa do técnico a partir do banco. Talvez o Inter conseguisse, pelo menos, o prolongamento com esses jogadores mais cedo em campo.