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    Ex-SC Braga é reforço do Heerenveen

    Francisca Cardoso e a mudança para a Holanda: «Além do desafio pessoal, vim para ser profissional»

    2020/08/07 15:16
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    Francisca Cardoso, avançada que nas últimas três temporadas venceu dois títulos ao serviço do SC Braga, foi campeã nacional e se estreou na Liga dos Campeões, prepara-se para começar a jogar no campeonato holandês. A jovem atacante, de 22 anos, reforçou recentemente o Heerenveen e, em entrevista ao zerozero, revelou o que a levou a procurar outro clube, fora de Portugal.

    qApesar de muita gente pensar que sim e das exigências que eram feitas serem realmente de nível profissional, a verdade é que nunca fui profissional em Portugal
    Francisca Cardoso

    Entre os vários assuntos abordados, a internacional portuguesa revelou que o fator da «profissionalização» foi um dos mais pesou na decisão de deixar o país, uma vez que nunca foi profissional em Portugal, e confessou o que levou a escolher a Holanda, depois de ter convites para Espanha e Itália.

    Nutricionista de formação, Chica, como é carinhosamente tratada, falou ainda sobre o objetivo de voltar a ser chamada por Francisco Neto, bem como a qualidade da jogadora portuguesa reconhecida além-fronteiras.

    ©Arquivo Pessoal

    ZZ: Em primeiro lugar, como é que surgiu a oportunidade de rumar à Holanda? A internacionalização já estava nos teus planos?

    FC: «Eu sempre quis ter uma experiência fora do país. Não sei por quanto tempo, mas queria jogar, pelo menos, um ano fora para me desafiar e para saber se era capaz de o fazer ou não. Só que sempre disse que não o iria fazer enquanto não acabasse os meus estudos na universidade. Como estava previsto terminar este ano, a partir de janeiro comecei a falar com a minha agência [Ksirius] na tentativa de encontrar um clube no estrangeiro. Claro que a havia sempre a possibilidade de continuar em Portugal, mas começámos a procurar e a ouvir algumas propostas e esta foi uma das que surgiu. Também recebi de Itália e Espanha, mas esta pareceu-me a melhor proposta para vir jogar no estrangeiro».

    ZZ: Já estás na Holanda. Quais são as primeiras impressões do clube e da cidade?

    FC: «Optei por este porque gostei bastante do projeto. Falei com o treinador, falei com a diretora e gostei bastante. Vi alguns jogos da equipa na época passada e também achei bastante interessante a forma como jogavam. Ao ver dois ou três jogos consegui perceber grande parte das ideias que queriam pôr no seu jogo, o que é ótimo. Significa que estão bem trabalhadas. Além disso, o treinador também mostrou bastante interesse nas minhas capacidades e, portanto, escolhi vir para cá, apesar da barreira linguística e da cultura completamente diferente. Mas são pessoas super acessíveis e super simpáticas. Claro que os primeiros dias de adaptação são sempre complicados em qualquer lado. Deixar as nossas famílias e os nossos amigos é sempre difícil, mas já me começo a adaptar. Estou aqui há duas semanas, mas já sinto uma diferença muito grande desde que cheguei. Relativamente aos treinos, também estou a gostar. É um nível bastante bom, bastante exigente e era isso que eu procurava».

    ZZ: O que esperas encontrar aí que Portugal não te dá?

    FC: «Eu em Portugal nunca fui profissional. Apesar de muita gente pensar que sim e das exigências que eram feitas serem realmente de nível profissional, a verdade é que nunca fui profissional em Portugal. Tinha sempre de conciliar os estudos com o futebol e isso dava-me sempre muita coisa para fazer. Normalmente, o futebol ficava sempre em primeiro lugar, mas não era a única coisa a que eu me dedicava. Aqui, a diferença é essa. Para além do desafio pessoal, vim para cá também para ter essas condições de profissional e focar-me maioritariamente no futebol, bem como conseguir evoluir técnica e taticamente como jogadora. Foi essa a principal diferença que procurei. Queria que o meu foco fosse o futebol».

    ©Arquivo Pessoal

    «É sempre difícil deixar um lugar onde nos sentimos em casa»

    ZZ: Por cá, as competições foram todas interrompidas e, posteriormente canceladas. Consideras que o encerramento da época foi a melhor opção por parte da FPF?

    FC: «Sem dúvida que sim.  Acho que a saúde pública e o bem-estar de todos está em primeiro lugar. Claro que fiquei muito triste por não disputar as três competições em que estávamos. O campeonato já estava complicado, mas estávamos nas meias-finais da Taça de Portugal e na final da Taça de Portugal e claro que fico triste por não disputar estes títulos. Ainda por cima era a primeira edição da Taça da Liga, mas pronto, penso que foi o melhor. E, não havendo condições para se jogar, creio que foi a melhor decisão. Íamos estar a colocar a saúde de todos em risco».

    ZZ: Com isto, perdeste a oportunidade de te despedires dos adeptos em campo. O que levas dos três anos passados em Braga?

    FC: «A partir do momento que comecei a explorar a hipótese de sair, já estava um pouco à espera de que isso fosse acontecer, mas claro que fico triste. Gostava de me despedir, principalmente dos adeptos, porque o SC Braga foi a minha casa nos últimos três e anos e foi um clube que eu gostei muito de representar. E será sempre uma casa para mim. Para além de jogar, também tive a oportunidade de estagiar lá como nutricionista e conheci outras pessoas que também trabalhavam na academia do Braga, onde nós [equipa feminina] não estávamos com tanta regularidade e criei relações muito boas. Claro que deixa saudades. É sempre difícil deixar um lugar onde nos sentimos em casa, mas sem dúvida que esta foi a melhor decisão que tomei para a minha carreira neste momento. Não guardo rancor nenhum ao clube. Gostei muito de lá estar e quem sabe um dia se nos voltaremos a encontrar».

    ZZ: E o alargamento de 12 para 20 equipas? Concordas? O que achas que vai mudar?

    FC: «Em termos de competitividade penso que, na minha opinião, vai diminuir um bocadinho na primeira metade na época, em que a prova está dividida em duas séries. Se a diferença entre os clubes ditos grandes e os restantes já era grande, então nesta primeira parte do campeonato ainda vai ser maior, mas sinceramente não refleti muito sobre este assunto e também não sei quais seriam as outras soluções que a Federação poderia ter arranjado. Sem haver a possibilidade de jogar, torna-se complicado».

    ©Arquivo Pessoal

    «O nosso objetivo é o quarto lugar»

    ZZ:Voltando ao Heerenveen e ao campeonato holandês. Quais são os objetivos do clube?

    FC: «Este clube é conhecido por ter uma equipa maioritariamente jovem e talentosa e que aposta em jogadoras para que estas possam evoluir as suas capacidades e depois dar um salto ainda maior. Portanto, temos algumas equipas teoricamente mais difíceis, mas o nosso objetivo é o quarto lugar. Gostava muito de ficar mais acima, mas temos noção da diferença que existe – quer em condições, quer em experiência – das equipas que estão mais acima. Os nossos principais rivais são o Ajax, Twente e PSV, que a época passaram ficaram à nossa frente. Mas como ainda não jogámos umas contra as outras também ainda não tive oportunidade de conhecer as outras equipas. Mas sim, o nosso objetivo deve passar pelo quarto lugar e ir o mais longe possível na Taça holandesa. Além disso, penso que talvez vá ser criada uma Taça da Liga em conjunto com clubes belgas, mas ainda não está decidido».

    ZZ: Nas últimas épocas temos assistido a um número cada vez maior de jogadoras portuguesas a rumar aos campeonatos estrangeiros? O quê que isto quer dizer? A qualidade da jogadora portuguesa está agora a ser descoberta?

    FC: «Sinceramente não concordo muito. Até acho que, desde que se criaram as três equipas ditas grandes, houve imensas jogadoras portuguesas que voltaram para a Portugal, porque sabe bem ter condições profissionais perto da família. O facto de algumas jogadoras terem ido para fora, penso que isso também está muito relacionado com as opções das próprias jogadoras e dos passos que querem dar nas suas carreiras. Qualidade nunca faltou, mas acho que o facto de a nossa seleção ter mais visibilidade nos últimos anos também ajudou um bocadinho. Ajudou algumas jogadoras a irem para clubes mais sonantes, sim, mas acho que a decisão de ir para fora é muito pessoal. Nós temos jogadoras com muita qualidade em Portugal e, mesmo lá fora, já temos exemplos mais antigos de jogadoras em clubes sonantes, mas se calhar na altura não se dava tanta visibilidade em Portugal. É verdade que há muitas jogadoras a procurar oportunidades lá fora, mas também é verdade que os clubes portugueses já começam a ter muito boas condições e isso é ótimo. É ótimo atrair a jogadora portuguesa para Portugal e também algumas estrangeiras com qualidade».

    ©Arquivo Pessoal

    «A seleção tem de estar sempre nas prioridades»

    ZZ: Em termos pessoais, tens uma internacionalização pela seleção nacional, em 2018. Está no topo das tuas prioridades voltar à seleção?

    FC: «Acho que para qualquer jogadora portuguesa ir à seleção tem de estar sempre nas prioridades, mas neste momento ainda é muito cedo para pensar nisso. Quero primeiro adaptar aqui no clube e no país. Quero começar a jogar, começar a jogar bem e depois, sim, pensar nisso. Claro que tenho sempre esse pensamento na cabeça, e espero lá chegar, mas um passo de cada vez».

    ZZ:És licenciada em Ciências da Nutrição. Essa é uma ocupação que fica para segundo plano? Ou que, no mundo do desporto profissional, é sempre útil?

    FC: «Seria útil para toda a gente, mas claro que nem toda a gente a pode tirar. Mas claro que, como atleta profissional, é algo que me ajuda todos os dias. Ajuda-me a ter uma noção daquilo que devo fazer e os momentos em que o devo fazer. Portanto, sim, é uma coisa que me ajuda imenso. Agora, se vai ficar para segundo plano ou não, ainda não sei. Talvez sim, talvez não. Ainda não sei. Estou aqui há duas semanas e o foco principal é o futebol. Mas vou ficar aqui um ano e não posso dizer que isso vá ficar para segundo plano, porque nunca se sabe as oportunidades que podem surgir».

    Portugal
    Francisca Cardoso
    NomeMaria Francisca Loureiro Cardoso
    Nascimento/Idade1997-12-13(26 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    PosiçãoAvançado / Avançado (Extremo Direito)

    Fotografias(27)

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