Vic-54 26-04-2024, 08:15
Passo sólido. Passo sólido. Passo sólido. Passo em falso. É este o sentimento de Hugo Firmino após o fecho prematuro de uma temporada «estranha» ao serviço do Estoril-Praia, onde aceitou deixar o papel de protagonista que vinha assumindo nas épocas anteriores para passar a ator secundário face a uma carência nos canarinhos. Pensou no coletivo e descurou o individual numa fase muito importante da carreira. Não se arrepende da decisão, mas garante que aprendeu a lição.
«Foi uma época um bocado estranha para mim. Vinha de uma temporada onde fiz 37 jogos [no Cova da Piedade], oito golos, muitos deles o golo da vitória, em que suportei esse peso nas minhas costas, e passo para uma situação em que perdi tudo aquilo a que estava habituado», introduz Hugo Firmino, em conversa com o zerozero.
«Fui para a Roménia para um projeto que não era bem aquilo que me apresentaram no início. Ainda fiz lá dois jogos, mas acabei por regressar logo a Portugal e quando volto tenho várias equipas interessadas da Segunda Liga: Leixões, Penafiel, Chaves, Cova da Piedade e Estoril. Vim para o Estoril porque era mais perto de casa e também por ser um candidato à subida», prossegue.
«E o que é que acontece!? O lateral lesiona-se, é operado, e o outro jogador disponível para a posição também se lesiona. O treinador [Tiago Fernandes] pediu-me para assumir e eu acabei por aceitar em prol da equipa. Depois há a mudança de treinador e é contratado o João Diogo para lateral direito. Falo com o novo treinador [Pedro Duarte] para começar a jogar na minha posição de origem, pois tinham-me dito sempre que aquela era uma solução transitória, e o treinador não levou a bem o que lhe disse. Mas eu fui sincero! Disse que me contrataram para jogar a extremo e que, se havia laterais direitos disponíveis, não fazia sentido meter um extremo a lateral. Não levou a bem e começou a encostar-me… Enfim, percebi que havia ali muitas injustiças com jogadores…», atira.«Pensei sempre na equipa e comprometi-me a mim um bocado. Fiquei com aquele gosto agridoce. Acho que fiz bem em não bater o pé quando a mudança me foi proposta, mas também fiz mal porque me prejudiquei. Estás habituado a ter uma determinada imagem e depois acabas por desaparecer um bocado e não ter reconhecimento nenhum. É isso que sinto. Estava habituado a fazer golos, assistências e perder isso fez-me confusão», remata.
Cinco anos depois de ter regressado da aventura em Angola, onde teve a oportunidade de jogar competições internacionais que fortaleceram o seu espírito competitivo, Hugo Firmino cimentou-se na segunda liga portuguesa. Passou por vários clubes e jogou sempre. Aos 31 anos sente que está na hora de sair da «zona de conforto» e ir em busca de algo mais. Mesmo depois de uma época aquém das expetativas pessoais.
«Tenho de recuperar o tempo que perdi esta época. Bem… Não foi tempo perdido porque aprendi, mas não me destaquei como queria. Fiquei desiludido, não vou mentir, mas não é isso que me vai atrasar a vida. Isto não me vai desmotivar e vou continuar a correr atrás dos meus objetivos. Tenho mais do que cimentada a minha posição na segunda liga, só que não me contento com isso», defende o extremo, livre para decidir o próximo passo na carreira.
«Tenho 31 anos e preciso de jogar numa liga competitiva. Se jogar na segunda liga estou numa zona de conforto. Preciso de mais para mim. Quero jogar numa primeira liga da Europa: Eslováquia, Eslovénia, Chipre, Roménia, Bulgária… Preciso de jogar numa primeira liga para criar a imagem de um jogador de primeira liga. Em Portugal já tive épocas em que devia ter tido essa oportunidade e não tive. Já não almejo muito esse objetivo», sublinha.«Mas se tiver de ficar em Portugal… Já tive abordagens de clubes do Campeonato de Portugal e Segunda Liga. Por um lado, não tenho pressa para decidir o futuro, mas por outro tenho pressa porque estou um bocado ansioso. O ano passado precipitei-me na Roménia e hoje prefiro esperar um bocado, mesmo ficando ansioso, para dar um passo sólido. Quero ir e não quero voltar como aconteceu este ano. Quero tomar a decisão certa!», conclui.
E se voltarmos a conversar daqui a um ano? «Queria que falássemos de uma época de êxitos, em que fiz mais de 35 jogos e 10 golos. E também de uma transferência para um clube melhor.»