O central argentino acusou o clube che de manobrar «mentiras» por causa da sua alegada renovação de contrato, que se tem arrastado desde o verão de 2019 e que, entretanto, é uma hipótese praticamente nula.
O jogador lesionou-se com gravidade em fevereiro e, desde aí, não houve mais contactos por parte do Valencia, que não teve a melhor postura para com o atleta, segundo a versão do próprio, que fez um vídeo nas redes sociais em que leu um comunicado onde explicou a sua versão dos acontecimentos durante este período.
Estas foram as palavras de Ezequiel Garay:
«É a primeira vez que faço isto em 16 anos que tenho como profissional de futebol e, sinceramente, dá-me muita pena ter de chegar a este ponto, mas vejo-me na obrigação de o fazer por causa da campanha de desprestígio que se está a fazer em relação a mim. Seria mais fácil os meus advogados terem feito um comunicado, mas creio que na vida há que dar a cara e, por isso, dou-a eu. Não me refiro à comunicação social, os jornalistas fazem o seu trabalho e, se lhes dão informações, eles informam. Quando falo em campanha, refiro-me a pessoas do meu clube, que pelos vistos têm a intenão de me desacreditar, como profissional e como pessoa. O meu profissionalismo ficou bem demonstrado durante estes anos, ou pelo menos tentei demonstrá-lo.
Quero deixar claras todas as mentiras que se têm dito sobre mim e a decisão que vou ter de tomar como trabalhador. Toda a polémica foi desencadeada quando se disse que recusei uma oferta de 2,7 milhões de euros, o que é totalmente falso e que deu a entender que eu não quer ficar no clube, o que também é totalmente falso. No dia 2 de julho, o meu representante fez-me chegar uma proposta bastante inferior à que se falou. Fomos negociando no verão, mas, em meados de agosto, começa a instabilidade no clube, que afetou os jogadores, entre eles eu, por causa do Caso Marcelino [ndr: Garay foi dos jogadores que ficaram ao lado do ex-técnico]. A 30 de agosto, disse ao meu representante que estava muito desanimado, tal como os meus companheiros, que preferia acalmar as águas, mas que queria ficar para além desta temporada, ou seja, expliquei-lhe que queria renovar. Ficou tudo parado até dia 13 de novembro, altura em que outra pessoa do clube, Jorge López, me contactou a perguntar se queria renovar. Obviamente que disse sim, e para retomarmos as conversações anteriores para conseguirmos um acordo verbal.
A 7 de janeiro, quando nos encontrámos na Arábia e em que estou apenas à espera da assinatura, um responsável do clube pediu-me para ir a casa do presidente, e aí mudaram as condições que tínhamos acertado. Nesse momento, chegam as conversas para um novo acordo, porque a minha intenção era renovar. Mas mudou o interlocutor, já não era aquele com quem tinha chegado a acordo. As novas conversas foram com Cèsar Sánchez, de quem nunca nunca recebi nenhuma nova oferta nem se negociou a anterior, ou seja, tudo paralisado. No sábado, dia 1 de fevereiro, lesionei-me no joelho e tanto o treinador como César me passam a mensagem de que a intenção era renovar. Pouco depois, pedem-me a baixa federativa, para inscrever outro jogador, eu acedo e pergunto o que acontecerá com a minha renovação. A resposta foi o silêncio. Até ao dia de hoje, não voltei a receber nenhuma oferta, nem sequer qualquer mensagem sobre a intenção de renovar [pausa e emoção do argentino]
Como trabalhador, vou defender os meus direitos, aqueles que foram alterados num aproveitamento desta pandemia por parte do clube. Desde o primeiro dia que quis colaborar com a redução do salário, e de forma a canalizar parte dele para os trabalhadores dos clubes, mas não aceitaram, queriam uma redução maior e meteram-me num sistema de redução salarial estando de baixa médica. Dá-me pena chegar a este ponto, não querer renovar com um trabalhador é totalmente legítimo, mas creio que podia ser feito com uma boa relação, sem acabar mal. Não entendo esta forma de atuar para comigo, porque o meu comportamento foi bom, como pessoa e como profissional. Como jogador, posso ter agradado mais ou menos, mas transparecer que não quero ficar por causa de dinheiro é injusto. Fui feliz aqui e gostava de continuar a ser, mas está visto que não depende de mim.
Tenho dois filhos. Felizmente, um ainda não se apercebe, mas o outro sim. E dói quando me pergunta 'papá, porque estás triste? papá, porque não sorris?' e eu não sei o que lhe responder. Dói muito ser tratado assim. E termino com 'Amunt Valencia'»