Num longo artigo de opinião presente nos jornais desportivos desta segunda-feira, Fernando Gomes apelou à união de todos e afirmou que o «o futuro do futebol não está garantido».
«Vivemos o tempo do impensável. O presente desafia-nos e ao olharmos para o futuro já não alcançamos o que antes parecia certo. O futuro do futebol, lamento dizê-lo, não está garantido. O futebol, durante muitos anos, parecia o centro da vida para muitas pessoas, mas, não aligeiremos as palavras, já todos percebemos que não é», começou por dizer o atual presidente da FPF.
Em termos económicos, o dirigente apelou a decisões ponderadas, com maior margem de manobra para o futuro, e realçou a importância de se diversificarem as fontes de rendimentos dos clubes, sem que estes estejam dependentes das receitas das competições europeias.
«O futebol, como a própria sociedade, tem vivido num modelo económico e comunitário estruturalmente baseado na velocidade das interações. Temos pensado de menos no amanhã [...]», referiu Fernando Gomes, debruçando-se sobre a diversificação das fontes de rendimento.
«Se sabemos que deveríamos ser mais igualitários e solidários na distribuição de receitas, temos principalmente de conseguir diversificar as fontes de financiamento do futebol nacional. Os orçamentos dos grandes clubes portugueses não podem estar dependentes - cerca de um quarto de todas as suas receitas! - das participações nas competições europeias. Mas se essa é a realidade atual, a competitividade internacional dos clubes portugueses tem de ser um eixo fundamental. Esse será sempre o trabalho de muitos, mesmo os que não se apuram com regularidade para as provas da UEFA.
A venda dos direitos televisivos de uma liga forte e competitiva para outros países, hoje financeiramente inexpressivos, poderá ajudar-nos a chegar mais perto de Inglaterra, Itália, Alemanha, França e Espanha, países que já dividem entre si 75 por cento de todas as receitas do futebol europeu. Para termos uma ideia realista do nosso ponto de partida basta saber que quase 90 por cento das receitas dos clubes ingleses resultam da comercialização dos direitos internacionais da Premier League», acrescentou Fernando Gomes.
Neste sentido, o Presidente da FPF apelou à ponderação nas decisões e ainda a uma reflexão «séria e ponderada» para que sejam criadas condições de qualidade para os dois mil jogadores do futebol português.
«Escolher bem diretores desportivos, treinadores, jogadores. Ultrapassada esta conjuntura extraordinária, teremos de evitar as trocas constantes de recursos humanos ao primeiro sinal de que as coisas não correm conforme o planeado. A persistência, a resiliência e o trabalho coletivo dão resultados [...].
O futebol representa 0,25 por cento do PIB português de acordo com um estudo recente. Estes são dados e números que obrigam a reflexão séria e ponderada. Será que o futebol português, com a dimensão que o país tem, é capaz de garantir aos jogadores cerca de dois mil empregos de qualidade? Não podemos permitir que se vendam ilusões a jovens. Temos o dever de os proteger, criar mecanismos que lhes permitam tomar as melhores decisões e tornar óbvia a diferença entre profissional e amador», concluiu o líder da Federação Portuguesa de Futebol.