O futebol parou por todo mundo devido ao surto de coronavírus e por todo o mundo há portugueses à espera de ultrapassar esta situação para voltarem a fazer o que mais gostam: jogar futebol.
Neste tempo em que o exigido é «ficar em casa», o zerozero foi conversar com vários portugueses espalhados pelos quatro cantos do Mundo para perceber como tem sido este período sem futebol e como têm acompanhado toda esta situação, lá fora e em Portugal. Sempre à distância, claro.
Da vizinha Espanha à longínqua Indonésia, o mote passa por ficar em casa e ler os relatos da rubrica: «O meu futebol em quarentena».
zerozero (ZZ): Como tens ocupado o teu dia durante a quarentena?
Ari Oliveira (AO): Ocupo o meu dia com treinos, estudos, dedicação à família e a tratar das lides da casa.
ZZ: Que indicações te deu o clube?
AO: O clube recomendou que ficasse sempre em casa e o nosso preparador físico envia-nos diariamente um vídeo com o tipo de treino que devemos realizar.
ZZ: Como é ficar tanto tempo em casa?
AO: Confesso que a primeira semana de quarentena não custou muito, tendo em conta que me encontrava lesionado no momento da paragem do campeonato, e vi isto como uma oportunidade de ter mais tempo para recuperar melhor e aproveitar para passar mais tempo com a minha mulher e com a minha filha. Agora, estou quase a fazer três semanas de quarentena, já sinto a necessidade de regressar ao trabalho e de ter as rotinas normais.
ZZ: Que conselhos deixas (livros, filmes, séries...)?
AO: Aconselho as pessoas a manterem-se proativas, tanto fisicamente como mentalmente. Penso que são dois aspetos fundamentais para a nossa saúde. Sugiro a realização de exercícios físicos, muita leitura e, claro, dedicação e atenção às pessoas com quem vivem e estão próximas.
ZZ: Tens mantido contacto com os teus colegas?
AO: Mantenho contato diário com os colegas através do nosso grupo do whatssap. É uma das formas que temos para nos distrairmos uns com os outros. Falamos de tudo um pouco, desde as perspetivas de um futuro regresso aos treinos às saudades que temos do nosso ambiente de balneário. Tentamos manter sempre um ambiente saudável e de boa disposição no grupo.
ZZ: Como tens acompanhado a situação em Portugal?
AO: Acompanho diariamente a situação em Portugal e sinto-me muito preocupado. Falo muitas vezes com familiares e amigos que partilham do mesmo sentimento. Tenho visto o grande esforço feito pelos profissionais de saúde e queria aproveitar para deixar uma palavra de apreço para eles. Têm sido incansáveis nesta luta.
ZZ: Como está a situação em Angola?
AO: A situação aqui em Angola está relativamente controlada, na medida em que ainda só temos 19 casos confirmados. Contudo, noto que a população em geral não tem cumprido com o estado de emergência. Ainda circulam muitas pessoas na rua e isso é certamente um grande fator de risco. Apesar de acreditar em dias melhores, sinto-me ao mesmo tempo apreensivo e preocupado com o que poderá acontecer.
ZZ: Há perspetivas para o regresso da liga? Tem sido fácil manter a forma?
AO: Por aqui não temos ainda perspetivas para o regresso. Está tudo numa expetativa muito grande, muito dependentes daquilo que são as orientações do governo e das entidades sanitárias. O treino em casa é muito diferente do treino habitual de campo. Mesmo treinando bastante em casa, sei que não será a mesma coisa em termos de forma física. Ainda assim, o foco e a determinação são enormes, na medida dos objetivos que temos. Estamos na luta pelo título nacional, a poucas jornadas do fim.
ZZ: Quando isto acabar, qual é a primeira coisa que queres fazer?
AO: Sem dúvida que a primeira coisa que farei é deslocar-me a casa da minha mãe, que se encontra aqui em Luanda, e dar-lhe um grande abraço para matar saudades! Estarmos perto um do outro e não nos podermos ver é, de facto, complicado.