moumu 26-04-2024, 03:12
Depois de ter representado a seleção nacional de futebol de praia por várias vezes, Tiago Batalha vive agora um dos maiores desafios da sua carreira, não desportiva, mas profissional.
O fixo de 30 anos é enfermeiro de profissão no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Leiria e tem sido um dos muitos profissionais de saúde na linha da frente contra o Covid-19. Em declarações aos órgãos da Federação Portuguesa da Futebol, contou como vivem a situação.
O combate em Leiria: «Até ao momento, ainda conseguimos ter as coisas mais ou menos controladas. No Serviço de Urgência, há uma área de contingência, onde estão pessoas com sintomas e onde é feito o diagnóstico. Dependendo da situação, as pessoas começam o tratamento e são encaminhadas para casa ou, em casos mais graves, são internadas. Em Leiria temos dois espaços: um onde se tratam os casos suspeitos ou confirmados com covid-19 e outro onde é feito o tratamento de todas as outras situações, isto porque o Mundo não pára.»
As recomendações: «Aconselho muita calma e paciência. São tempos difíceis, ninguém está habituado a isto, a estar em casa e ter as saídas controladas. A solução vai passar por todos, não só aqueles que estão na 'linha da frente'. Todos são importantes neste combate. Estamos cá para ajudar quem precisa, mas quem está de fora tem um papel muito importante para evitar a propagação. Fazendo um paralelismo com o futebol de praia, temos de jogar um pouco na defensiva. Os que estão na 'linha da frente', a partir do momento em que é diagnosticada a infeção, temos de atacar com toda a força.»
As medidas tomadas pelos profissionais de saúde: «Tenho vivido num dilema constante. Sei de profissionais de saúde que já não estão em casa. Alguns alugaram uma caravana e ficam ao lado de casa, outros foram viver para uma segunda habitação. Temos de defender-nos para protegermos a nossa família. No final de cada turno deixo tudo no seu sítio e tento chegar a casa o mais descontaminado possível. Tenho cuidados especiais com a família. Com dois filhos, uma menina com quase nove meses e um rapaz com três anos, é sempre complicado. Já ponderei com a minha esposa, se a situação se agravar terei de passar uma temporada fora de casa. Será muito custoso, mas - a acontecer - será o melhor para todos.»
As ligações a Nápoles: «Tenho estado em contacto com alguns antigos companheiros e as coisas, na região sul, têm estado mais ou menos controladas. Existe uma energia positiva entre nós e é bom sentir que estamos juntos. Temos de nos agarrar às coisas positivas.»