Tozé: «Temos uma enorme responsabilidade no que vai ser o final desta guerra contra o vírus»

O futebol parou por tudo mundo devido ao surto de coronavírus e por todo o mundo há portugueses à espera de ultrapassar esta situação para voltarem a fazer o que mais gostam: jogar futebol.

Tozé 2019/2020

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Neste tempo em que o exigido é «ficar em casa», o zerozero foi conversar com vários portugueses espalhados pelos quatro cantos do Mundo para perceber como tem sido este período sem futebol e como têm acompanhado toda esta situação, lá fora e em Portugal. Sempre à distância, claro.

Da vizinha Espanha à longíqua Indonésia, o mote passa por ficar em casa e ler os relatos da rubrica: «O meu futebol em quarentena».

• Tozé, médio do Al-Nasr, Emirados Árabes Unidos

zerozero (ZZ): Como tens ocupado o teu dia durante a quarentena?

Tozé: Tenho passado praticamente o dia todo em casa. Ocupo o tempo a ver séries, a ler um livro, a jogar Playstation - FIFA online contra amigos que estão em Portugal e colegas daqui - e obviamente que aproveito para fazer exercício dentro de casa ou na varanda. Praticamente só saio de casa uma vez por dia para ir correr. Felizmente tenho essa possibilidade de ter aqui uma zona isolada onde posso correr sozinho, às vezes vou correr com a minha namorada e podemos correr sozinhos junto à praia e é a única altura em que saímos de casa para correr um pouco e ajudar a manter a forma física.

ZZ: Que indicações te deu o clube?

Tozé: Tenho estado em contacto com o clube, recebo todos os dias planos de treino diferentes para fazer em casa. São enviados pelo nosso preparador físico por whatsapp e também somos contactados pela parte do departamento médico para confirmar se precisamos de alguma coisa e se está tudo bem connosco e com a nossa família.

ZZ: Como é ficar tanto tempo em casa?

Tozé: No meu caso tem sido agradável. Os dias têm passado rápido e tenho-me entretido bem. Acho que nestas alturas temos de pensar que o nosso comportamento tem uma importância extrema e que é fundamental no combate ao vírus e a esta pandemia no sentido de voltarmos mais rápido à normalidade. Nos dias em que nos sentirmos mais aborrecidos e com vontade de sair de casa temos que nos lembrar que temos uma enorme responsabilidade no que vai ser o final desta guerra contra o vírus e que todos dependemos desse comportamento. Temos de pensar que estamos a fazer isto por uma causa maior.

ZZ: Que conselhos deixas (livros, filmes, séries...)?

Tozé: De séries recomendo Game of Thrones e Breaking Bad. Obviamente que muita gente já viu, mas para quem não viu acho que tem uma ótima oportunidade para fazê-lo, acho que são séries a não perder, são as minhas favoritas. Recomendaria Westworld, True Detective e uma mais tranquila o Drive to Survive, documentário da Netflix sobre a Fórmula 1 que acho que está muito bom. De filmes recomendaria a trilogia do Batman, do Christopher Nolan, também é a minha trilogia favorita. De livros recomendo os livros do Yuval Noah Harari - Sapiens, Homo Deus e as 21 lições para o século XXI - acho que são ótimas recomendações, de fácil leitura e que podem ajudar a passar o tempo nestes dias.

ZZ: Tens mantido contacto com os teus colegas?

Tozé: Existe um contacto permanente com os meus colegas de equipa do Dubai, mas também com ex-colegas que estão em Portugal e são meus amigos, via whatsapp e Instagram. As conversas são sempre no sentido de perceber se está tudo bem, como estamos nós e as nossas famílias e como temos ocupado estes dias em casa. Inevitavelmente falamos sobre futebol, cada um dá a sua opinião ao que pode acontecer no futuro, se o campeonato se vai jogar, se vai terminar assim, claro que também falamos sobre isso.

ZZ: Como tens acompanhado a situação em Portugal?

Tozé: Obviamente com preocupação. Estando longe a preocupação com a minha família é maior, para tentar perceber se está tudo bem com eles. Tenho falado com eles todos os dias e tenho acompanhado todos os dias as notícias nos canais portugueses para perceber como está a situação no meu país.

ZZ: Como está a situação nos Emirados Árabes Unidos?

Tozé: Nos Emirados a situação é um pouco diferente do que se está a passar na Europa. O número de casos é inferior, no entanto tem aumentado de dia para dia e, também de dia para dia, têm sido tomadas medidas mais fortes no sentido de combater o vírus. Desde domingo que estamos em quarentena voluntária. A Liga tinha sido suspensa desde dia 15, mas o país praticamente fechou tudo só desde domingo, só os supermercados e farmácias estão abertos. Somos aconselhados a ficar em casa e sair apenas em caso de emergência. Os aeroportos aqui do Dubai foram fechados hoje por um período de duas semanas, não haverá voos a sair ou entrar aqui no Emirado do Dubai e é passada a mensagem por parte da família real que o país está preparado para enfrentar esta pandemia, não se vive o pânico que se vive na Europa, mas o país está a tomar medidas fortes para combater o contágio do vírus pela população.

ZZ: Como contas regressar à competição? Tem sido fácil manter a forma?

Tozé: Para já, sim. Tenho treinado bem, tenho feito muitos exercícios, há dias em que treino duas vezes por dia. Obviamente que a intensidade com que treinas durante a semana, com que preparas um jogo é completamente diferente do tipo de treino que fazes em casa, mas até agora tenho-me preparado bem e tenho conseguido manter a forma e também passa por aí o meu objetivo diário. Todos os dias penso que tenho de treinar, que o meu corpo é o meu instrumento de trabalho e que tenho de cuidar dele. Daí ter uma grande preocupação em fazer bons treinos e tentar manter a melhor forma possível durante estes dias.

ZZ: Quando isto acabar, qual é a primeira coisa que queres fazer?

Tozé: Se pudesse a primeira coisa que gostaria de fazer era voltar a Portugal e estar com a minha família, irmos jantar a um restaurante, estarmos todos juntos e sentir que tudo tinha voltado à normalidade, não só com a minha família mas também a nível social.

• A mensagem de Tozé: