Isco adiantou o Real Madrid, mas é o Manchester City quem leva a vantagem. Guardiola voltou a ser feliz na visita ao Santiago Bernabéu, onde a formação inglesa venceu por 1x2 na 1.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. O jogo ficou marcado pelos erros defensivos das duas equipas, por mais uma excelente exibição de De Bruyne e pela expulsão de Sérgio Ramos, que falha o jogo da 2.ª mão.
O duelo prometia muito. Havia talento em campo, no banco e dois treinadores que já foram felizes na Liga Milionária. Guardiola regressava a Espanha e a Madrid, o que também dava um condimento especial a esta partida. Para muitos podia ser uma final de Champions. Não era. Eram apenas os oitavos de final, mas durante 45 minutos jogou-se como se assim fosse.
Não fazemos essa comparação pela espetacularidade do encontro, mas sim pelo medo que as duas equipas tiveram em desequilibrar-se, como se fossem perder uma final. Os oitavos são a duas mãos e talvez isso tenha pesado na hora de atacar as balizas adversárias, tanto distantes durante 20 minutos em que as duas equipas lutavam mais pela bola do que pelo golo.
Não sendo muito habitual, o Manchester City teve bola menos vezes, mas o talento ofensivo dos Citizens - Agüero e Sterling até estavam no banco - servia para ameaçar a baliza de Courtois, que foi o primeiro a ser obrigado a intervir com uma boa defesa depois de um bom lance de Gabriel Jesus. Falamos de duas excelentes equipas e de muito poder atacante, mas neste jogo é preciso destacar o que fizeram os dois guarda-redes. O belga, lá está, foi o primeiro, mas Ederson, quando chamado a intervir, fez uma defesa impressionante depois de um excelente cabeceamento de Benzema. Valeu um golo, que parecia certo para o Real Madrid, mas que não foi para felicidade inglesa.
Uma felicidade pouco duradoura, isto porque a lesão de Laporte foi um golpe muito duro para Guardiola, obrigado a juntar Fernandinho a Otamendi numa defesa que já tinha mostrado muita permeabilidade, especialmente nos flancos. Com mais dificuldades para defender, pedia-se um Manchester City mais virado para o ataque e foi isso que aconteceu na segunda parte.
O problema da equipa de Guardiola é que na baliza continuou Courtois. O belga destacou-se na primeira parte, mas teve muito mais trabalho na segunda, quando o Manchester City decidiu apertar e Mahrez assumiu papel de figura principal. Numa noite apagada de Bernardo Silva, o argelino acabou por ser o elemento mais inconformado e só uma excelente exibição de Courtois impediu os ingleses de chegarem à vantagem. A atacar tudo era mais fácil...
As duas equipas gostam de atacar, as duas gostam de ter bola e os problemas defensivos ajudam a explicar os motivos. O Manchester City tentou passar mais tempo no meio-campo merengue, mas a defesa acabou mesmo por comprometer. Num momento de saída, Walker e Otamendi desentenderam-se e permitiram a recuperação a Modric. Vinícius Júnior definiu bem, algo raro durante o encontro, e entregou o golo a Isco, que desta vez conseguiu contornar a muralha Ederson.
O golo animou a partida e deixou o público merengue entusiasmado, motivando Sérgio Ramos a chegar-se à frente para quase fazer o 2x0. Esteve perto, mas do nada o Manchester City compreendeu que, tal como os ingleses, o Real Madrid também tem sérias debilidades defensivas, bastava compreendê-las.
Parecia tarde, mas Guardiola foi a tempo. A entrada de Sterling deu velocidade e verticalidade à equipa inglesa, mas foi dos pés do melhor em campo, Kevin de Bruyne, que saiu o início da reviravolta. Gabriel Jesus ganhou as costas a Sérgio Ramos, que ficou a pedir falta e acabou por ver o brasileiro festejar um empate que durou apenas cinco minutos.
Completamente perdidos, os jogadores merengues deixaram o Manchester City aproveitar o momento. Carvajal foi pouco inteligente, travou Sterling dentro da área e De Bruyne fez o 1x2. A tempo de conseguir uma vantagem ainda mais interessante para o Manchester City e de deixar Sérgio Ramos em Madrid, isto porque o capitão merengue fez falta sobre Gabriel Jesus quando o avançado ia isolado e acabou expulso.
No final, quem cometeu menos erros levou a vantagem para a segunda mão. Será um pouco este o caminho da eliminatória, mas ainda aí vem um jogo escaldante em Manchester. É esperar para ver.
Não foi um jogo particularmente bem jogado, mas foi bem disputado e animado, especialmente pela segunda parte. O golo de Isco animou a partida e o Bernabéu e a reviravolta do Manchester City foi ao bom estilo da Liga dos Campeões.
É válido para as duas equipas equipas, ainda que por motivos diferentes. O Real Madrid cometeu erros defensivos que têm sido habituais por motivos coletivos, o Manchester City voltou a errar neste capítulo por ter cometido erros individuais também habituais. Uma defesa composta por Walker, Fernandinho, Otamendi e Mendy pode ganhar a Champions? Talvez, mas fica mais difícil.