Uma sequela que o Famalicão agradece...Voltou-se a não ganhar no Municipal 22 de junho e o ponto apareceu mais uma vez no último suspiro, mais uma vez na sequência de um livre. O Marítimo já tinha sentido o sabor amargo, desta vez calhou a fava ao Aves, num 1x1 que, ainda assim, acaba por ser justo, depois daquilo que as duas equipas fizeram.
Quando, aos 22 minutos, Gustavo Assunção obrigou Beunardeau à primeira defesa verdadeiramente mais complicada, o jogo já estava traiçoeiro para o Famalicão. Talvez ainda pairasse na mente dos jogadores a oportunidade histórica perdida a meio da semana, ainda por cima de forma algo injusta, o que é certo é que a grande surpresa do campeonato demorou meia parte a sujar o equipamento do guardião adversário.
Pelo meio, claro, mérito para o Desportivo das Aves. Pela forma agressiva como entrou, pela capacidade de jogar no campo todo, pela objetividade, que obrigou Vaná a um par de boas defesas. Uma equipa que está numa posição tão complicada tem de entrar com este espírito e só faltou o golo para que a estratégia inicial de Manta Santos resultasse.
Aos poucos, a posse de bola dos da casa foi passando a ter alguma consequência. As desconcentrações e as perdas infantis baixaram, o Famalicão obrigou o Aves a recuar e as oportunidades apareceram com naturalidade, pois qualidade é o que não falta. Mas Pedro Gonçalves, Diogo Gonçalves e Patrick não tiveram arte e engenho para evitar que o intervalo chegasse sem qualquer golo. Talvez cada um dos conjuntos merecesse pelo menos mexer o placard.
Não há equipa que resista a duas más entradas. O Famalicão veio dos balneários adormecido, lento, previsível, a querer repetir os maus vícios do início do jogo. O Aves respondia com uma boa organização defensiva e capacidade para esticar o jogo, especialmente através do avançado Mohammadi, que é pau para toda a obra, e do criativo Welinton, que obrigou Vaná a mais uma grande intervenção - Defendi terá de trabalhar muito para voltar à titularidade.
Pode-se escrever, portanto, que o golo da vantagem avense foi apenas uma consequência natural daquilo que se estava a passar no relvado. Lance de transição rápida, avançado a fugir nas costas dos centrais algo presos/desgastados - João Pedro Sousa não mudou uma única unidade - e Vaná a chegar atrasado, também um pouco prejudicado com o relvado escorregadio. Welinton não perdoou no castigo máximo.
Em desvantagem, João Pedro Sousa foi ao banco procurar outras soluções, desde logo a de juntar Anderson a Toni Martínez na frente. O jogo famalicense, por consequência, passou a ser mais direto e quando não aparecia um central do Aves para salvar, lá estava o Beunardeau do costume. Um guardião que pode marcar diferenças numa luta tão complicada como a da manutenção...
Já com menos um, o Famalicão, no último suspiro, no livre final, acabou por chegar à igualdade, entre o desespero de quem viu fugir um par de pontos decisivos. Numa maratona todos os pormenores podem contar, pensarão as gentes da Vila da Aves...
A qualidade de jogo continua a não ser muita, mas Nuno Manta Santos deu outra organização e competitividade a este Desportivo das Aves. Desta vez, a equipa até teve capacidade para discutir o jogo na casa de uma das melhores equipas do campeonato. A manutenção é possível se os resultados continuarem assim...
A equipa de João Pedro Sousa deu uma ótima resposta na eliminatória contra o Benfica, mas, tal como tinha acontecido nos jogos contra Marítimo e Santa Clara, o Famalicão não conseguiu apresentar a qualidade de jogo do costume. O estado do terreno não é desculpa para mais uma atuação de altos e baixos.
Alguns lance de complicada análise para Artur Soares Dias. Acertou no lance da grande penalidade e foi sempre dialogante com os jogadores, evitando um contacto bem mais frio que costuma marcar a atuação dos árbitros. Ficam algumas dúvidas no momento da falta que antecede o tento do Famalicão.