Entre chuva e sol, o Vitória SC voltou aos triunfos ao bater o Santa Clara nos descontos. Uma partida cheia de nervos e onde esteve no banco a solução para o problema de eficácia da equipa de Ivo Vieira. No banco, na equipa B, no Campeonato de Portugal... nos Açores. João Pedro, um açoriano, voltou a fazer sorrir a equipa vimaranense em vésperas da participação na final four.
Há quem diga que faz parte do jogo, há quem se irrite, há quem aponte que seja uma prática legítima, há quem indique que seja algo que estraga o espetáculo. O retardar de reposições de bola e as várias paragens por quedas, a que rotula de anti-jogo em certas ocasiões, foi um aspeto que marcou invariavelmente a partida em Guimarães. E, com isso, o Santa Clara conseguiu equilibrar o jogo e esmorecer o ímpeto ofensivo da equipa de Ivo Vieira.
Sempre que pôde, a equipa de João Henriques tentou abrandar o ritmo de jogo e, depois de começar a defender alto em 4x3x3, baixou as linhas e passou a 4x4x2 para suster o espaço entre-linhas aos vimaranenses. Goste-se ou não do estilo, resultou. Por isso, só perto do final da primeira parte se voltaram a ver lances de perigo junto à baliza de Marco.
Pelo meio, um nervosismo crescente, que acontecia na bancada e no banco (Ivo Vieira e os seus habituais shows de ira e aplauso) e que deixavam também desconfortável uma equipa a viver do passe de Pepê e das tentativas de drible de Edwards - desta vez numa tarde apagada. André André foi a surpresa maior e é reforço para o resto da época, e, por mais que ainda esteja longe do ponto de rebuçado, já se viram bons momentos com bola.
Ora, com isto, era o Santa Clara a estar mais confortável, longe de ter o jogo controlado. A qualidade de Costinha, no vértice esquerdo do meio-campo, permitia-lhe um equilíbrio maior, embora faltassem argumentos (leia-se remates) para pensar em algo mais do que o empate.
Foram 20 excelentes minutos, suficientes para que a vantagem fosse conseguida. Bonatini e Rochinha ficaram a devê-lo às bancadas, que se animavam com o momento. Só que Marco continuou a ser a salvação açoriana.
Nesse período, tal como no primeiro tempo, o Santa Clara aguentou. A crença era que alguma oportunidade enfim chegasse. E assim foi, ao minuto 81, a primeira, que Thiago Santana desperdiçou.
Antes disso, já o estádio tinha estado em ebulição com uma paragem forçada pelo guarda-redes enquanto outro colega era assistido, o que, no fundo, serviu para despertar o jogo para os últimos minutos.
Voltou do balneário com tudo e teve excelentes 20 minutos, com várias oportunidades e apenas com a finalização a impedir um jogo mais tranquilo. Acabou por ser feliz, até porque antes do golo os açorianos atiraram à trave, mas fizeram por merecer a sorte.
Desnecessário. Percebe-se que se procure, contra uma equipa dinâmica, quebrar o ritmo de jogo a cada oportunidade, mas que tal se faça com bola e não de forma menos digna, com constantes quebras e lesões... momentâneas.
Difícil gerir de outra forma o anti-jogo, pelo que era complicado fazer melhor nesse capítulo. No resto, uma arbitragem competente, equilibrada e coerente no critério.