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    Luso-descendente está à porta da seleção do Grão Ducado

    De Guimarães ao regresso a Pétange: conheça Artur Abreu, figura da liga luxemburguesa

    No meio de milhares e milhares de portugueses espalhados pelo Grão-Ducado, Artur Abreu faz parte de uma geração diferente. Filho de pais naturais de Baião, município do distrito do Porto, Artur já nasceu no Luxemburgo. Há 25 anos. Por lá cresceu, sem nunca esquecer as raízes e a língua de Camões.

    É jogador de futebol profissional no Union Titus Pétange, o surpreendente líder do campeonato luxemburguês, e dizem-nos que é «o melhor ou um dos melhores jogadores da liga». Há outros que acrescentam mesmo que merece há muito um lugar na seleção do Luxemburgo.

    Artur Abreu
    BGL Ligue 2019/2020
    11 Jogos  990 Minutos
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    «O Artur é um monstro. Tenho a certeza de que mais cedo ou mais tarde vai ser chamado à seleção daqui.  Neste momento, é uma injustiça muito grande não ser chamado», conta-nos o treinador do Pétange, o português Carlos Fangueiro.

    Não está entre os convocados do selecionador Luc Holtz para o encontro com Portugal, algo que teria sido um «sonho ainda maior», mas promete não descansar até que lhe seja confiada essa oportunidade.

    O presente no 'seu' Pétange, o passado que conta com uma passagem muito recente pelo Vitória SC e o futuro contados na primeira pessoa em entrevista ao zerozero.

    Artur Abreu esteve uma temporada no Vitória SC ©Vítor Parente / Kapta+

    Vitória SC? «São momentos que não se esquecem»

    zerozero (ZZ): Como é que o futebol aparece na tua vida?

    Artur Abreu (AA): Tinha uns seis anos quando comecei a jogar no Differdange, que era praticamente ao lado de minha casa. Fiz lá a formação toda até aos seniores. Depois estive emprestado a um clube mais pequeno - FC Luna Oberkorn -, voltei no ano seguinte ao Differdange e mais tarde mudei-me para o Pétange, que é onde estou agora.

    ZZ: Um clube fundado em 2015 e que resulta da fusão de duas antigas equipas, certo?

    AA: Sim, é verdade. O CS Pétange e o FC Titus Lamadelaine. Assinei no ano em que fizeram essa tal fusão, portanto entrei logo no início do projeto.

    ZZ: Calculo que seja um clube muito importante na tua carreia…

    AA: Sem dúvida! Ajudou-me a crescer muito enquanto pessoa e jogador e foi graças ao Pétange que consegui viver o sonho de ser profissional num clube como o Vitória SC.

    ZZ: Ainda bem que tocas já nesse ponto. Como é que surge essa oportunidade em Portugal?

    AB: Em primeiro, tinha essa ambição de sair. Tinha feito uma boa época no Luxemburgo e os dirigentes do Vitória SC, fruto de uma parceria que tinham com o Petange, deram-me a oportunidade de lá ir passar um mês à experiência. Entretanto regressei ao Luxemburgo e passado uns meses recebi a notícia de que queriam que eu voltasse. Tinham gostado do que viram…

    ZZ: E como se recebe uma notícia dessas?

    AB: Fiquei muito contente e orgulhoso por ter a sorte de jogar num clube tão grande como o Vitória, mesmo sendo na segunda equipa, já era um sonho e fui tentar a minha sorte.

    ZZ: Acredito que tenha sido uma mudança muito grande em relação ao que estavas habituado…

    AA: Sim, foi um pequeno choque... Sair aqui do Luxemburgo, onde as condições de trabalho são muito reduzidas, onde só tens um ou dois campos, e ir para o Vitória onde tens sete ou oito campos. Uma pessoa sente-se mais jogador em Portugal do que aqui. As condições, os relvados, os métodos de treino… Tudo é diferente. Em Portugal vive-se mesmo o futebol, aqui ainda é algo mais secundário, embora esteja a evoluir.

    ZZ: A experiência dura apenas uma temporada e regressas ao Luxemburgo. Ficaste de alguma forma desapontado?

    AA: O começo foi difícil. Estive de julho até dezembro sem jogar… Era treino, treino e mais treino. Mas também se percebe. Vinha de um campeonato mais pequeno, o treinador podia ter as suas dúvidas em relação às minhas capacidades, mas felizmente surgiu a oportunidade e a partir daí nunca mais saí da equipa. No fim da época tive de sair por causa da idade. Na segunda equipa só podes ter um jogador acima dos 24 e eu nesse ano fazia os 24. Foi um choque e não escondo que fiquei um pouco dececionado…

    ZZ: De um lado o voltar a casa e do outro uma oportunidade que passou. É um sentimento algo amargo, não?

    AA: É isso mesmo… Mas são momentos que não se esquecem. Joguei no Vitória, marquei um golo ao Benfica B do João Félix, joguei contra o Dalot e contra o Demiral… Fiquei triste por ter de voltar porque acredito que as coisas teriam sido diferentes se tivesse sido dois anos mais cedo. Mas não se pode mudar nada. Felizmente consegui viver esse momento e deixei lá amigos com quem ainda hoje falo. Isso é muito bom.

    ZZ: Regressas ainda com mais força e os números deste ano – oito golos e três assistências em 11 jogos – provam que o Artur tem qualidade a mais para o campeonato Luxemburgo? Acreditas que pode surgir uma oportunidade tão boa como a do Vitória?

    AA: Trabalho para isso. Tenho 25 anos e talvez com um bocado de sorte possa voltar a ter essa oportunidade. Mas agora só tenho é de pensar em ajudar a minha equipa, com golos e assistências, e continuar com a minha humildade.

    ZZ: Estão num surpreendente 1.º lugar. Era algo que imaginavam nesta altura?

    AA: O nosso objetivo era o top 5 e estamos em primeiro já com 11 pontos de vantagem para o quarto classificado. Começamos muito bem a época e isso ajudou-nos na motivação para o trabalho. Faltam agora dois jogos para acabar a primeira volta e pensamos em terminar bem para começarmos a segundo ainda com mais força e vontade.

    Artur Abreu é o capitão do Union Titus Pétange ©Wildson Alves Photography

    Artur bate à porta da seleção do Luxemburgo

    ZZ: Muitas pessoas ainda têm a perceção, talvez errada, de que o campeonato ainda é muito amador, mas não deixa de ser verdade que já se começa a assistir a uma evolução… 

    AA: O Luxemburgo é visto como um campeonato amador e é… Existem apenas duas ou três equipas mais profissionais. Mas indo até à tua questão. Eu acho que a qualificação do Dudelange para a fase de grupos da Liga Europa permitiu mostrar o futebol luxemburguês ao mundo inteiro. E isso acaba por cativar os jogadores estrangeiros a virem também para cá. Ainda este ano o Jeunesse jogou contra o Vitória… As pessoas começam a ver o futebol de outra forma.

    ZZ: Reparei que a tua não convocatória para seleção tem sido um dos temas aí no Luxemburgo. Há muita gente que defende que tens qualidade e que já provaste o suficiente para essa chamada. Como olhas para a situação?

    AA: Uma pessoa pensa sempre em jogar pela seleção… Não te digo que fico contente ou triste por não ir… A verdade é que afeta sempre um bocadinho, sobretudo porque já não é a primeira vez que isto acontece. Mas eu tenho é de continuar a fazer o meu trabalho e tenho a certeza, se continuar neste nível até ao final da época, a minha oportunidade de ir à seleção vai aparecer de forma natural. Agora, sim, é uma coisa que ambiciono.

    ZZ: Mas teria sido ainda mais especial ter sido convocado nesta, por exemplo. Não?

    AA: Seria cereja em cima do bolo, ainda melhor que aquilo que ambicionava. Claro que era uma coisa boa ter a oportunidade de jogar contra jogadores como o Ronaldo, mas é como te disse antes. Tenho de continuar a trabalhar, ser humilde e esperar pela minha oportunidade. O meu dia vai chegar.

    ZZ: E como é que a comunidade portuguesa está a olhar para este jogo?

    AA: Especial. São muitos portugueses, sempre que Portugal vem cá toda a gente vai a correr para comprar os primeiros bilhetes. O estádio vai encher! 

    ZZ: Portugal vai jogar em casa?

    AA: Praticamente [risos]. Vão estar muitos portugueses no estádio

    ZZ: Portugal e Luxemburgo. Como está isso dividido no teu coração?

    AA: São os dois importantes. Se ficar o empate é bom para os dois. Gosto dos dois. Pode ficar o empate [risos].

    ZZ: Se voltássemos a falar no final desta época, o que gostarias de contar?

    AA: Gostava de te dizer que tinha ajudado a equipa com muitos golos e assistências e que o Petange terminou o campeonato no top-4 ou top-3 e que vai às competições europeias na próxima época. Seria a primeira vez na história do clube e seria ótimo!

    • Fotos gentilmente cedidas por Wildson Alves Photography

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