Um rio de diferenças

Vai-se do Estádio do Dragão a Coimbrões em menos de dez minutos, assim o trânsito na ponte o permita. Dali ao estádio de Pedroso não é muito mais, e é um percurso que qualquer jogador do FC Porto conhece bem, até porque o Olival está logo ao lado. Este é um duelo de vizinhanças, de locais bem conhecidos por todos os protagonistas, mas as semelhanças esgotam-se na geografia.

O Douro serve de representação para o mais do que óbvio fosso entre clubes, e no futebol não há pontes que facilitem a travessia. Para deixar para trás as diferenças há que encher o peito e nadar até à exaustão. É nisso que o Coimbrões acredita: que o esforço extremo, aliado à atenção aos detalhes e a uma eventual noite menos boa do adversário podem dar para «fazer Taça». Isso e, talvez, aquela pontinha de sorte... como um galho para agarrar quando o fôlego falta. 

Baró foi reintegrado na equipa e pode ser opção ©FC Porto

Na outra margem há um gigante destas andanças do futebol português. 16 troféus como aquele pelo qual se luta estão no museu e o desejo só pode passar pela conquista de mais um, aquele que escapou nas últimas oito temporadas. Ter visto o carrasco das últimas duas edições tropeçar logo na entrada em cena, em Alverca, poderá servir aos dragões de motivação... mas também de aviso, porque na Taça pode acontecer a todos.

É certo, ainda assim, que não veremos o onze de máxima força do FC Porto, no mínimo porque há lesões que não o permitem. Jesús Corona e Marega estão fora de combate, garantiu-o Sérgio Conceição, enquanto as portas estão abertas para os regressos de Sérgio Oliveira e Romário Baró, vindos de lesão. As longas viagens de jogadores como Uribe, Luis Díaz ou (talvez em especial) Shoya Nakajima também terão influência na escolha da equipa.

Por outro lado, a Taça de Portugal é, muitas vezes, a Taça das Oportunidades para jovens jogadores de clubes grandes, em especial em partidas como esta. Saravia precisa de mostrar mais do que aquilo que já conseguiu, Loum suspira pelos minutos que ainda não vieram nesta época, Fábio Silva sonha com a estreia a marcar em jogos oficiais pelos graúdos do clube do coração. A oportunidade pode não ser para todos, mas é para agarrar, sem margem para falta de motivação.

Pedro Tavares, o capitão, está há 13 anos no Coimbrões

Para os homens de Pedro Alves, os homens da casa - ou da casa emprestada -, a questão da motivação... nem será uma questão. Estará pela frente um dos principais representantes do futebol nacional, o maior clube da região e uma oportunidade para todo e qualquer atleta do Coimbrões mostrar ao país que vale muito mais do que as três derrotas seguidas da equipa no Campeonato de Portugal.

Espera-se uma festa do distrito, uma festa do Norte, um arraial de boa vizinhança... pelo menos até que a bola comece a rolar.