Parte I - O regresso pela porta do Vitória FC: «É uma boa oportunidade para relançar a minha carreira»
Parte III - Nabil Ghilas: «Sonhos? Os meus sonhos já passaram...»
Após um ano muito bem conseguido do ponto de vista individual, nem a descida de divisão no Moreirense impediu o salto de Ghilas para um dos grandes do futebol português. A porta do FC Porto abriu-se para o internacional argelino, que admite não ter estado à altura do desafio. «Se tivesse sido mais tarde...»Espanha e Turquia fizeram parte do roteiro do avançado de 29 anos nas últimas cinco temporadas e não foram esquecidas nesta segunda parte da entrevista a Ghilas.
ZZ (zerozero): Como é que o futebol aparece na vida do Ghilas e surge a oportunidade para vir para Portugal?
Nabil Ghilas (NG): Já faz muito tempo. O meu irmão [Kamel Ghilas] estava a jogar em Guimarães e eu gostava muito de o ver. Depois tive uma oportunidade para fazer uns testes no Moreirense e consegui ficar.
ZZ: Como correu a adaptação?
NG: Não foi fácil. Nunca é fácil sair do país e ficar longe da família... Mas depois consegui habituar-me a isso.
ZZ: As coisas acabam por correr relativamente bem, pois o Ghilas acaba por ir para o FC Porto, mesmo com a descida de divisão no Moreirense. Como é que viveu esse momento?
NG: Fiquei muito feliz. O FC Porto é um clube muito bom, um clube histórico do futebol português... Não estava à espera. É verdade que fiz uma boa época, mas descemos de divisão.
ZZ: Qual foi a reação à notícia?
NG: Não acreditei ao início. Pensei que estavam a brincar comigo. Depois disseram-me: "É verdade, vais jogar no FC Porto". E eu aí só pensei em dar o meu máximo para que as coisas corressem bem.
ZZ: E que tal essa passagem por lá. Uma equipa com muitos craques...
NG: É verdade. Esses craques ajudaram muito os mais novos.
ZZ: Acredito que tenha sido uma passagem importante na sua carreira...
NG: Sim, mesmo.
ZZ: O que faltou para se afirmar?
NG: Agora com o tempo, percebo que faltou mais cabeça, mais profissionalismo. Quando és novo e não tens ninguém que te apoie é difícil. E quando és mais velho tens essa capacidade de olhar para trás e perceber os erros que fizeste.
ZZ: Acabas por ser emprestado para o Córdoba e depois para o Levante. O que aprendeste em Espanha?
NG: Portugal e Espanha não têm muita diferença. Posso dizer apenas que a qualidade dos jogadores talvez fosse um pouco maior.
ZZ: E jogar contra os dois melhores do Mundo?
NG: Eles não são humanos, é impressionante!
ZZ: Vais para a Turquia ao fim de dois anos em Espanha, mas na altura até se falou que não querias muito ir por causa do conflito armado. O que se passou?
NG: Sim, ao início não estava muito convencido. Ouvia falar nesse conflito, mas depois acabou e eu fui. Vivi bem lá.
ZZ: Acreditas que com este regresso a Portugal podes regressar também à Seleção. é um objetivo?
NG: Objetivo não... Já estou de fora da seleção há muito tempo. Mas, se me chamarem, claro que estarei sempre disponível para ajudar o meu país.