O tempo vai passando, as ideias também e o FC Porto parece, aos poucos, estar a melhorar. É claro que ainda faltam corrigir alguns erros, ganhar algum entrosamento e também tomar algumas decisões, mas Sérgio Conceição, que tem uma equipa bastante diferente daquela que terminou a época passada, tem razões para ir dormindo melhor.
No teste perante o Betis, o FC Porto teve bons períodos, outros com maiores dificuldades, mas saiu com nota claramente positiva. O resultado é o que menos interessa nesta fase, mas o empate (1x1) no tempo regulamentar acabou por ser justo para as duas equipas. Nos penáltis, um fez toda a diferença e é a equipa azul e branca a disputar a final.
Já há intensidade. Ainda em processo de preparação para o arranque da época, com muitas mudanças, mas com um aspeto em comum à equipa. Este já é um FC Porto intenso, ainda com processos por resolver, com alguns períodos de dificuldade na transição defensiva, mas forte na pressão e muito objetivo no ataque, perante um rival exigente, mas um pouco mais atrasado na preparação, com um novo treinador - saiu Setién e entrou Rubi - para aprender novas ideias.
Em pleno verão, Conceição não levou os miúdos ao Algarve para eles irem à praia. Tomás Esteves, Baró e Fábio Silva começaram de início e trataram de dar razão ao treinador portista, mostrando vontade de ganhar espaço no plantel, como fizeram as caras novas, Nakajima e Zé Luís. O último marcou, o primeiro acertou no poste, isto já depois de o Betis ter chegado ao golo.
A formação de Sevilha deixou no passado uma tática com três centrais e apresentou-se num 4x4x2 com muita mobilidade, mas com capacidade para ter bola. William Carvalho, neste regresso à equipa depois das férias e também a Portugal, foi, juntamente com Canales, fazendo rodar a bola e o meio-campo portista demorou a acertar. Loum esteve pouco tempo em campo, saiu lesionado e Danilo tardou a chegar ao ritmo necessário. Aproveitou o Betis, com um ex-FC Porto.
Com Manafá também de regresso, à esquerda, o extremo que passou pelos dragões fez uma jogada à Tello e, com velocidade e talento, colocou na cabeça do reforço Juanmi, que apareceu sozinho na área, com Baró e Tomás Esteves a olharem um para o outro. Os dragões pareciam um pouco mais apáticos, mas aos poucos ganharam confiança para pressionar e quando a bola andava distante os avançados recuavam para ter jogo. A intensidade voltou a subir e Zé Luís, até então escondido, quis ganhar pontos e com um remate em arco, de pé esquerdo, aproveitou o espaço deixado em aberto por Fábio Silva para fazer o empate num jogo de teimosos.
A equipa espanhola insistia em jogar desde trás, o FC Porto apostava na verticalidade, mas com pormenores interessantes nos espaços interiores. Depois de Zé Luís ter encontrado espaço na zona central, Nakajima procurou imitar o colega de equipa, mas o poste impediu que o regresso a Portimão, onde foi tão feliz, fosse coroado com um golo. Valeu a intenção e o sorriso, na cara do japonês e dos portistas, ansiosos pelo que o ex-Portimonense pode mostrar. O empate chegava com o FC Porto por cima, mas esperava-se uma equipa completamente diferente na segunda parte, nem que fosse pelos 11 (!) jogadores que iam aquecendo e que entraram no início da segunda parte.
É normal, na segunda parte dos jogos de pré-época, escrevermos que o ritmo da partida baixou com as substituições e que as equipas perderam qualidade, mas desta vez não foi assim. Se o Betis mexeu apenas uma vez, o FC Porto entrou com uma equipa completamente diferente. Nem um sobrevivente. Aliás, sobreviveu a equipa.
Durante cerca de 20 minutos foi um FC Porto à imagem do que tinha feito na primeira parte, com muita pressão na saída de bola da equipa bética e com um quebra-cabeças à esquerda. Bem diferente de Nakajima, Luis Diaz mostrou que pode ser um dos destaques do FC Porto, mas sobre isso é mesmo melhor ler o nosso artigo com análise individual às caras novas.
Adiantamos-lhe que o lado esquerdo dos dragões foi o mais perigoso e que o ataque mostrou potência, ainda que com armas diferentes. Soares obrigou Robles a brilhar, isto enquanto um dragão com chama ia engolindo um Betis claramente sem fôlego.
De forma a resolver esse problema, Rubi mexeu na equipa e a solução veio mesmo do banco. Mais dinâmico e com mais velocidade, o Betis causou mais problemas ao FC Porto. Diogo Costa tinha tido 25 minutos mais tranquilos, mas a etapa final foi de aperto sevilhano, ainda que sem grandes ocasiões de perigo.
Aí foi testada a transição defensiva portista, apesar do aperto, Sérgio Conceição terá ficado satisfeito com o exame. Houve dificuldades, mas também houve aprendizagem, exatamente o que se procura nesta altura. Para decidir quem ia à final da Copa Ibérica foi preciso ir a penáltis e aí o FC Porto afastou um fantasma da última época. Diogo Costa defendeu um, Marín não defendeu nenhum e os dragões têm um troféu para disputar no domingo.