Benfica mais eficaz? Lage dá aula tática e garante: «Durante 60 minutos fomos a melhor equipa»

Sim, é por demais evidente que o Benfica tem sido MAIS EFICAZ nos momentos decisivos - facto não apenas reconhecido no rescaldo do importantíssimo clássico de Sábado quando o próprio Sérgio Conceição lamentou a menor eficácia portista no mesmo - como sim no decurso das últimas semanas. Em termos relativos, no mesmo período o técnico portista vi a sua equipa a desperdiçar uma confortável vantagem de 7 pontos para o rival e agora encontra-se a 2 pontos (mais um terceiro ponto "teórico") nas sua...ler comentário completo »

Sim, é por demais evidente que o Benfica tem sido MAIS EFICAZ nos momentos decisivos - facto não apenas reconhecido no rescaldo do importantíssimo clássico de Sábado quando o próprio Sérgio Conceição lamentou a menor eficácia portista no mesmo - como sim no decurso das últimas semanas. Em termos relativos, no mesmo período o técnico portista vi a sua equipa a desperdiçar uma confortável vantagem de 7 pontos para o rival e agora encontra-se a 2 pontos (mais um terceiro ponto "teórico") nas suas traseiras! De facto enquanto o plantel azul e branco exibe inerentemente um maior domínio estatístico nos seus jogos em termos de posse do esférico, remates, cantos, etc. torna-se notório a sua incapacidade para traduzir essa vantagem teórica numa vantagem no marcador: tal aconteceu em Guimarães, Moreira de Conegos e aconteceu "en su sitio" perante o seu rival direto. Em outros casos, a vitória - mesmo que consumada - tende em ser alcançada mais "em esforco" e por números pouco expressivos (mesmo que em vários casos tal tivesse implicado da necessidade de uma reviravolta. . . ).

Em contrapartida, o Benfica produz mais vitórias com um caudal ofensivo significativamente mais dilatado que o Porto. Essa conclusão já tinha eu apurado num caso de estudo, ao comparar os resultados do clube da Luz frente aos primeiros 6 da liga com os respectivos embates dos portistas diante os mesmos adversários. Não pretendo saturar os leitores com os números precisos do exercício (porque já o fiz 3 semanas atrás) mas o resultado é (e continua a ser) peremptório: o clube lisboeta marca (muito) mais golos e conquista mais pontos com um domínio significativamente mais reduzido que o clube da Invicta exerce! No Clássico de Sábado manteve-se a fidelidade desse padrão ao qual os dragões (aparentemente) não têm meios de livrar. . . Porque será? Vejamos que o Porto para marcar um tento tem que criar no mínimo uma dezena de jogadas atacantes e efectuar pelo menos meia-dúzia de remates! O Benfica não obedece essa tendência: nas últimas semanas houve instâncias que começou as partidas praticamente a ganhar (ao Nacional e Aves, por exemplo): marcou uma dezena ao Nacional, meia-dúzia ao Braga e outros tantos tentos ao Sporting (mesmo que o VAR tivesse "anulado" dois). E depois, num jogo equilibrado na Cidade-berço os encarnados tiveram a felicidade mesmo ao cair do pano que desertou o Porto aquando da sua visita ao mesmo relvado - jogo este que dominou na íntegra.

Esta ineficácia tem pois de ter uma explicação: a equipa tem valor, produz muito futebol atacante - tal como testemunha a sua série "recorde" de vitórias e invencibilidade - mas não tem sido tão feliz na concretização como ao início da época. Esta latente incapacidade de concretização por parte do Porto - que se manifesta porventura na fase mais crítica da época - é a mesma com que a equipa deixou escapar a Taça da Liga, quando ao "internar" o seu adversário no seu meia-campo nos primeiros 36 minutos da parte complementar da partida, o máximo que logrou produzir foi 2 remates na direcao contraria, tendo a segunda tentativa sido bem sucedido mas apenas graças a um brinde do guardião leonino. . .

Paira entao a questao: porque então tem o Porto tem ineficaz em encontrar o fundo das redes nas últimas semanas: será devido ao factor físico ao acusar em demasia o cansaço de uma época longo onde se envolveu em 4 frentes, será pela malapata das lesões acumuladas ao longo da época (tal como ocorreu na época passada), será por um crise de confiança, de identidade própria ou cultura vencedora (sinceramente não creio que seja o caso) ou simplesmente por uma manifesta infelicidade das circunstâncias do jogo (bolas ao ferro, guardiões adversários "em forma", golos anulados pelo VAR, etc. )? Ou deveria o a chave do problema ser abordada de uma perspectiva de gestão do plantel ou então do sistema de jogo implementado que comeca a ser demasiadamente previsivel? Em ambos os casos posteriores o dedo terá forçosamente de ser apontado a Sérgio Conceição (quer queiram quer não) porque em todo historial do clube dificilmente será possível deparamo-nos com exemplo similar em que o título nacional é (hipoteticamente) perdido após uma liderança na liga munida de 7 pontos de vantagem. . .

No sentido oposto, a EFICÁCIA do Benfica está pois de parabéns: desde o despedimento do Rui Vitória as águias têm sido (de facto) a equipa mais regular, mais EFICAZ e por esso motivo triunfaram justamente no Dragão e assumem a liderança da liga. Claro que de uma perspectiva portista ainda se mantém intacto o sonho do título mas a partir de agora deixamos de depender apenas de si. . . Há jogos que marcam uma época: se o jogo que marcou a época transacta foi a vitória portista arrancada a ferros na Luz na sua fase conclusiva, então receio o último Clássico disputado no Dragão poderá muito bem significar o reverso da medalha. A ver vamos. . .


« esconder