A viagem de Chaves ao Jamor é longa e fez-se com oito pontos de distância. Com a corda ao pescoço, os flavienses viajaram a casa de um Belenenses SAD tranquilo e a querer intrometer-se na luta europeia, onde, curiosamente os transmontanos estiveram até à última na temporada passada. Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades.
Daniel Ramos viajou da Madeira para Chaves, mas o princípio não está a correr da maneira que o treinador certamente esperava e a estadia pode ser mais curta do que era expectável. A precisar de pontos como de pão para a boca, os flavienses entraram no Jamor com ambição e vontade de aproveitaram os erros defensivos cometidos pelo Belenenses SAD.
A equipa de Silas ia mexendo com os tempos do jogo - ora reduzia o ritmo em posse, ora aumentava a velocidade em contra-ataque -, mas em termos de oportunidades foi o Chaves a começar por mandar no jogo, mas sem conseguir assumir a liderança do marcador, isto porque, no Jamor, mora um Super Muriel. O guardião brasileiro está a atravessar um excelente momento e segurou o nulo no momento de maior dificuldade para a sua equipa.
Se das iniciativas pela direita do ataque flaviense Muriel foi enorme, o caminho contrário também não foi o do sucesso. Ghazaryan esteve perto de o alcançar, mas tudo o que conseguiu foi acertar no poste esquerdo da baliza do Belenenses SAD.
A equipa de Silas aguentou a forte pressão e quando conseguiu a aproximação à baliza de Ricardo, que também já tinha dado nas vistas com duas boas estiradas, mostrou como se faz. Bela combinação no miolo, onde André Santos, quando tinha espaço, ia sendo importante, e o cruzamento de Diogo Viana a encontrar o desvio de Henrique e, posteriormente, o pé direito de Licá. Quem não marca, sofre. É uma velha lição que nunca falha e que colocou o Belenenses SAD em vantagem ao intervalo.
Nessa condição de dominador do resultado, o Belenenses SAD foi também dominador na segunda parte. Nem sempre foi preciso ter bola para o fazer, mas a equipa de Silas soube sempre controlar a partida e com tranquilidade até acabou por criar jogadas mais articuladas do que no primeiro tempo.
Perante um Chaves a sentir a pressão do resultado e da tabela classificativa, o Belenenses SAD mostrou bons momentos de construção, de um lado ao outro do campo e a partir da defesa e se no primeiro tempo marcou na ocasião mais flagrante, na segunda parte ficou a dever a vantagem mínima à falta de eficácia no momento de finalizar.
Sem conseguir selar a partida, o Belenenses SAD deu à formação transmontana razões para acreditar, mas as ideias da equipa de Daniel Ramos foram poucas e limitaram-se a bolas despejadas para a área de Muriel, que resolveu sempre sem grandes problemas, tirando mais uma bola no poste já nos descontos, e manteve a vantagem da equipa de Silas, que já leva 18 pontos e vê os lugares europeus cada vez mais perto. Os tempos mudaram mesmo e para o Chaves não se afiguram dias positivos. Para já, é a garantia de mais uma jornada a segurar a lanterna vermelha.