Ispeaksempolemicas 26-04-2024, 17:16
*com Mário Rui Mateus
Miguel Valença vai ser o ou um dos treinadores mais jovens do Campeonato de Portugal, ao serviço do Oliveira do Hospital. Fora dos relvados, prossegue os seus estudos (licenciatura em Treino Desportivo), ao mesmo tempo que conjuga a sua atividade empresarial no ramo da organização de eventos. Até à temporada passada, também acumulava as funções de treinador nas camadas jovens do Nogueirense e de coordenador da formação da União 1919.
Aos 28 anos, este homem dos ‘sete ofícios’ é uma figura respeitada e conhecida, não só no futebol conimbricense, mas também em toda a zona centro. O antigo guarda-redes também é uma espécie de ‘agente’, em quem vários treinadores e equipas procuram conselhos e jogadores que complementem os seus plantéis.
«Foi muito positivo e enriquecedor a todos os níveis. Na altura não foi uma decisão fácil porque nunca tinha tido nenhuma experiência na modalidade, mas queria sair da minha zona de conforto e ‘conhecer’ outra realidade. Foi uma aposta mais que acertada, da minha parte, pela experiência na modalidade, mas não correu como eu desejava ao nível individual e coletivo», afirmou o conimbricense.
Após esta passagem pelos pavilhões portugueses, Miguel Valença regressou às ‘raízes’ para jogar no futebol distrital. Ainda na mesma época, mudou-se para Leiria, onde representou o Clube Caçadores de Ansião, um clube com história no distrito e conhecido pelo seu ambiente familiar.
«Tomei a decisão de voltar aos relvados, por vários factores. O mais relevante foi o intuito de me preparar para a época seguinte e tentar o regresso aos campeonatos nacionais. O Ansião deu-me essa oportunidade e estou muito grato. Um grande clube com excelentes pessoas. Foi um gosto ter partilhado o balneário com um grupo de trabalho com pessoas cinco estrelas», referiu o atual timoneiro do Oliveira do Hospital.
Após cumprir 26 jogos na temporada de regresso ao Nogueirense, que garantiu a manutenção, chegou a nova etapa. O novo comandante dos campeões da Divisão de Honra da AF Coimbra 2017/18 admitiu que treinar sempre foi um sonho, no entanto, não esperava que a oportunidade surgisse tão cedo.
«Não tenho intenções de voltar atrás na minha decisão porque esta é a carreira que quero e sempre quis seguir, mas seria hipócrita se dissesse que estava a espera desta oportunidade tão cedo. (…) Já era um ‘namoro’ antigo, mas por outras razões. O Presidente entrou em contato comigo e apresentou-me o projecto. Não foi fácil a decisão confesso, por todas as condicionantes a que estava sujeito, mas foi pensada e ponderada», contou o antigo guarda-redes do Nogueirense.
Na hora de traçar objetivos pessoais e coletivos, Miguel apontou a manutenção como o objetivo principal «porque todos sabem as dificuldades que um clube, depois de subir, tem para se conseguir manter». Já a pressão e a ‘estranheza’ impostas pela sua juventude, o técnico considera-as «perfeitamente normais» e quer «transformá-las em reforços positivos» para si e para o grupo.
Os trabalhos na formação da ‘Beira Serra’ já arrancaram, uma vez que a época começa a 11 de agosto. Quanto ao plantel, transitam de 2017/18 os guarda-redes Nando Pedrosa e Francisco Júnior (juniores), os defesas Tiago Dias, Romário e Pedro Zago (juniores), os médios Diogo Brito, Jorge Guti, Luís Pedro, Luís Martins, David Almeida e Guimba (juniores) e os avançados Fred Santana e Henrique Oliveira.
Os formatos do Campeonato de Portugal têm suscitado discussões no seio do futebol português. Miguel Valença é uma das vozes críticas deste modelo, que «não está ajustado a orçamentos, equipas e desempenho ao longo da época», preferindo «a II Divisão B, modelo que vigorava anteriormente». Apesar destas dificuldades para os ‘recém-chegados’, o jovem treinador acredita que a manutenção é possível.
«Vai ser difícil as equipas provenientes das distritais se manterem enquanto este formato se mantiver porque existem orçamentos muito dispares nas séries. Em contrapartida, em 2018/19 existem mais equipas e menos lugares de despromoção, o que aumenta as nossas probabilidades. Confio muito nas minhas capacidades, no projeto desenvolvido e na equipa, que dá garantias para alcançar o objetivo», rematou o timoneiro natural de Coimbra