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    Português falou ao zerozero

    Nem os ares da Roménia levam João Diogo a esquecer «o clube do coração»

    Depois de se ter feito homem no Marítimo e de ter a primeira experiência fora da sua casa no Restelo, João Diogo vive uma nova etapa da sua vida. O lateral, que tem jogado a extremo e que até já passou pelo meio-campo, está, pela primeira vez, no estrangeiro, mais propriamente na Roménia, onde representa o Gaz Metan.

    qGostava de voltar ao Marítimo, é sempre outra coisa jogar no clube do coração
    João Diogo
    Depois de uma carreira construída em Portugal, João Diogo, que fez recentemente 30 anos, vive a sua primeira aventura fora de portas e o zerozero falou com o jogador para perceber como está a correr a sua adaptação... e não só. Ao longo da entrevista João Diogo conta-nos os motivos que levaram a que a ida para a Roménia apenas tenha acontecido em 2018, explica um pouco do que se passou no Belenenses e conta-nos que um dos seus sonhos passa pelo regresso a casa, ao clube do coração, o Marítimo. Com um filho a caminho, João Diogo diz o que lhe vai na alma e fala também sobre o clima de insuspeita que se vive no futebol português.

    Chegou a meio da temporada à Roménia ©Arquivo Pessoal

    A primeira aventura e uma adaptação... de cabeça

    ZZ: Aos 30 anos, como corre essa primeira experiência no estrangeiro? Sei que marcaste na última jornada, de cabeça (ver vídeo no final da entrevista). Conta-nos como está a ser essa aventura na Roménia.

    A equipa começou a ganhar agora, estamos a melhorar jogo a jogo. As coisas ao início não estavam muito bem, estamos a lutar para não descer, mas já conseguimos o apuramento para a meia-final da Taça da Roménia, ganhámos o primeiro jogo para o campeonato desde que eu cheguei e fiz um golo. As coisas estão a melhorar gradualmente, cada vez nos conhecemos melhor uns aos outros.

    ZZ: Vi-te a falar português numa conferência de imprensa, a nível do idioma como está essa adaptação?

    É uma liga diferente, mas tem bastantes jogadores que falam português e isso facilita a adaptação. Somos uns cinco que falam português, com os romenos no início é difícil, mas aos poucos começamos a dar-nos bem. Falamos em inglês, as coisas têm vindo a melhorar, tanto na adaptação como no jogo.

    ZZ: Há play-off para o campeão, play-out para descer. Conta-nos um pouco de como é o futebol pela Roménia.

    O futebol é muito mais agressivo, os árbitros deixam jogar muito mais, não é como em Portugal que estão sempre a marcar faltas. O jogo é feito com um ritmo muito intenso, levamos contra-ataque e quando recuperamos a bola já estamos nós em contra-ataque. Não é tão bem jogado como em Portugal, mas é muito competitivo e intenso.

    ZZ: No verão já se falava que tu irias para a Roménia. O que correu mal?

    Acabou por não haver acordo entre mim e o Craiova, entretanto lesionei-me e no Belenenses as coisas não correram muito bem nesses seis meses. Decidi vir para cá porque precisava de jogo, tenho contrato até final da época, quem sabe se não posso voltar a Portugal? Vim no sentido de ajudar, estamos na meia-final da Taça contra uma equipa da Segunda Liga, que também é uma boa equipa, e é um objetivo do clube ir à final. Vamos tentar manter a equipa na Primeira Liga e ir à final. Depois, quem sabe? Tanto posso voltar a Portugal como, se aparecer uma coisa boa fora, posso continuar fora.

    Fez a formação no Marítimo e saiu quando já era capitão do clube ©Global Imagens / HELDER SANTOS

    As boas e as más memórias

    ZZ: Como é que foi a decisão de sair do Marítimo depois de uma ligação praticamente umbilical?

    A saída do Marítimo foi difícil, é sempre difícil abandonar o clube do coração. Espero um dia poder voltar a jogar no Marítimo, mas na altura achei que era o melhor para mim, para a minha carreira e para a minha família. Custou-me imenso, era o capitão, mas não houve acordo entre mim e o presidente. Entretanto veio a proposta do Belenenses, agradou-me, foi um bom projeto e arrisquei porque também quis sair um bocado da Madeira.

    ZZ: E o que motivou a saída do Belenenses?

    No Belenenses tive uma boa época, no ano passado. Este ano, com a chegada do Domingos, as coisas complicaram um bocado para mim. Perdi o meu espaço, não por causa do futebol e da qualidade, mas de outras coisas que não quero falar. Depois tive a proposta da Roménia, não houve acordo, depois da Polónia, mas lesionei-me a uma semana do fecho do mercado e fiquei três meses lesionado. Nos outros seis meses fiquei parado, sem ser opção.

    João Diogo
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    Depois tive esta equipa a fazer-me uma proposta, estávamos de acordo com os valores, apesar da posição em que o clube estava gostei dos jogadores que sabia que vinham para cá, vi alguns jogos e vi que havia qualidade, as coisas é que não estavam a acontecer. Decidi vir para cá, seis meses, e depois logo vemos se as coisas correm bem para, talvez, voltar a Portugal. A minha mulher está na Madeira, vamos ser pais e não é fácil. Nesta altura da carreira pensamos um bocado e gostava de tentar voltar a Portugal e ficar, a não ser que chegasse uma proposta irrecusável fora e aí ficaríamos por cá.

    ZZ: Fizeste recentemente 30 anos. Quais são os caminhos que esperas para o teu futuro?

    Eu não gosto muito de pensar no futuro, gosto de pensar no presente e fazer as coisas bem. Agora a minha esposa foi para a Madeira, não podia ficar cá por causa da gravidez, fica difícil estar longe da família, é por mim e por eles. Espero que as coisas corram bem e depois quem sabe? Posso continuar cá, o campeonato é bom, há equipas fortes, mesmo o Gaz Metan tem tido dificuldades mas é uma equipa que dá todas as condições aos jogadores.

    Chegou a envergar a braçadeira do Belenenses ©Carlos Alberto Costa
    Eu não fecho portas. No Marítimo a porta não fechou, pelo menos por mim. As coisas não aconteceram, entretanto falei com o presidente quando jogava no Belenenses e depois no Belenenses também saí a bem com o presidente, foi mesmo a situação com o Domingos. Eu não fecho nenhuma porta, porque não se sabe o dia de amanhã.

    ZZ: Já percebi que não queres falar muito do que se passou no Belenenses, mas ficou alguma tristeza por saíres da forma que saíste?

    Tristeza não. Estive lá uma época e meia, metade não foi boa, mas por situações sem ser o futebol. A primeira época foi muito boa. Fiz 37 jogos, marquei dois golos, fiz uma época regular, os adeptos gostavam de mim. As pessoas até ficavam admiradas porque tinha acabado de chegar e já era um dos capitães. De um dia para o outro, com a chegada de certas pessoas, tiraram-me a braçadeira, perdi o espaço na equipa. Coisas fora do campo que aconteceram, mas que prefiro nem falar sobre isso. Não estava a ter minutos, não sabia se as coisas iam funcionar e quis sair, até porque nunca tinha tido uma experiência fora do país.

    Regresso à Madeira é desejo assumido ©Catarina Morais

    As «manchas» do futebol português e os sonhos para o futuro

    ZZ: Já que falaste em coisas fora do futebol. Como tens visto este clima de suspeita no futebol português que tem afetado bastante os jogadores?

    q O futebol português tem muita qualidade, só que as pessoas já não olham a meios para atingir um fim
    João Diogo
    Eu estive alguns anos na Primeira Liga e falhei. Falhei na Luz, falhei em lances que deram golo, em outros jogos, é normal, o ser humano erra. As pessoas que estão por fora e fazem parte das equipas grandes estão a fazer muita pressão no campeonato português. Estão a pôr em causa o profissionalismo dos jogadores e não acho isso correto. Os jogadores têm dignidade, não acredito que nestes casos, por um erro, os jogadores sejam vendidos. Errar é humano e eu acho que o jornalismo em geral está a dar muita atenção a essas pessoas que têm vindo falar e isso está a estragar o futebol português. O futebol português tem muita qualidade, só que as pessoas já não olham a meios para atingir um fim. O objetivo é ser campeão e não interessa se é preciso passar por cima de alguém, sujar a dignidade e profissionalismo de um jogador.

    Esteve em duas finais da Taça da Liga pelo Marítimo ©Global Imagens / PEDRO_ROCHA
    Ganham-se os jogos é no campo e não a fazer pressão a semana toda. Há jogadores que se estão a destacar na Liga, em equipas mais pequenas, e não se ouve falar neles, todas as semanas abrimos o jornal e lê-se que se abriu um inquérito a uma equipa ou a um jogador. Eu, que estou aqui na Roménia, não ouço falar nada disso. Há polémica, como em todos os sítios, mas não há nada disso. Toda a gente olha para o campeonato português como um campeonato com qualidade e jogadores com qualidade, mas depois está a perder-se um pouco por causa disso. Não acredito que algum jogador receba dinheiro para perder. Há dois ou três anos falava-se da mala, que era para ganhar, agora fala-se em jogadores pagos para perder. Isso tem de mudar, isso mancha o profissionalismo dos jogadores que trabalham bem e não merecem isso.

    ZZ: Para finalizar, que sonhos ainda tens por cumprir?

    Um dos meus sonhos é conquistar uma Taça ou um campeonato, estive duas vezes na final da Taça da Liga e não consegui. Vamos ver se este ano, na Taça da Roménia, consigo conquistar, deixar a minha marcar e poder contar aos meus filhos e aos meus netos. Depois há outra coisa, gostava de voltar ao Marítimo, é sempre outra coisa jogar no clube do coração. Naqueles últimos 15 minutos dás sempre um bocadinho mais quando as coisas não estão a correr bem.

    Portugal
    João Diogo
    NomeJoão Diogo Gomes de Freitas
    Nascimento/Idade1988-02-28(36 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    PosiçãoDefesa (Defesa Direito)

    Fotografias(79)

    Taça de Portugal: Camacha x Tondela
    Liga 2: GD Estoril x GD Chaves

    Comentários

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    motivo:
    CS
    João Diogo
    2018-03-24 12h20m por CS_Maritimo
    Quando vi que não estava a ser opção no Belenenses, fiquei com esperança que voltasse para o Marítimo. Ficávamos com dois grandes laterais direitos, o que possibilitava maior rotatividade.
    João Diogo
    2018-03-24 11h47m por 4lfredo
    Lateral direito que até aprecio, tem qualidade no meu ver de estar em clubes como o V. Guimarães, Marítimo, Rio Ave ou Chaves.
    Bom lateral
    2018-03-24 11h20m por voltou_apito_dourado
    tinha lugar em pelo menos 10 equipas da liga
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