O Benfica recuperou de dois golos de desvantagem e, com as segundas (ou terceiras) linhas, conseguiu empatar em casa do Boavista, num jogo onde deu para Rui Vitória proporcionar as estreias de Pedro Pereira, Kalaica e Hermes e fazer também Paulo Lopes campeão. Foi uma festa bonita.
Um Boavista a colocar-se na dianteira, mesmo sem ter feito muito por isso, é facilmente explicável por um onze radicalmente diferente de Rui Vitória. Radical mesmo! Destes 11, mais de metade não deverá marcar presença nos 18 do Jamor e provavelmente nenhum será titular. O que serve para justificar toda uma primeira parte de erros defensivos e ofensivos.
Kalaica e Pedro Pereira fizeram a sua estreia e defenderam o lado direito e a curiosidade é que o golo até surgiu do outro lado, num espaço dado entre Lisandro (o bombeiro da equipa neste período) e Eliseu (o capitão... na despedida?). Hermes também se estreou, e logo a médio esquerdo, à frente de Eliseu num corredor que, basicamente, não funcionou. Por aí também andou Horta, regressado à titularidade oito meses depois de Nápoles...
Um cenário aproveitado em parte pelo Boavista. É verdade que a equipa de Miguel Leal optou pela estratégia mais fácil, esperando os (muitos) erros do adversário, quer em passes, quer em posicionamentos, mas podia ter sido mais arrojada com bola. Não o foi, jogou q.b. e chegou ao intervalo a ganhar e sem conceder uma única oportunidade. Portanto, não se poderia dizer que era um Boavista pouco capaz. Mas perdeu uma boa oportunidade de tentar um resultado mais notável.
A uma bem melhor posse encarnada depois dos balneários (as palavras de Rui Vitória eram necessárias), o Boavista respondeu com renovada eficácia: depois de Renato Santos, foi Schembri a marcar a Júlio César. Outra vez entre o lateral esquerdo e o central das águias.
Tudo foi colocado em xeque com o golo das águias, inventado em zona central por Rafa e concluído por Mitroglou, o que deu finalmente ao jogo a tensão que ele merecia, perante 20 mil intensos na bancada.
Um lance que trouxe também descoordenação a um Boavista mais fatigado na sua retaguarda e incapaz de segurar a frente de ataque encarnada, onde Mitroglou se ia arrastando, embora arrascando as marcações que fizeram abrir espaço para os colegas.
Até que, no último sopro, qual estreia de sonho, Kalaica subiu na área e cabeceou para o empate, que se ajustou.