Tal como acontece com os jogadores, são vários os treinadores portugueses que alargaram os horizontes e decidiram vivenciar uma aventura no estrangeiro. É o caso de Rui Capela, que trabalhou até esta segunda-feira nas camadas jovens do 3 de Febrero, clube que tem a sua equipa principal na segunda divisão paraguaia.
Enquanto jogador chegou a ser internacional júnior com Carlos Queiroz e competiu na Liga pelo Farense. No entanto, uma lesão grave tirou-lhe o sonho de singrar ao mais alto nível como atleta profissional, algo que pretende agora como treinador.
Tendo treinado as equipas de sub-17 e sub-18 do 3 de Febrero, Rui Capela é o grande responsável pela primeira conquista internacional do clube paraguaio, tendo ganho sem qualquer derrota um torneio de prestígio pela equipa de sub-17, no qual participaram equipas do sul do Brasil, do Uruguai e do Paraguai.
«Fomos campeões do Torneio Internacional em Santa Catarina, uma prova que é bastante conhecida na América do Sul neste escalão e que tem bastante expressão internacional. Fomos à final contra o Avaí, de Florianópolis, e ganhámos, naquele que foi o primeiro título internacional conquistado pelo 3 de Febrero», afirmou, em entrevista ao zerozero.pt, o treinador de 44 anos, que mais recentemente venceu um título nacional pelos sub-18, tendo sido primeiro classificado do campeonato de intermédia, uma competição na qual o 3 de Febrero na época anterior tinha terminado como sétimo classificado.
No entanto, não foi só no plano coletivo que o Torneio Internacional de Santa Catarina correu bem, no pessoal também. Rui Capela foi eleito o melhor treinador da competição e ganhou a possibilidade de comandar uma seleção de sub-17 na Holanda. Algo que não veio a acontecer por também estar à frente dos sub-18 do 3 de Febrero.«Fui considerado o melhor treinador em 96 equipas presentes e o prémio foi ser escolhido para ser selecionador e eleger os melhores jogadores da competição para formar uma seleção para competir num torneio na Holanda. No entanto, por também estar à frente dos sub-18 e por estarmos a competir em várias frentes, não pude participar nessa prova».
Rui Capela era coordenador técnico do Esperança de Lagos quando decidiu abraçar a experiência no Paraguai. Para conseguir a oportunidade teve que criar um projeto para o 3 de Febrero, ganhando a corrida a outros pretendentes.
«Estava no Esperança de Lagos como coordenador técnico em 2010 e conheci um representante que tinha contactos na América do Sul. Ele acompanhou o meu trabalho no Esperança de Lagos e pediu-me que realizasse um projeto para adaptar no Paraguai na coordenação técnica, função que sempre desempenhei em Portugal», contou Rui Capela ao zerozero.pt.
«Foram expostos três projetos no Paraguai e o meu foi o escolhido pelos investidores do 3 de Febrero», acrescentou.
Tal como em Portugal, Rui Capela foi para o Paraguai para exercer as funções de coordenador técnico, responsabilidade à qual teve que acrescentar em 2011 o cargo de treinador da equipa principal do 3 de Febrero.
A experiência como treinador durou pouco, pois Capela voltou à coordenação técnica, tendo mesmo iniciado o projeto que culminou com a equipa principal do 3 de Febrero, clube no qual Óscar Cardozo iniciou a carreira de jogador, a garantir a subida ao principal escalão do futebol paraguaio.
No entanto, a vontade de voltar ao trabalho de campo falou mais alto e em 2013 o português decidiu apostar a sério na carreira de treinador, depois de 12 anos a coordenar. O 3 de Febrero deu-lhe essa oportunidade nas equipas de sub-17 e sub-18 e por ambas já conquistou os títulos acima referidos.
«Os projetos que tenho em mente são os de continuar a desenvolver o trabalho que tenho feito sem passar por cima de ninguém, com perseverança, espírito de sacrifício e humildade para aprender todos os dias e crescer», acrescentou.
O futuro, contudo, já não deverá passar pelo Paraguai. Rui Capela não chegou a acordo com 3 de Febrero para continuar ao serviço do clube e por isso está de regresso a Portugal, disponível para um próximo projeto.
«Foram três anos lindos no 3 de Febrero. Agora estou de regresso a Portugal e gostava de treinar cá. Já treinei na primeira Liga do Paraguai e começar cá numa segunda Liga seria fantástico. Mas o que quero mesmo neste momento é dar continuidade a este processo de evolução como treinador».