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Andriy Shevchenko: Shevagol

Texto por Miguel Amaral
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Andriy Shevchenko, um dos avançados mais completos na história do futebol. Numa era recheada de goleadores de excelência – Ronaldo, Henry, Van Nistelrooy, Raul ou Vieri –, a lenda ucraniana esteve no topo do futebol mundial durante vários anos ao serviço do AC Milan, sendo um ídolo para a apaixonada massa adepta Rossonera.

Capacidade para utilizar os dois pés, facilidade de remate, mobilidade ou um forte jogo de cabeça foram algumas das características que acompanharam Sheva durante grande parte da sua carreira, coroada com a conquista da Bola de Ouro de 2004.

A afirmação em Kiev

Nascido numa família com ligações militares na antiga União Soviética, Andriy mudou-se nos primeiros anos de vida para os arredores de Kiev. Chegou a praticar Boxe em criança, mas a vontade de jogar futebol apareceu ainda cedo para o futuro craque.

Após algumas rejeições de clubes e escolas ligadas ao desporto – uma devido à sua capacidade de drible – nos primeiros anos de formação, o jovem Sheva conseguiu um lugar no gigante Dynamo Kyiv, o principal emblema da Ucrânia. Desenvolveu as suas capacidades com o passar dos anos e brilhou em 1990 na Taça Ian Rush para equipas Sub-14, recebendo no final do torneio um par de chuteiras da antiga lenda galesa.

Com 16 anos, Andriy atuou pela primeira vez pela vez na equipa de reservas do Dynamo Kyiv, sendo o melhor marcador deste conjunto, que atuava na segunda divisão ucraniana, na temporada 1993/94. 

A estreia na equipa principal aconteceu em outubro de 1994. Sheva conquistou, com o passar do tempo, mais protagonismo no Dynamo Kyiv – dominava as competições internas – e acabou a época de 1995/96 já com o registo de 21 tentos apontados.

@Getty / EuroFootball
Após alguns meses de menor fulgor individual, o regresso do mítico técnico Valeriy Lobanovskyi ao Dynamo Kyiv catapultou o futebol do avançado para outros patamares. Realizou uma fantástica temporada em 1997/98, com uma exibição memorável em Camp Nou, onde apontou um hat-trick antes do intervalo na visita ao FC Barcelona. Os ucranianos caíram nos quartos de final da Liga dos Campeões com a Juventus, no entanto, o nome de Shevchenko ganhou muito protagonismo no futebol europeu.

A época seguinte serviu de confirmação que Andriy era uma estrela em ascensão. Igualou o registo da campanha anterior de 33 golos e provou que o futebol ucraniano já era demasiado pequeno para o seu talento, apesar do Dynamo Kyiv ter atingido as meias-finais da Champions. O AC Milan apareceu com uma verba a rondar os 24 milhões de euros – transferência recorde na altura - e levou o avançado para Itália.

Ídolo em Milão

Poucos esperavam o rápido impacto que Sheva teve no AC Milan. O avançado não sofreu com problemas de adaptação à competitiva Serie A, provavelmente o melhor campeonato europeu na viragem do século. Apontou 24 tentos na edição 1999/00 da prova e foi o melhor marcador, logo no seu primeiro ano no futebol transalpino.

Andriy seguiu de pontaria afinada na época 2000/01, porém, o rendimento coletivo dos Rossoneri não foi o desejado. As campanhas seguintes do ucraniano foram afetadas por problemas físicos, contudo, viveu um momento fantástico em 2003, ao marcar o penálti decisivo que permitiu ao AC Milan bater a Juventus, em Old Trafford, nas grandes penalidades e conquistar a Liga dos Campeões. Dias mais tarde, Sheva não esqueceu quem foi importante na sua carreira e levou a sua medalha de vencedor até à campa do antigo técnico Valeriy Lobanovskyi, falecido em 2002.

Na temporada 2003/04, o futebol de Shevchenko voltou a ganhar a sua melhor cor. Apontou o tento decisivo na vitória do AC Milan sobre o FC Porto na Supertaça Europeia e foi peça fulcral na caminhada Rossonera até ao triunfo na Serie A, pela primeira vez na sua passagem no clube. Repetiu o troféu de melhor marcador da competição com 24 golos.

@Ben Radford / Getty Images
Após provavelmente a campanha mais regular da sua carreira, recebeu a 9 de dezembro de 2004 a Bola de Ouro e tornou-se no terceiro ucraniano, depois de Oleh Blokhin e Igor Belanov, a conquistar o prémio. Todos atletas que trabalharam com o mítico Valeriy Lobanovskyi

Uma fratura num osso da face afetou a temporada 2004/05 de Sheva. Em maio, os papéis inverteram-se e Andriy falhou o penálti decisivo da decisão no emotivo duelo entre AC Milan e Liverpool, que resultou no triunfo dos Reds nessa edição da Champions, em Istambul.

Uma época consistente na campanha seguinte encerrou a primeira passagem do ucraniano pelo AC Milan. Após vários anos de assédio, o Chelsea de Roman Abramovich pagou mais de 43 milhões de euros e garantiu a mudança do avançado para a Premier League.

Os problemas em Londres e os regressos onde foi feliz

Não foi uma passagem fácil de Shevchenko pelo Chelsea. O físico já não era o de outros tempos e os sinais de regressão começaram a aparecer. A concorrência de Didier Drogba também dificultou a tarefa ao avançado, que nunca se conseguiu estabelecer como titular do clube… nem justificar o investimento em si feito.

@Getty / Laurence Griffiths
Os 14 golos apontados na primeira temporada nos Blues não tiveram a sequência desejada na época seguinte. No verão de 2008, Sheva procurou voltar a ser feliz e foi emprestado ao AC Milan, porém, o regresso não foi o esperado…

Andriy mostrou estar longe do nível apresentado na primeira passagem pelos italianos e apontou apenas dois tentos em toda a época. Esta campanha não apagou as boas memórias dos adeptos do clube a grande marca que o ucraniano deixou nos milaneses: 174 golos em 322 jogos disputados!

A sua carreira deu uma volta completa e terminou com três épocas no Dynamo Kyiv, onde explodiu para o futebol. Foi um final de história feliz para a lenda ucraniana que, com inteligência, soube ser útil e uma referência no emblema da capital, nas batalhas frente ao poderoso Shakhtar Donetsk.

Faltou mais talento na seleção

Andriy Shevchenko teve um contexto complicado na sua seleção. O futebol ucraniano vivia um período de reconstrução após o fim da União Soviética e faltou mais talento que acompanhasse o avançado no seu auge.

A estreia de Sheva na seleção principal aconteceu em 1995 e rapidamente afirmou-se como uma das figuras da equipa. Após várias tentativas falhadas, a primeira qualificação para uma grande competição aconteceu no Mundial 2006.

@Getty / Christopher Lee
Uma organizada equipa ucraniana conseguiu o surpreendente feito de atingir os quartos de final, tendo a eliminação chegado pela poderosa campeã Itália. Anos mais tarde, apareceu a melhor forma de dizer adeus…

A Ucrânia organizou o Euro 2012 com a Polónia. O palco escolhido por Andriy Shevchenko para o adeus. Com as gigantes França e Inglaterra no grupo, a seleção de Leste ficou pelo caminho nesta fase, mas Sheva conseguiu despedir-se nos grandes palcos e perante o seu povo.

Política e o cargo de selecionador

Após o final da sua fantástica carreira, Sheva tentou a sua sorte no mundo da política e esteve envolvido nas eleições parlamentares do seu país em 2002. Contudo, o futebol voltou a cativar o seu interesse e iniciou a carreira de treinador.

@Getty / Ian Walton
Em 2016, Shevchenko foi anunciado como adjunto de Mykhaylo Fomenko na seleção ucraniana, assumindo o lugar principal depois de uma prestação negativa no Euro 2016.

Com alguns antigos elementos do AC Milan na sua estrutura e um grupo de atletas bastante talentoso, levou a sua equipa à vitória no grupo de apuramento para o Euro 2020, após falhar a presença no Mundial de 2018. Acabou por ter bastante sucesso e conduziu a nova geração de talentos até aos quartos de final do Euro 2020, onde foram eliminados pela Inglaterra. No final do torneio, acabou a sua ligação à Ucrânia e foi substituído por Oleksandr Petrakov.

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