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Opiniões

O Melhor dos Jogos

Carlos Daniel

2020/01/09

Este espaço, do jornalista Carlos Daniel, pretende ser de abordagem e reflexão sobre o futebol no que o jogo tem de melhor. Quinzenalmente, uma equipa será objeto de análise, com notas concretas que acrescentam atualidade.

Estranho jogo este, no qual parece postular-se que a experiência se ganha não experimentando. O futebol é talvez a única atividade assim. O que falta a este jogador? Experiência. E o que se faz então? Espera por uma oportunidade, não experiencia. Treina. Ou joga, mas pouco. Mas depois também se diz que é nos jogos e não nos treinos que se adquire maturidade. Valham-nos as equipas B e os sub-23, sim senhor, mas é terreno curto quando o talento é amplo. Os melhores não têm idade e antecipam a maturidade. Só não dispensam a coragem de quem os lance.

Há muito anos - que há coisas de que só os do século passado se lembram bem - o Benfica lançou cedo Chalana e aproveitou-o em pleno durante umas oito épocas até o trocar por um mealheiro gordo de Bordéus. Já o Sporting hesitou com Futre, admitiu cedê-lo por empréstimo à Académica - a ele, Futre, que é, como Chalana, um dos 5 melhores portugueses que vi jogar - e acabou por perdê-lo para o Porto. Perdeu o jogador e a transferência, a maior até então do futebol português, para o Atlético de Madrid. A história dá lições e deveria ensinar-nos que os maiores talentos não são como secretárias de rececionista: ficam mal na sala de espera. Bernardo Silva valeu 15 milhões ao Benfica, num alegado bom negócio - diziam muitos ao tempo - porque não jogava. Foi duplo mau negócio, porque deveria ter jogado mais pelas águias e teria rendido muito mais dinheiro. Ponto comum: o talento que se espera que cresça quando já está maturado, ou então que ganhe músculo, na ilusão tonta de que se pode desenvolver no ginásio a concretização do talento que só o jogo autoriza. Não separe a máquina o que deus uniu.

Até porque alguns já trazem de origem tudo o que é necessário, como Trincão. Deixá-lo crescer? Não, deixá-lo é jogar. Reconhecer que o despedimento de Sá Pinto foi extemporâneo e mal explicado – e foi! - não impede que se pergunte como não houve mais cedo espaço para Trincão. Está ali um dos melhores da grande colheita portuguesa de 99, vintage seguramente, a mesma de Félix. E Félix é um bom exemplo de alguém que devia ter estado menos tempo na sala de espera.

No mesmo ano, 1999, nasceu no exótico Burkina Faso aquele que já é -demonstrou-o exuberantemente diante do Benfica - um dos melhores centrais do campeonato português, e dos melhores três ou quatro, não de um grupo anónimo de dez ou quinze. Tapsoba vai jogar em breve num grande da Europa, seja por cá ou noutro país. A maturidade precoce está lá toda, num pacote completo que inclui personalidade, qualidade técnica, velocidade, sabedoria na utilização do físico. O Vitória de Guimarães tem ouro. Ele e Marcus Edwards só não atingem o topo se não quiserem. Eles e quem os escolhe. E querem outra previsão de ano novo? Fábio Silva. Não engana. Está aí, pronto a explodir no Porto, o melhor ponta de lança português dos próximos anos, acima do bom nível de André Silva ou Gonçalo Paciência. E é mais que um ponta de lança, que Fábio sabe também associar-se e servir. Estou mesmo convencido de que já o melhor de todos os homens de área que treinam no Olival. Só falta prová-lo. E para isso só falta jogar mais vezes.

Nota coletiva – Nápoles – É o exemplo de um clube sem estratégia, que está em perda sem entender porquê. Aurelio de Laurentis é o exemplo de presidente - como há alguns em Portugal – que por andar nisto há uns anos pensa saber mais que os treinadores e acredita poder impor-lhes regras absurdas no futebol. Não percebeu que foi Maurizio Sarri, na sua imensa competência técnica, a causa principal do crescimento da equipa que mais mordeu os calcanhares da Juventus em anos recentes. A opção seguinte foi pela experiência de Ancelotti e agora pela agressividade de Gattuso. Tinha tudo para dar mal, e está a dar. No futebol, ser competente vale sempre mais que ser experiente ou agressivo.

Nota individual– Romelu Lukaku– No latifúndio, ele reina. Se há espaço, desbrava-o como ninguém. Conte, que o conhece bem, não hesitou em fazer crescer o novo Inter em redor do mais potente ponta de lança deste tempo. Com Lautaro Martínez faz uma daquelas duplas que os italianos adoram, de gigante e esquivo, como Skhuravy e Aguilera há um par de décadas num Génova memorável. E no país das marcações ao homem, está como peixe na água. Se cada um marca o seu, é só passar o dele, que o relvado se abre a seguir como as águas do mar Vermelho na história bíblica. E esta história acaba muitas vezes no fundo da baliza contrária.

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kropotkin: um conselho para si ;)

2020-01-10 10h08m por nunosslopes

Caro Kropotkin:

Antes que comece a destilar inveja, mais uma vez, sobre o excelente profissional que e o Carlos Daniel, aconselho o a ler o seguinte artigo:
http://blogdebeleza. com. br/blog/creme-nivea-da-latinha -azul-12-formas-de-usar/

Nao precisa de ler as 12 formas. . . eu deixo lhe o paragrafo mais importante:
"Creme Nívea para os cotovelos

É uma região mais áspera por natureza. Costuma ficar mais escura, porque ...ler comentário completo »

Tema Artigo

2020-01-09 19h55m por Pinho352

A experiência dos jogadores e a aposta nos jovens é um tema que hoje em dia passa um pouco ao lado das pessoas ligadas ao futebol, mas que na minha opinião devia ser mais bem explorado e felizmente foi mencionado e relativamente desenvolvido neste artigo. Muitas das vezes, o sucesso de uma equipa não é só pegar numa mala de dinheiro e comprar os mais caros (e supostamente melhores), mas também é preciso contratar um treinador de qualidade que também saiba "olhar para dentro do clube", ver quem joga por lá e saber se tem condições para singrar no respectivo clube.
São muitos os casos de jogadores que não foram mais além simplesmente porque no clube os seus treinadores não lhe deram a suficiente continuidade ao nível de jogos para mostrar o seu valor ou simplesmente não eram adeptos dessa política. Na aposta em jovens, destaco dois nomes grandes do futebol mundial, Arsène Wenger e Alex Ferguson.
O francês no Arsenal foi conhecido pela revolução que operou ao chegar ao futebol inglês e pela implementação do futebol latino que era completamente oposto ao kick and rush da altura. As conhecidas apostas em jovens tiveram enorme êxito no seu reinado, basta falar dos casos de Vieira, Henry, Kolo Toure, Ashley Cole, Clichy, Fabregas, Song, van Persie, Bendtner, Wilshere, Walcott, Oxlade-Chamberlain, Coquelin, Ramsey, Bellerin, bem a lista é mesmo grande.
Tal como no United, Alex Ferguson fez o mesmo para chegar ao sucesso interno e europeu, mostrando uma confiança cega nos jovens, o que prova o desenvolvimento de jogadores das camadas jovens como Beckham, Giggs, Scholes, Butt, os irmãos Gary e Phil Neville, Fletcher, O'Shea, Wellbeck, Evans, Wes Brown ou outros jovens talentos de outros clubes e que se desenvolveram no clube como Cristiano Ronaldo, Nani, Rooney ou Anderson.
Falando dos melhores exemplos ao nível de jovens a nível europeu e mundial, o Ajax e o Barcelona são os dois expoentes máximos que aproveitam e exportam talento quase como ninguém.
No clube holandês a lista é interminável de casos bem sucedidos que nem vale a pena enumerar e no Barça, já surgiram nomes sonantes do futebol que resultaram da aposta contínua nas camadas jovens, como os casos de Guardiola, Sergi, Thiago Motta, Ferrer, Busquets, Xavi, Iniesta, Thiago Alcântara, Rafinha, Pedro e o maior de todos claro, Lionel Messi.

Sobre o Nápoles, é um clube que viveu o seu melhor período na "era Maradona", depois teve uma grande queda que levou à bancarrota até que o actual presidente Aurelio de Laurentis pegou no clube e o mesmo começou a crescer. Primeiro com Mazarri onde se destacava o trio Hamskik/Lavezzi/Cavani o Nápoles começou a fazer parte dos grandes do futebol italiano, teve continuidade com Benitez e o expoente máximo verificou-se com Sarri, uma grande equipa ao qual a conquista de Taça e Supertaça foi pouco para o futebol demonstrado. Com a saída de Sarri para o Chelsea, o clube não soube escolher o seu sucessor, Ancelotti tem a meu ver um passado marcado por fracassos (Juventus, PSG, Real Madrid, Bayern) e não foi claramente a melhor escolha que culminou no seu despedimento. Agora com Gattuso, um dos piores treinadores da actualidade, a tendência é para cair ainda mais, o que irá levar ao êxodo dos seus melhores jogadores como Mertens, Koulibaly, Fabián Ruiz ou Allan.

Terminando no último tópico, Romelu Lukaku é um ponta-de-lança que precisa de espaço para mostrar os seus atributos (força e velocidade), pois a técnica não é o seu ponto forte, teve o seu melhor desempenho no Everton onde mostrava ser um perigo para as defesas, no United nunca foi bem aproveitado por Mourinho e Solskjaer, agora no Inter com a astúcia de Antonio Conte (para mim um dos treinadores de topo da actualidade) terá todas as condições para poder voltar a um nível a que nos habituou no Everton, a dupla de ataque de "gigante e esquivo" como o sr. Carlos Daniel aqui relata não é preciso recuar assim tanto no tempo, já o Nápoles tinha uma dupla assim (Cavani/Lavezzi) e a Juventus também teve a famosa dupla Trezeguet/Del Piero.
A táctica de uma equipa deve exprimir a melhor forma de abordagem de um treinador aos jogos perante os mais diversos adversários e isso vai reflectir (ou não) a eficácia de uma dupla de ataque, creio que esta época o Inter será bem sucedido com as 4 opções que tem neste sector (Lukaku, Lautaro, Alexis e Esposito), se dará para ganhar o título não sabemos, mas estará lá a competir taco a taco com a forte Juventus.

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