A Tasca do Silva é o espaço de opinião sobre e à volta do FCP, dinamizado por Paulo Silva, um dos podcasters responsáveis por A Culpa é do Cavani, o podcast de referência do universo portista.
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Agora que acabaram os muito merecidos festejos, da mesma forma que se desvanece a gritaria estapafúrdia dos que são incapazes de reconhecer o indiscutível mérito dos vencedores, toda a atenção se começa a concentrar no que vem depois. Para uns – para nós! – será a chance de repetir conquistas, equivaler o brilhantismo, acrescentar o que antes não se conseguiu; para outros, abre-se uma página em branco, onde esperam escrever a glória que desta vez lhes escapou. Oxalá lhes corra mal, caramba.
De entre todos os heróis das vitórias deste ano, emerge incontestado e incontestável Sérgio Conceição. Sabe quem segue A Culpa é do Cavani que passei boa parte destes 5 anos em desacordo com o mister. Da mesma forma natural como na última época e meia, mais coisa menos coisa, o elogiei sem reservas. E só ganhámos este ano. Porque a verdade é que este FCP de Conceição não é apenas o melhor que o técnico apresentou, senão o melhor das últimas décadas, ponto. Claro que para isso foi necessário ter os recursos (jogadores) adequados, a mestria de os conseguir aproveitar (o que nem sempre aconteceu anteriormente) e, sobretudo, a humildade e a inteligência de mudar e evoluir. Este FCP não é, definitivamente, o que jogava longo para Moussa Marega, assim como este treinador não é o que procurava incessantemente encontrar quem fizesse igual, se estava disponível o original. São muito melhores ambos, o treinador e o FCP. Aí está um lugar na história bem merecido. E a saga vai continuar.
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As próximas semanas são o tempo da administração. Dos homens responsáveis por entregarem a Sérgio Conceição os ovos com que, esperamos todos, fará uma omelete ainda melhor. Confesso a minha desconfiança em ter esta missão entregue aos mesmos que venderam Diaz por uma sande americana e um fino, com uma sande de queijo e um Frutol de laranja de adiantamento. No entanto, são os que já cá tinham Pêpê. Mas também os que não despacharam Vitinha porque não conseguiram. Lá querer, quiseram eles muito. Em suma, preocupa-me.
É por isso que decidi dar uma mãozinha e deixar aqui o que verdadeiramente é fundamental: não sai ninguém! É isto que a administração do FCP tem que perceber e fazer. No fundo, é muito simples. Trata-se da única forma de demonstrar que o apreço pelo treinador, que todos espalham aos sete ventos, é mais do que meras palavras de circunstância. Que mais pode ele fazer para que acreditem que terá mais sucesso do que eles próprios, os sadistas, imaginam?
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2023 tem que ser a época em que não é preciso inventar uma equipa com orçamento zero para reforços. 1 milhão para o Vaná, vá. Tem que ser a época em que não é preciso ajustar o génio de Vitinha e Fábio Vieira às necessidades da equipa e à exigência do método e ideias do seu líder. O ano em que não é necessário período de adaptação para Pêpê; em que Evanilson não tem que provar e pode concentrar-se em explodir; em que a inteligência ao serviço do futebol de Taremi já está no ADN da equipa; em que a qualidade já não é novidade para a bancada e apenas o nível médio esperado por quem faz do Dragão a segunda casa; a altura em que teremos laterais (oooppsss…).
Ou seja, 2023 não pode ser outro recomeço. Não pode! Por respeito a nós, por respeito ao clube e, muito, por respeito a Sérgio Conceição. Até breve.