Famalicão e o desfecho da II Divisão: «Se for para jogar duas vezes por semana não vejo problema nenhum»

Com todos os campeonatos em suspenso e sem qualquer conhecimento de qual vai ser o desfecho escolhido pela Federação Portuguesa de Futebol, o zerozero esteve à conversa com os quatros treinadores que, à segunda jornada da fase de apuramento de campeão da II Divisão Feminina, somam seis pontos em seis possíveis.

Depois de ter terminado a fase regular com distinção ao vencer a Série B com 14 vitórias em 14 jogos e mais de 200 golos marcados, o FC Famalicão é o líder atual da fase de apuramento de subida a norte, com seis pontos em dois jogos, em igualdade pontual com o SC Fiães. 

Nesse sentido, o zerozero resolveu falar com João Marques, técnico da equipa famalicense, sobre como tem adaptado o seu planeamento e ainda sobre qual será desfecho dos campeonatos femininos, em específico, a II Divisão Nacional. 

zz: Como treinador, de que forma é que tem lidado com a situação? Quais são as indicações que tem dado às suas jogadoras?

JM: «Esta é uma situação pela qual nunca tínhamos passado. É uma situação difícil. Como treinador, vejo esta situação com alguma dificuldade,  porque não sabemos o que vai acontecer. É uma situação complicada, mas neste momento a prioridade é a saúde das atletas e de todos nós. Depois, quando tudo isto estiver resolvido é que nos vamos preocupar com as outras coisas. Ainda assim, continuamos a trabalhar da forma que nos é possível. As jogadoras continuam a fazer os seus treinos individuais e eu e minha equipa técnica tivemos o cuidado de enviar um conjunto de treinos semanal para elas poderem fazer todos os dias. Estamos também a fazer um acompanhamento diário com as atletas. Já sabemos que não é a mesma coisa, mas sempre é muito melhor do que não fazer nada. Estamos a aguardar pelas decisões para sabermos»

zz: Qual o desfecho que acha que a FPF vai dar ao Campeonato? E qual é aquele que considera que deve ser aplicado?

JM: «A melhor opção, neste momento, é preservar a saúde de todas as atletas e todos os intervenientes, neste caso, no futebol. Mas a vida não pára e nós também não estamos à espera que esta situação se arraste para sempre. Na minha opinião, e sem qualquer informação oficial, penso que os campeonatos vão recomeçar. Se será mais tarde? Penso que sim. E acho que vai acabar por terminarem mais tarde, porque estamos a falar de equipas que fizeram grandes investimentos e há muita coisa em causa: contratos de jogadoras, por exemplo».

«Realço novamente que a saúde é o mais importante, mas isto vai acabar por passar. Em Portugal, penso que a população está a ter uma atitude de louvar e julgo que as coisas, mais dia menos dia, vão acabar por se resolver. Em relação ao futebol, acho que os campeonatos femininos se vão realizar. Estamos a aguardar por datas, até porque as competições só serão retomadas assim que estiverem reunidas as condições ideais, mas penso que se vai jogar o resto que falta, até para ditar quem sobe e quem desce».

zz: Se for para jogar até julho ou agosto, o FC Famalicão está disponível? A próxima época não fica em risco?

JM: «Se houver continuação deste campeonato, penso que a Federação também vai ter isso em conta no que respeita às datas do próximo campeonato, mas acho que ainda há tempo para cumprir prazos, porque acho que num mês, mês e pouco se consegue acabar o campeonato»

zz: Jogar durante a semana não é um problema?

JM: «Quanto à possibilidade de haver jogos durante a semana e ao fim de semana acho que isso é possível. Se uma equipa treinava à noite durante a semana, também pode jogar à noite durante a semana. No meu entender, se for para jogar durante a semana não vejo problema nenhum. As atletas até preferem ir jogar do que ir treinar, como todos nós que andamos no futebol. O Famalicão entrou nesta competição para subir e queremos fazê-lo dentro do campo.  Se a FPF achar que o melhor é jogar na hora dos treinos à noite, não vejo mal nenhum nisso. Apesar de todos dizerem que as jogadoras do Famalicão são profissionais, isso não é verdade. Temos quatro ou cinco jogadores profissionais, é verdade. Mas o resto são todas amadoras e algumas delas nem ganham dinheiro. Temos as mesmas condicionantes que os outros clubes têm, porque não são profissionais.

©FC Famalicão

Não me importo que os outros clubes paguem muito, isso é bom sinal. Eu quero é que as jogadoras ganhem, porque isso é um sinal de que o feminino está a crescer e é um direito delas. Se elas vão treinar no mesmo tempo que os homens, se fazem o mesmo, porquê que a desigualdade é tanta? Eu não vejo a mulher de maneira diferente, antes pelo contrário, vejo igual. E luto por essa igualdade. Acho muito importante que todos os dirigentes desportivos façam este apelo. Elas têm o mesmo direito. Já treinei masculino e feminino e apesar de ter convites para o masculino, não saio do feminino porque essa é a minha aposta e, no que depender de mim, irei tentar sempre dar as melhores condições à minha equipa».

Veja aqui qual a posição tomada pelos restantes treinadores:

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