Jorge Jesus concedeu uma entrevista à revista GQ - que o elegeu como homem do ano em Portugal - onde abordou alguns temas, nomeadamente o recente regresso ao Estádio da Luz para defrontar o Benfica, agora como técnico do Sporting.
«Senti que ali passei momentos felizes da minha carreira desportiva, mas, neste momento, estava do outro lado. Normalmente, estava no banco oposto àquele... Nada disso mexeu comigo porque sabia que estava dirigir outra equipa. Tinha de estar com a minha autoconfiança como quando estava sentado no outro banco, neste caso, do rival», contou Jesus.
Mas as palavras mais duras foram para a estrutura encarnada, com o agora técnico dos leões a explicar que o único elemento que percebe de futebol é Rui Costa.
«Estive com ele [Rui Costa] antes do jogo. Ele é o único elemento daquela estrutura toda que percebe de futebol, é o único elemento que tem algum conhecimento das coisas. É, na minha opinião, o elemento que dá àquelas pessoas que gravitam todas à volta da estrutura do futebol, e que não entendem nada daquilo, alguma sustentabilidade ao nível do conhecimento do jogo e do jogador. O eventual futuro que o Benfica possa ter no futebol, ou passa pelo Rui Costa, ou não passa por ninguém.»
Já sobre a forma como foi recebido pelos adeptos da casa, nenhuma surpresa: «Para a equipa do Benfica foram gentis, foram apaixonados, foram aquilo que acho que sempre foram comigo. Comigo, não esperava mais nada. Não esperava que me aplaudissem, não esperava que me dessem flores», atirou Jorge Jesus.
Na conversa também não faltou o episódio com Óscar Cardozo em pleno relvado do Estádio do Jamor, depois da derrota encarnada na final da Taça de Portugal frente ao Vitória de Guimarães de... Rui Vitória.
«Depois, consegui resolver com alguma facilidade porque ele é um miúdo bom. Aquilo foi um momento, não digo de loucura dele, mas de algum desequilíbrio emocional, porque tínhamos perdido duas finais numa semana. Se aquilo tivesse acontecido no treino, seria completamente diferente a minha reação, a minha decisão e a minha atitude para com ele», disse.
Por fim, a sua personalidade: «Gosto de confronto e, como gosto de confronto, aquilo que vocês transformam em arrogância, é um pouco isso. É um pouco fazer sentir ao outro: `Queres confronto? Então vamos lá para o confronto!`».