No primeiro ensaio já sem Lopetegui, o FC Porto conseguiu o mais importante: os três pontos, mas com selo de goleada (0x5) no dérbi da cidade Invicta, frente ao Boavista, no Estádio do Bessa e a viragem da Liga a quatro pontos do líder Sporting.
Atenção: nem tudo foi bom no jogo do FC Porto. A exibição foi q.b., poder-se-á dizer. Mas Herrera, por exemplo, personificou aquilo que mudou com a saída de Lopetegui. Mais soltos, mais «vagabundos», menos amarrados a uma filosofia de jogo que tirava alegria a muitos dos que hoje se exibiram a um nível aceitável.
Exemplo? O golo do médio mexicano, aos 11 minutos. O que outrora seria lateralizado na conceção de jogo de Lopetegui, agora foi vertical e magistral. André André lançou o passe perfeito para o espaço, Herrera dominou de peito, rodou e atirou para o 0x1. Simples, linear mas eficaz.
E foi na liberdade dos médios que o FC Porto construiu as asas desta vitória. Brahimi foi menos extremo e apareceu não raras vezes junto de Aboubakar, bem na área – mas não brilhou o argelino, longe disso; Corona, esse sim, tinha ordens para abrir na linha e alargar o jogo portista quando necessário. Mas Herrera e André André – sobretudo o primeiro – foram os maestros desta nova batuta em período de ensaios.
#FCPxBFC :Pela 1.ª vez desde que está no FCP, Herrera marca em 2 jogos consecutivos.
— playmakerstats (@playmaker_PT) 10 janeiro 2016
O mexicano construiu, apareceu e marcou os ritmos do jogo do FC Porto. E entregou-se à luta. Despiu aquele fato amorfo e desligado que tantas vezes vestiu esta época e ganhou todos os duelos que havia para ganhar no miolo do Bessa. Auxiliado por outro «carregador de pianos» versão 2.0, André André, o motor do dragão controlou sempre o centro nevrálgico da partida.
Talvez por isso nem tenha precisado de criar muitas ocasiões de perigo para deixar a imagem clara que depois do golo de Herrera só uma equipa iria sair com os três pontos da Avenida da Boavista. Gideão ainda evitou por duas vezes o avolumar do resultado, mas assim que a torneira se abriu a coisa descambou.
Aos 62, Corona fletiu da linha para o meio e rematou colocado, de pé esquerdo. Os golos de Aboubakar, aos 73' e 82' e de Danilo (93'), de calcanhar, já vieram apenas somar a uma história conhecida, mas fica a nota para mais uma assistência de Miguel Layún (a 8ª) e o «bis» do camaronês, tão afetado por «secas» esta época. Mas tudo isto transpirava a liberdade, rebeldia até de quem, porventura, quis mostrar que jogar à bola solto de amarras é o que melhor assenta a esta equipa.
Os axadrezados tentaram, não se lhes pode apontar essa carência. Mas Erwin Sánchez tem em mãos uma pantera que ameaça não sobreviver na selva da Liga.
Uchebo foi abnegado mas desgastou-se numa luta inglória com os centrais do FC Porto. Luisinho tem pés para dar e vender mas corre na pista errada. Bukia foi irreverente mas inconsequente; e isso de nada serve. Por isto, e por duas substituições forçadas ainda na primeira parte – Tengarrinha e Nuno Henrique -, o Boavista não deu mais, ainda que as boas intenções tivessem saído reforçadas ao intervalo. Mas foi tudo muito curto. E o golo de Corona despiu-se em definitivo.
Seja como for, a pantera terá oportunidade para fazer diferente já na próxima quarta-feira, quando o Bessa voltar a ser palco deste dérbi, a contar para os quartos-de-final da Taça de Portugal.
0-5 | ||
Héctor Herrera 11' Jesús Corona 62' Vincent Aboubakar 72' 81' Danilo Pereira 90' |