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Os «manos» do nosso futebol

Futebol, um negócio de família (Parte II)

2015/03/19 20:15
E1

Não constituirá qualquer surpresa para os leitores afirmar que nem só de pais e filhos é feita a árvore genealógica do futebol português. Na atualidade, chamam sobretudo à atenção os casos dos irmãos que entram em campo, a grande maioria com equipamentos diferentes, e por isso o zerozero.pt reuniu num único artigo os craques que partilham o sobrenome na parte de trás da camisola (… ou, vá, apenas no BI).

A verdade é que quase poderíamos deixar a página em branco e esperar que fossem os adeptos, na secção de comentários, a dar conta do assunto. Todos conhecem os manos Martins ou os gémeos Lopes. Os mais atentos sabem identificar os gémeos Aurélio, os manos Rocha ou os irmãos Figueiredo. Podíamos começar a falar dos  Fonte, dos Alves, dos Gomes ou até dos Horta. Por mero exemplo. Mas levámos este exercício a sério e por isso aqui destacamos as duplas – e, em alguns casos, triplas, além de um quinteto – que fazem ou fizeram história no futebol nacional.

Podemos começar precisamente pelos Martins, Carlos e João. O mano mais velho, de 32 anos, defende hoje o emblema do Belenenses mas pode contar muito sobre o Sporting, o Campomaiorense, a Académica e o Benfica, pois soma 170 jogos no campeonato e isto só para falarmos do que se passa cá dentro. O irmão mais novo, de 26 anos, também médio, chegou agora à Primeira Liga com o Penafiel e não se tem dado nada mal – já entrou em 23 encontros.  

Mais curioso é o caso da família Lopes, que tem em Miguel e Nuno, de 28 anos, os expoentes do desporto-rei. Miguel está no Sporting mas já conheceu, também por cá, os cantos às casas de Rio Ave, FC Porto e SC Braga, dividindo por todos 69 partidas na Liga. Nuno, por sua vez, deixou em janeiro o clube vilacondense para se aventurar no estrangeiro (Apollon Limassol), mas entre o verde e branco e o amarelo e negro do Beira-Mar assinou na prova 51 presenças.

E mais gira ainda é a situação da família Aurélio, já que João e Luís, também gémeos, estão atualmente a partilhar o balneário do Nacional. João é capitão, figura dos alvinegros e um elemento já mais do que experimentado no principal campeonato – 146 jogos -, ao passo que Luís, chegado do Moreirense, soma onze encontros mas promete muitos mais.

No Paços de Ferreira, são os irmãos Rocha quem dá nas vistas, apesar de menos parecidos. O trinco Romeu, de 28 anos, divide entre os castores e o Penafiel, a equipa de estreia na Liga, 25 presenças e o médio Vasco, ex-Aves, leva já 16.

Entre a Académica e o Sporting está outra das ligações atuais, com Cristiano e Tobias Figueiredo a fazerem as honras. O guarda-redes de 24 anos leva 22 partidas oficiais na prova maior, o central de 21 começou recentemente a contar para Marco Silva e acrescenta oito.

Também com os leões envolvidos e aliados ao mérito das suas escolas, temos a dupla João Mário e Wilson Eduardo. O médio de 22 anos estreou-se à beira Sado e é hoje figura de relevo no plantel principal dos verde e brancos – acumula 37 partidas na Liga -, enquanto o extremo de 24 anos, atualmente no ADO Den Haag, já conta 99 por Beira-Mar, Olhanense, Académica e Sporting. De referir, já agora, que há um outro mano ligado ao esférico, o caçula Hugo Eduardo, jogador de futsal do Belenenses.

Rui Fonte, por seu lado, surgiu há pouco tempo como aposta de Jorge Jesus no Benfica e passou entretanto para o Belenenses para ganhar minutos no campeonato. Aos 24 anos está a conseguir juntá-los, de facto, e não esquecendo a sua breve passagem de 2010 pelo Bonfim falamos assim de 19 jogos. O seu mano José, aos 31 anos capitão dos ingleses do Southampton, dividiu 51 por Paços de Ferreira, Vitória de Setúbal e Estrela da Amadora.

Num cenário idêntico de cá e lá, estão os Alves. Júlio Alves, o mais novo e menos experiente (13 jogos), integra o plantel do Rio Ave. Bruno, de 33 anos, provavelmente o mais conhecido, veste a camisola do Fenerbahçe depois de ter acumulado 159 presenças na Liga entre Farense, Vitória de Guimarães e sobretudo FC Porto. Geraldo, de 34 anos, é hoje elemento fulcral no Petrolul mas com Paços de Ferreira, Gil Vicente e Benfica fez 92 jogos no campeonato português.

Similar é o caso dos Horta, já que o jovem André, de 18 anos, desponta no Vitória de Setúbal – cinco partidas -, enquanto o seu mano Ricardo, de 20 anos, ex-sadino e agora no Málaga, contabiliza 34.

E aqui incluímos também a situação dos Ba: Mamadou, guarda-redes do Boavista com dois jogos na Liga, é irmão de Abdoulaye, que está hoje no Rayo Vallecano mas é um ex-FC Porto, V. Guimarães e Académica, pelos quais realizou 42 encontros.

O regressado Markus Berger, 30 anos, central ex-Académica e agora reforço do Gil Vicente, junta-se a Hans-Peter Berger, 33 anos, antigo guarda-redes do Leixões nesta listagem: o primeiro soma 77 encontros no campeonato luso, o segundo apenas sete.

A lista prossegue...

Já sem atuar na (agora chamada) Liga NOS, há mais uma série de nomes bem conhecidos dos adeptos do futebol português que por afinidades sanguíneas têm o direito de integrar esta peça.

Nabil Ghilas, avançado do FC Porto emprestado ao Córdoba, é outra das figuras aqui chamadas. Aos 24 anos, conta 46 participações no campeonato luso, enquanto o seu antecessor, Kamel Ghilas, médio de 30 anos ex-Vitória de Guimarães, não passou das 29.

Maniche e Jorge Ribeiro são, provavelmente, dos casos mais famosos. O antigo médio, aos 37 anos treinador, vestiu por cá as camisolas de Alverca, Benfica, FC Porto e Sporting e realizou 177 jogos no campeonato. O seu mano, de 33 anos, atualmente no Desportivo das Aves, leva 118 encontros na principal liga por Benfica, Varzim, Gil Vicente, o próprio Aves, Boavista e Vitória de Guimarães.

Zé Gomes, lateral que em 2013 pendurou as chuteiras, alcançou a simpática marca de 164 partidas na Liga Portuguesa, quase todas ao serviço do Rio Ave, com uma perninha no Marítimo. Talvez tenha sido a inspiração de Vítor Gomes, atualmente no Balikesirspor, para as 109 entre o mesmo Rio Ave e o Moreirense.

Parecida é a história dos Gama. O mais velho, Augusto, é treinador-adjunto do Rio Ave, por quem fez boa parte das 206 partidas na Liga - as restantes foram ao serviço do SC Braga. O mais novo, Bruno, estrela do Dnipro, estreou-se precisamente pelos arsenalistas e prosseguiu a carreira ligueira de 129 encontros no FC Porto, Vitória de Setúbal e, claro, o Rio Ave.

Carlos e Jorge Andrade trilharam caminhos e sucessos diferentes, mas aqui estão: o médio do Salgueiros alinhou em 27 encontros, o defesa central em 105 com as cores de Estrela da Amadora e FC Porto.  

O ativo do Málaga Flávio Ferreira, em 43 ocasiões utilizado no onze da Académica, e Tomané, uma vez lançado pelo Sporting, constituem outro dos pares recentes de irmãos na história lusa.

Miguelito, agora atleta do Chaves, e Sérgio Organista, do Varzim, são mais uma das grandes duplas: o primeiro assinou 220 presenças por Rio Ave, Nacional, Benfica, SC Braga, Marítimo, Belenenses e Vitória de Setúbal; o segundo rubricou sete pela equipa do Restelo.

Aqui temos também de falar dos manos Stojkovic: provavelmente todos se lembram do guarda-redes Vladimir, que em 2007 aterrou nas redes do Sporting (nove jogos), mas quem se recorda que o seu irmão mais velho, Vladan, já tinha dado cartas no Leça do final dos anos 90? E chegou aos 91.

Albertino e Nélson tiveram igualmente um clube partilhado ao longo da carreira e são dos mais experientes desta listagem: tanto o defesa do Salgueiros e do Marítimo como o lateral do Salgueiros, Sporting, FC Porto e Vitória de Setúbal ultrapassaram os 200 jogos na Liga Portuguesa -  204 e 202, respetivamente.

Os brasileiros Rubens e Fábio Júnior são outra das duplas em questão: o primeiro por causa das 66 atuações entre FC Porto e Vitória de Guimarães, o segundo à custa das quatro vezes em que vestiu também a malha vimaranense.

Já de Marrocos chegaram ao nosso país Youssef e Hassan Nader: o caçula realizou somente 13 partidas no campeonato luso pelo Farense, mas o mano mais velho, ídolo da equipa algarvia, participou em 219, algumas também pelo Benfica.

Miguel Fidalgo, hoje avançado do União da Madeira, partilha o destaque com o mano João Fidalgo, defesa ex-Nacional. O mais novo guarda no currículo 82 presenças no palco maior do futebol nacional, o mais velho 58.

Os uruguaios Luís e Carlos Aguiar são outros que tais. O médio ex-FC Porto, Estrela da Amadora, Académica, SC Braga e Sporting fez 73 jogos no campeonato português, ao passo que o seu irmão mais velho alinhou seis vezes pela briosa.

Situação idêntica viveram os senegaleses N'Doye: o médio Ousmane dividiu 62 participações entre Estoril, Penafiel e Académica, enquanto o avançado Dame se destacou em 25 ocasiões também pelos estudantes.

E naturalmente, não podíamos aqui deixar de falar dos irmãos Vidigal, que não são dois, mas cinco! O mais em voga é o agora ex-treinador do Belenenses, Lito, antigo médio que realizou 130 jogos no nosso campeonato. Seguem-se Luís, o internacional português que rubriou 125 presenças na liga, Beto, com 56 encontros, Toni, com 45, e Jorge, com 11.

...numa 'tradição' com décadas

Já aqui foram referidos os nomes mais conhecidos dos últimos anos, mas esta é obviamente uma situação curiosa que se repete há décadas. Nomes como Fernando e António Caiado (268/196*), Matateu e Vicente Lucas (291/286*), Jaime e Emídio Graça (303/175*), Carlos e Alexandre Alhinho (337/232*), António e Alberto Bastos Lopes (269/149*), os irmãos António Lima Pereira (224/33*), Frasco e Constantino Vieira (322/62*), António e Mário André (380/57*), Carlos e Pedro Xavier (274/223*) ou Rui e Jorge Neves (318/85*) são mais alguns dos maiores e melhores exemplos de elementos com ligação sanguínea e que vingaram na Primeira Liga Portuguesa.

Mas há muitos mais...

Gregório e José Freixo - 396 / 215 jogos na Liga, respetivamente
Custódio, Manuel e António Pinto – 359 / 276 / 143
Domiciano e Amilcar Cavém - 328 / 157
Miguel e Tozé Marques - 325 / 1
Jorge Silva e José Luís - 289 / 282
José Carlos e Mário Tito – 263 / 25
Vítor e Mário Campos – 248 / 177
Wilson e Walter – 245 / 13
Jaime e Hélder das Mercês – 233 / 80
Abel Miglietti e Zeca – 209 / 140
Jorge e Chico Silva – 167 / 49
Silvino e Joaquim Preto – 162 / 30
Fernando, Jorge e João Mendonça – 155 / 24 / 56
Luís e João Vasques – 154 / 15
José Sério e Sério – 146 / 18
José e Alcino Brioso – 145 / 134
Luís Miguel e Carlos Manuel – 145 / 5
Fernando e José Ferreira Pinto - 138 / 135
Paulo Pereira e Paulo Silas – 137 / 45
Penteado e José Penteado – 136 / 40
Trindade e Joaquim Trindade – 121 / 2
Armando e José Ferreira – 112 / 90
José e Jorge Neto – 110 / 13
Yulian e Nicola Spassov – 86 / 65
Nelson Bertollazzi e Paulo Egídio – 145 / 4
Emanuel e Arnaldo – 70 / 18
Nélson e Gil – 65 / 1
Igor e Yuri Fonseca – 53 / 48
Igor e Pedro Pita – 8 / 1
Emmanuel e Kevin Amuneke – 52 / 44
Oscar e Horácio Tellechea – 46 / 18
Octávio e José Miguel – 40 / 38
Rodolfo e Juan Seminário – 39 / 37
Amândio Silva e Alfredo Curtinhal – 37 / 33
Fábio Júnior e Dagil – 36 / 10
Detinho e Bobô – 29 / 6
Zé Tó e Tozé – 26 / 9
Carlos e Acácio Mesquita – 13 / 4
Albino e Lenine da Silva – 10 / 2
Vasco e Rui Varão – 7 / 1

*Toda a análise foi feita através dos números relativos às partidas do principal campeonato nacional.

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Comentários

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ZeroZero
2015-03-19 21h49m por joaommx
José Sério e Sério, Trindade e Joaquim Trindade, Penteado e José Penteado.

Um dos irmãos em cada um destes pares não teve direito a ser baptizado com um nome próprio? Que são ambos Sérios, Trindades ou Penteados já nós sabíamos.
Agradecimento
hm por zerozero.pt
Bom dia, caro leitor! Antes de mais obrigada pelo seu comentário. O argumento de «defesa» passa exclusivamente pela terminologia presente na nossa base de dados: a identificação de Sério, Trindade ou Penteado é mesmo essa, sendo futebolisticamente conhecidos sem o primeiro nome associado.

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