A cidade do Porto tem particularidades únicas em Portugal. A tal «pronuncia do Norte» que falava Rui Reininho é mais do que trocar os B pelos V, é uma forma de estar na vida bem fervorosa e isso é transportado para o futebol. Quando as duas faces futebolísticas da cidade se encontram, especialmente no ambiente fechado que é o Bessa, dá sempre faísca.
Picardias, expulsões e muita luta podia ser um resumo do jogo, concluído com a arte de Óliver e a fome de golo de Soares. Podia ter sido mais fácil, mas o certo é que depois da Champions o Dragão respondeu bem e mantém a pressão ao líder, quando já só faltam três jornadas para o clássico da Luz.
Nuno Espírito Santo fez o que costuma fazer nos jogos fora e colocou a equipa mais recuada. Para além disso ainda deixou André Silva no banco, mas o certo é que não só venceu o duelo tático contra Miguel Leal e ainda viu Soares marcar e ser um dos melhores.
A entrada do Dragão foi demolidora. Num misto de 4x3x3 com 4x2x3x1, as movimentações de Óliver e de André André demoraram a ser percebidas pelo Boavista. O espanhol vinha atrás pegar no jogo e o internacional português era uma espécie de homem a mais. Era ele que fazia os desequilíbrios ora na esquerda, ora na direita.
Era um FC Porto ameaçador, sufocante e do qual se começava a esperar que fizesse estragos. Foi o que aconteceu ainda antes dos dez minutos quando Óliver rasgou a defesa, encontrou Corona que por sua vez ofereceu o golo ao oportuno Soares.
A equipa de Nuno Espírito Santo estava bem e por isso foi estranho ver o que aconteceu nos seguintes 20 minutos. O FC Porto desligou-se e permitiu ao Boavista controlar por completo as operações. Anderson Carvalho e Fábio Espinho começaram a ter todo o espaço do mundo para tratar a bola e, nessa fase, valeram Boly e um super Casillas a evitar o empate em dois lances distintos.
Só depois dos berros que Casillas deu após a sua monumental defesa aos 30 minutos se voltou a ver FC Porto, mas foi com tudo...Soares por duas vezes e Óliver tiveram o segundo golo nos pés e até ao intervalo destaque para uma entrada verdadeiramente arrepiante sobre Corona por parte de Talocha. O extremo acabou por não aguentar e saiu e, nos protestos, Nuno Espírito Santo acabou expulso no túnel.
O FC Porto estava por cima, mas a partida estava em aberto. Foi por isso corajoso Miguel Leal a colocar mais um avançado no início da segunda parte. Ainda assim, colocar avançado só por colocar raramente resulta e foi o que aconteceu. É certo que com Bulos e Schembri a equipa tinha mais presença na área, mas a saída de Fábio Espinho tirou futebol à equipa e as bolas bombeadas para a área eram a única arma axadrezada.
Mesmo sem estar no banco Nuno Espírito Santo terá percebido muito facilmente que bastava Danilo recuar dois ou três metros no relvado e essa maior presença do Boavista na área iria ser fácil de anular. Foi o que aconteceu e só quando Boly adormeceu num lance é que surgiu perigo.
A expulsão de Maxi Pereira já dentro dos últimos dez minutos lançou ainda mais incerteza no jogo, mas os problemas do Boavista eram os mesmos. Vitória suada, mas é daquelas que dá embalo para o que falta da Liga.
0-1 | ||
Soares 7' |
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