Mudanças na Arábia Saudita chegam ao futebol: pela primeira vez houve um jogo com mulheres nas bancadas

As reformas levadas a cabo pelo reino da Arábia Saudita na promoção da liberdade das mulheres no país levaram a um dia histórico no futebol: pela primeira vez, um jogo profissional em território saudita teve mulheres nas bancadas do estádio.

O encontro da 17ª jornada do campeonato saudita que colocou frente a frente o Al Ahli e o Al Batin, treinado pelo português Quim Machado, contou com apoiantes do sexo feminino em setores «familiares» criados nas bancadas (acompanhadas de crianças mas ainda separadas dos homens). Além disso, as mulheres tiveram ainda acesso a casas de banho exclusivamente femininas, assim como espaços para oração e áreas para fumar.

Refira-se ainda, a título de curiosidade, que a equipa da casa venceu a partida em questão por 5x0, derrotando assim de forma clara a formação comandada por Quim Machado.

No sábado será a vez de a capital, Riade, contar com mulheres no encontro entre Al Hilal e Al Ittihad, sendo que também na cidade de Dammam será permitido o acesso a apoiantes do sexo feminino. Para já, a nova medida apenas está em vigor nestas três cidades.

Este é mais um passo no processo de abertura de um estado ultra-conservador no que toca à liberdade das mulheres. Em dezembro, um decreto do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que chegou ao trono em 2015, permitiu que as mulheres passassem a conduzir veículos motorizados, decreto que entrará em vigor a partir de junho de 2018.

Ao abrigo do programa Vision 2030, o príncipe herdeiro prometeu transformar por inteiro o país ao longo dos próximos anos.

Como realça a BBC, porém, e apesar das mudanças que estão a decorrer na Arábia Saudita, as mulheres estão ainda privadas de realizar certas atividades sem a permissão dos homens considerados seus «guardiões» pelo estado.

As restrições ainda em vigor incluem, mas não se limitam a: solicitar passaportes, viajar para o estrangeiro, casar, abrir uma conta bancária, criar determinados negócios, recorrer a cirurgias por opção ou sair da prisão em liberdade.