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Brasil 1950

Brasil 1950

Texto por João Pedro Silveira
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Ausências e desistências

O primeiro mundial do pós-guerra ficou marcado pela ausência de numerosas selecções europeias, destacando-se de entre elas: a Alemanha, e a França - que se recusou a fazer os 3500 km que separam o Rio de Janeiro de Porto Alegre, para defrontar a Bolívia.

Portugal voltou a estar ausente após ser novamente eliminado pela vizinha Espanha. Algum tempo depois a esperança renasceu, quando em Lisboa foi confirmada a notícia que Portugal tinha sido convidado pela CBF  (Confederação Brasileira de Futebol) para participar no torneio e ajudar a colmatar algumas ausências de última hora como a Turquia, a Índia e a Escócia, mas a FPF (Federação Portuguesa de Futebol) rejeitou o convite por considerar que a qualificação tem de ser conquistada dentro do campo. 

Na fase final do mundial acabariam por participar treze países provenientes das Américas e da Europa que foram divididos em quatro grupos.

A defesa da honra europeia ficou a cargo da Itália (Campeã mundial), Jugoslávia, Suíça, Espanha, Suécia e a Inglaterra, que pondo de parte a sua altivez, participava pela primeira vez no Mundial. Curiosamente, os ingleses foram a única estreia da competição.

Fase de grupos

O Brasil a jogar em casa e sendo a única selecção que tinha estado em todos os campeonatos mundiais, assumiu o repto do seu público e afirmou-se como o candidato número um ao título, e no grupo A apesar de um empate com a Suíça (2-2), carimbou sem dificuldades a passagem à fase final.

No Grupo B meio mundo parou para ver a estreia dos Pais do Futebol num campeonato do mundo. A Inglaterra estreou-se com uma vitória sobre o Chile (2-0). Mas a grande surpresa aconteceria na 2ª Jornada quando os “súbditos de sua Majestade” foram derrotados pelos amadores norte-americanos (0-1).

Este escândalo deu brado, e mais de 50 anos depois é ainda considerado o maior escândalo da história do futebol.

No jogo decisivo, uma desmoralizada Inglaterra perdeu com a Espanha (0-1), que assim garantia a passagem a segunda fase, e só com vitórias, ancorada nos golos de Telmo Zarra.

O Grupo C que continha os campeões mundiais assistiu a segunda grande surpresa quando os suecos bateram a Squadra Azurra por 3-2 e garantiram a vitória no Grupo.

No Grupo D, que continha só com duas equipas e um jogo, o Uruguai comandado por Schiaffino esmagou a Bolívia por esclarecedores 8-0.

Ronda final

Na Ronda Final, onde 4 equipas discutiram em fase de grupo o título mundial a equipa da casa super moralizada com o apoio da torcida venceu a Suécia por 7-1 e a Espanha por 6-1. Já o Uruguai que começou com um empate com a Espanha (2-2) - venceu de seguida a Suécia por 3-2 e chegou ao jogo decisivo ainda com esperanças de ser campeão - caso batesse o Brasil.

Maracanazo

No dia 16 de Julho, sobre o relvado do novíssimo Estádio do Maracanã e com mais de 200.000 espectadores a assistir debaixo de um sol abrasador, perfilaram-se no centro do relvado o Escrete e a Celeste Olímpica, que apesar de chegar à final, estava muito distante da qualidade apresentada pela equipa campeã de 1930.

Num encontro arbitrado pelo inglês George Reader, o Brasil partiu para cima do adversário, que com grande bravura conseguiu aguentar o 0-0 até ao intervalo.

Mas no segundo tempo, não foi possível aos uruguaios aguentar o ataque canarinho, e o Maracanã explodiu com o golo de Friaça logo no primeiro minuto após o regresso das cabines.

Como o embate bastava ao Brasil para ser campeão, com este golo a copa estava tão perto de ficar em casa…

Mas os Uruguaios arregaçaram as mangas, uniram esforços, começaram a recuperar, e aos vinte minutos num contra ataque magistral finalizado por Schiaffino lograram o empate.

Os brasileiros acusaram o toque, e como que indecisos se haviam de retomar a ofensiva e procurar o segundo golo que garantiria o título, ao ficar atrás a defender o resultado, deixaram-se levar pela pressão…

Contudo nas bancadas a festa continuava, e começavam a estoirar foguetes no exacto momento em que Ghiggia surgiu dentro da área a fazer o segundo golo dos uruguaios.

O Maracanã entrou em colapso. Adeptos desataram num pranto colectivo e nos onze minutos que ainda faltavam jogar o Brasil apaticamente não se conseguiu levantar.

Quando o Árbitro apitou para o final, e enquanto os uruguaios saltavam e se abraçavam no meio do relvado, todo um país chorava a pior das derrotas.

No meio da histeria colectiva o próprio Jules Rimet teve que se deslocar ao meio do relvado para entregar a taça aos uruguaios, enquanto os brasileiros olhavam com lágrimas nos olhos para festa dos convidados.

Ainda hoje os brasileiros juram a pés juntos que houve macumba na final, contam que estava enterrada uma caveira de burro sob a baliza do Brasil. Aquela mesma onde não tinha entrado nenhum golo brasileiro na primeira parte, e onde Schiaffino e Ghiggia tinham marcado os 2 golos da vitória do Uruguai no segundo tempo.

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